Imagem ilustrativa da imagem <strong><span style="font-weight: normal">25%
dos brasileiros se automedicam todo dia ou pelo menos uma vez por semana&nbsp;</span></strong>
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Na correria do dia a dia, surge repentinamente aquele mal-estar. O que fazer? Recorrer a ajuda de um profissional da saúde ou socorrer-se, por conta própria, via a famosa 'farmacinha' que acumula uma vasta gama de medicamentos?

Segundo pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), por meio do Instituto Datafolha, o uso de medicamentos sem prescrição é comum a 77% dos brasileiros que se medicaram nos últimos seis meses. Quase metade (47%) se automedica pelo menos uma vez por mês, e um quarto (25%) o faz todo dia ou pelo menos uma vez por semana.

Quem nunca passou pela situação de relatar alguma indisposição e logo surgir alguém prontamente indicando alguma medicação? “Esse serve para tudo”, “com esse, nunca tive problema” e “melhor tomar do que ficar com dor” são algumas das inúmeras frases ditas por familiares, vizinhos, colegas e amigos no intuito de ajudar.

Apesar da boa iniciativa, ações como essas podem causar complicações ainda mais graves à saúde, principalmente nos dias atuais. Familiares, amigos e vizinhos foram citados como os principais influenciadores na escolha dos medicamentos usados sem prescrição nos últimos seis meses (25%), segundo a pesquisa do CFF.

A automedicação, em teoria, é o uso de medicamentos aprovados para serem utilizados sem acompanhamento médico em quadros leves e autolimitados. Apesar de não exigirem a prescrição médica, o auxílio de outro profissional da saúde é fundamental para o uso adequado desses medicamentos.

Medicamentos prescritos

A pesquisa do CFF aponta ainda uma nova modalidade de automedicação, a partir de medicamentos prescritos. Nesse caso, o paciente passou pelo profissional da saúde, tem um diagnóstico, recebeu uma receita, mas não usa o medicamento conforme orientado, alterando a dosagem receitada. Esse comportamento foi relatado pela maioria dos entrevistados (57%), especialmente homens (60%) e jovens de 16 a 24 anos (69%).

O farmacêutico está presente em todas as farmácias de qualquer natureza, durante todo o horário de funcionamento, pronto para auxiliar os pacientes sobre a melhor decisão na hora de tomar um medicamento.

Sem a orientação do farmacêutico, o cidadão corre o risco de mascarar os sintomas de uma doença que esteja em andamento, não entender riscos de reações adversas e contraindicações, utilizar o medicamento de forma errada e possibilitar a interferência de um medicamento com outro que ele já esteja utilizando”, afirma Jackson Rapkiewicz, gerente técnico-científico do CRF-PR (Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná).

O farmacêutico, dentro de sua possibilidade de atuação, pode indicar medicamentos especialmente aprovados pelo Ministério da Saúde para uso sem supervisão médica, chamados MIP (medicamentos isentos de prescrição). Antes de indicar um medicamento ou qualquer outra medida a um paciente, o profissional deve avaliar os sintomas e estado geral da saúde. “Medicamentos que não necessitam de prescrição possuem baixo potencial de causar reações graves, mas não são isentos de risco”, alerta Rapkiewicz.

Caso verificado que o quadro pode ser grave, o farmacêutico orientará o paciente a procurar outro serviço de saúde. “A população deve entender que sua saúde é complexa e deve ser cuidada por diversos profissionais, cada um em sua área de atuação. Assim, com um serviço multiprofissional, o paciente terá o atendimento adequado e, por consequência, um tratamento mais eficaz para suas patologias”, destaca a presidente do CRF-PR, Mirian Ramos Fiorentin.

O que o uso abusivo pode causar?

A resistência bacteriana será um dos maiores desafios que a ciência vai enfrentar no futuro. As “superbactérias” são organismos vivos que adquiriram resistências aos antibióticos. O uso inadequado dos antibióticos – sem critério em dose, período ou com indicação incorreta – acelera os mecanismos de defesa das bactérias, perdendo a eficiência do medicamento.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 10 milhões de pessoas podem morrer em todo o mundo vítimas de superbactérias ou por falta de terapêutica até 2050. O uso de medicamentos sem acompanhamento de profissional da saúde ou o abandono do tratamento aos primeiros sinais de melhora colaboram para a resistência aos antimicrobianos. A OMS afirma que, se não houver um controle rigoroso da utilização de antibióticos, a população poderá ficar sem defesa contra as bactérias que causam infecções.

Na pesquisa do CFF foram levantados também, os medicamentos mais utilizados pelos brasileiros nos últimos seis meses. Os analgésicos e antitérmicos (50%) encabeçam a lista, seguidos dos antibióticos (42%) e relaxantes musculares (24%). Outra classe de medicamentos que também causam danos à saúde, quando administrados de forma indiscriminada, são os anti-inflamatórios.

Segundo dados da Febrafar (Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias), mais de 200 milhões de anti-inflamatórios foram vendidos no Brasil em 2018. Dados de um estudo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) afirmam que os anti-inflamatórios podem retardar os efeitos benéficos para a cura e causar prejuízo ao fígado.

Campanhas orientativas

No dia 5 de maio é comemorado o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos. Com o tema “Saúde Não é Jogo”, a campanha nacional de conscientização está sendo realizada pelo Conselho Federal de Farmácia e os 27 Conselhos Regionais vinculados ao Sistema CFF/CRFs.

A campanha chama a atenção da população para que não se arrisque praticando a automedicação. A orientação é que ao usar qualquer medicamento, o paciente consulte sempre um farmacêutico. O CRF-PR, através do projeto CRF-PR Júnior, realizará ações em diversas cidades do Paraná oferecendo serviços farmacêuticos como aferição de pressão arterial e verificação de glicemia capital.


Serviço: Mais mais informações no www.crf-pr.org.br.