Dono de um sítio de 60 hectares no distrito de Maravilha, em Londrina, o produtor rural Cláudio Aparecido Alves, 55, trabalha há mais de quatro décadas na roça e conta que vem de um tempo em que não havia preocupação com os riscos decorrentes do uso de agrotóxicos. E a falta de recursos financeiros limitava ainda mais o acesso às tecnologias de segurança. “O jeito como a gente trabalhava deixava muito a desejar. A gente usava trator sem cabine e não usava nenhuma roupa protetora. Fazíamos errado, mas era muito por falta de recursos”, relembra.

Cláudio Aparecido Alves relembra os erros cometidos no passado e fala sobre a preocupação com segurança
Cláudio Aparecido Alves relembra os erros cometidos no passado e fala sobre a preocupação com segurança | Foto: Ricardo Chicarelli

Com a melhoria das condições financeiras e o conhecimento adquirido ao longo do tempo, a forma de Alves lidar com os agrotóxicos na sua propriedade mudou, mas ele reconhece que ainda há falhas no processo de aplicação dos defensivos químicos. Hoje, ele usa um trator com cabine adquirido especificamente para essa finalidade e com recursos tecnológicos que reduzem os riscos a quem opera o maquinário. Mas diz que os EPIs (Equipamento de Proteção Individual) ainda ficam de lado quando a aplicação dos agrotóxicos é feita com o trator. “A gente tenta fazer o certo o máximo possível, mas usar o EPI dentro do trator, no dia a dia, é complicado porque é desconfortável.”

À melhora do poder aquisitivo, que resultou no acesso a maquinários mais modernos, somou-se a ampliação dos conhecimentos, com o auxílio técnico da Emater e os conhecimentos de um dos filhos de Alves, que é estudante de agronomia. Assim, o produtor rural conseguiu reduzir os riscos nas aplicações dos defensivos, mas também reduziu o uso desses produtos nas lavouras de soja, trigo e milho. “Com o monitoramento da lavoura, hoje a gente sempre usa o mínimo possível de agrotóxicos. Tem soja que eu não faço nenhuma aplicação.”

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