Sandra, com Síndrome de Down, trabalha há 6 anos
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sábado, 01 de abril de 2000
Sandra, com Síndrome de
Down, trabalha há 6 anos
Dorico da SilvaEXPERIÊNCIA APROVADASandra Gabriel, escolhida pela McDonalds: trabalho aprovadoPortadora de Síndrome de Down, Sandra Gabriel, 24 anos, é uma prova do potencial de trabalho de muitas pessoas que possuem algum tipo de deficiência mental. Há seis anos ela trabalha na loja do McDonalds do Catuaí Shopping Center.
Suas limitações, inclusive a dificuldade na fala, não são obstáculos para que ela desempenhe suas funções com competência. George Hiraiwa, dos estabelecimento, afirma que a comunicação de Sandra melhorou muito desde que ela começou a trabalhar.
Muito alegre e extrovertida ela não demorou a conquistar os funcionários da loja e, posteriormente, os clientes. Trabalhar na cozinha fazendo lanches é o que Sandra mais gosta de fazer, mas ela também atende os clientes no salão.
Apesar de estar sempre sorrindo, Sandra leva o trabalho muito a sério e com o salário, conforme conta, ajudou a mãe a comprar uma casa nova.
A idéia de empregar portadores de deficiências surgiu depois que George Hiraiwa conheceu um programa semelhante nos Estados Unidos e decidiu fazer algo parecido no Brasil. O primeiro passo foi procurar a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) para conhecer o trabalho e o potencial dos alunos.
Queríamos alguém com maturidade em convivência social, conta. A escolhida foi a Sandra, que durante dois anos trabalhou apenas na cozinha até se adaptar ao ambiente de trabalho e criar um círculo de amizade entre os funcionários. Hiraiwa conta que vencidas estas etapas ela começou a atender os clientes no salão.
Ele lembra que o teste final de Sandra para o atendimento no salão aconteceu por acaso numa ocasião em que ela pegou um bebê do colo da mãe, para que esta colocasse o lanche na mesa. Ficamos com o coração na mão sem saber o que ia acontecer. Mas a naturalidade com que a Sandra fez aquilo e a naturalidade com que a senhora aceitou a sua ajuda mostraram que ela estava pronta para atender os clientes.
Hoje, segundo Hiraiwa, os clientes gostam de ser atendidos por ela, principalmente por ser muito atenciosa. A experiência com Sandra deu tão certo que foi levada para todo o Brasil. Hiraiwa afirma que as empresas só têm a ganhar com este tipo de programa.
A empresa cria uma imagem simpática junto à comunidade e além de participar de seu desenvolvimento, atua ajudando nas dificuldades desta comunidade, explica. Outra vantagem é que melhora muito o ambiente de fraternidade dentro da empresa, mudando até mesmo o comportamento de alguns funcionários, complementa. (Érika Pelegrino)