Todo ano, uma média de 66 mil vistos são expedidos pelos consulados e a Embaixada do Japão para dekasseguis brasileiros. ‘‘Apesar de estar sofrendo uma retração econômica, o Japão ainda atrai os descendentes que vivem no Brasil’’, afirma o vereador Rui Hara (PFL), presidente da Associação de Apoio aos Dekasseguis. No entanto, Hara acrescenta que não há números exatos de quantos dekasseguis voltam ao Brasil, mas a estimativa é que seja uma quantidade equivalente ao número de vistos expedidos.
A estimativa é que atualmente 250 mil brasileiros trabalham no Japão e, destes, 40 mil são paranaenses. A maioria voltou para a terra de seus pais contratada por uma das 250 empreiteiras que agenciam mão-de-obra estrangeira para trabalho pesado.
Para ir ao Japão o dekassegui precisa percorrer alguns caminhos. Em geral, um visto de entrada demora em torno de uma semana para ser expedido. O trâmite é mais rigoroso com os descedentes de terceira geração, que precisam comprovar que existe uma pessoa para recepcioná-los no Japão.
Quando consegue a documentação, os dekasseguis sonham com os salários pagos, que giram em torno de US$ 2 mil a US$ 3 mil. ‘‘Na média, eles conseguem economizar mil dólares por mês’’, diz Hara. No ano passado, os trabalhadores brasileiros no Japão enviaram oficialmente US$ 1,3 bilhão. Hara afirma que extra-oficialmente essa quantia chega a US$ 2 bilhões. Dessa, cifra US$ 400 milhões vem para o Paraná anualmente.
Hara ressalta que nem tudo é positivo para os dekasseguis. Muitos têm problemas de adaptação tanto no Japão quanto no Brasil, quando retornam. ‘‘Há até casos de tentativa de suicídio.’’ Nos últimos anos, os dekasseguis estão ficando mais tempo naquele país. Há dez anos, o tempo de permanência era de no máximo dois anos. Agora já beira cinco anos.
‘‘Com isso, os filhos deles nascem ou mudam-se pequenos ao Japão e depois não se adaptam no retorno ao Brasil. Ou as crianças acabam falando somente japonês, quando os pais não sabem se comunicar bem na língua’’, exemplifica. (I.R.)