Imagem ilustrativa da imagem Fechamento de call center fez Londrina campeã de desemprego



A demissão de 1.100 trabalhadores com o fechamento do call center Liq fez Londrina registrar o pior saldo de empregos no primeiro semestre deste ano entre os 399 municípios do Paraná. Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho, a diferença entre o número de contratações e demissões de janeiro a julho na cidade foi negativa em 1.031. Não fosse o encerramento das atividades da empresa, haveria um saldo positivo de 69 vagas. Londrina saltaria da lanterna para a 98ª colocação no ranking estadual do emprego.

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Mesmo assim, não seria um resultado a comemorar. As principais cidades paranaenses, mesmo com a baixa generalizada da economia em junho, estão com saldos positivos bem maiores no semestre. Curitiba criou 6.489 empregos. São José dos Pinhais e Cascavel, na sequência, geraram 2.031 e 1.860 vagas, respectivamente. E, depois, Maringá (1.837) e Paranaguá (1.194).

O problema da queda de emprego na cidade é generalizado. Houve fechamento de 537 vagas nos serviços, 416 no comércio, 151 na construção civil, 33 na agropecuária, e 3 na indústria da transformação.

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Detalhando mais o Caged, pela Cnae (Classificação Nacional de Atividades Econômicas), além da atividade de teleatendimento, a incorporação de empreendimentos imobiliários foi a que mais ajudou no saldo negativo de Londrina, com 336 empregos fechados no ano.

A análise do Caged também mostra que o setor de educação privada continua bem na cidade. Foram geradas 189 vagas na educação superior, 103 na educação infantil, 77 no ensino fundamental e 43 no ensino médio, um total de 412 novos empregos.

Devido ao fechamento da Liq, os operadores de telemarketing são a categoria que mais perdeu espaço no mercado de trabalho londrinense. A diferença entre contratações e demissões resultou em 955 profissionais a menos no primeiro semestre. Em segundo lugar, estão os vendedores do comércio varejista (-242).

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INSEGURANÇA
Diretor da agência Labor, Silvio Lopes diz que o mercado de trabalho vinha se recuperando desde o segundo semestre do ano passado e nos primeiros meses do ano. "Mas, de março para cá, as empresas pisaram novamente no freio. Acho que tem a ver com a política, ninguém sabe o que vai acontecer (nas eleições de outubro)", afirma.

Ele concorda que a situação em Londrina é pior e afirma que isso se deve ao perfil econômico da cidade. "Temos um parque industrial muito pequeno. As indústrias que temos aqui estão cada vez mais automatizadas, diminuindo mão de obra. E não vieram novas empresas para cá."

A supervisora de Recursos Humanos da Employer, Denise Apolinário, considera que o mercado de trabalho piorou no ano passado em Londrina e até agora não se recuperou. "As vagas existem, mas em menor quantidade." De acordo com ela, as empresas passaram a investir mais em estágiários. "Estão mais enxutas e o crescimento do número de estagiários é nítido."

Para o secretário do Trabalho de Londrina, Elzo Carreri, o fato de a cidade ter foco em serviços e comércio explica uma demora maior para o mercado de trabalho reagir. "São setores que levam mais tempo para se recuperar. A indústria responde mais rápido."

A greve dos caminhoneiros (de 21 a 31 de maio), segundo ele, também prejudicou a economia local fazendo o desemprego aumentar em junho. De fato, o último mês do semestre foi o que apresentou pior saldo: -539. Mas os números vinham negativos desde março (-221). Em abril e maio foram fechadas respectivamente 221 e 186 vagas. Somente em janeiro (172) e fevereiro (152) houve geração de novos postos de trabalho.

TURISMO
Para o economista, professor universitário e colunista da FOLHA, Marcos Rambalducci, além de buscar se industrializar, a cidade deveria apostar mais no turismo. "Nós precisamos de uma boa injeção de dinheiro de fora. O turismo de eventos, de negócios, gastronômico e rural pode trazer esses recursos que precisamos e que vão impactar positivamente nos empregos do comércio e serviços."

Outro tipo de turismo, o de saúde, também é boa alternativa para a cidade, segundo Rambalducci. "Tem muita gente vindo de São Paulo fazer cirurgia plástica aqui. Muita gente vindo fazer consulta de urologia, oncologia", alega.

Ele ressalta também a necessidade de Londrina ter seu centro de convenções para atrair grandes eventos científicos.

CONFIRMAÇÃO
Por meio da assessoria, a Liq confirmou o fechamento da unidade Luigi Amorese, em Londrina. A decisão seria reflexo da "redução dos serviços contratados por um cliente de grande porte". Esse fato teria justificado a "descontinuidade das vagas existentes" na cidade. A assessoria também afirmou que a empresa está cumprindo com todas as suas obrigações trabalhistas.

O call center não informou o número de demitidos. A informação de que são cerca de 1.100 veio do sindicato que representa os trabalhadores, o Sinttel.