A empresa JE Leilões, de Londrina, foi uma das vencedoras do pregão eletrônico realizado pela Senad para contratação dos leiloeiros que irão vender 20 mil imóveis dados em perdimento em favor da União em cinco estados: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais. Foram contratados sete leiloeiros no País, sendo dois no Paraná. O perito leiloeiro da JE Leilões, Jorge Espoladore, considera “boa” a intenção do Ministério da Justiça ao editar a MP (Medida Provisória) 885/19, mas avalia que o governo federal terá de vencer os entraves organizacionais que atrasam a realização dos pregões. “No lote da empresa são 768 veículos apreendidos. Isso quando fizeram o edital. Mas ninguém sabe ainda quando esses veículos estarão liberados para leilão. Só vamos leiloar quando 30 dias depois o comprador puder fazer a transferência do bem.” Espoladore fará todos os leilões no Paraná, exceto nas comarcas de Foz do Iguaçu (Oeste) e Curitiba, que ficarão a cargo de um leiloeiro da capital.

Espoladore foi o responsável pelo leilão dos bens de Marcelo Borelli, um dos assaltantes mais conhecidos do País, morto em 2007. Os imóveis do assaltante não se enquadram nos termos da MP, mas o leilão ocorrido só agora é um exemplo do quanto podem se arrastar esses processos. O assaltante faleceu há mais de 12 anos, a sentença de perdimento dos bens foi dada cinco anos depois da morte e somente no mês passado é que aconteceu o leilão sem que fossem liquidados todos os imóveis.

No último dia 22 de julho, o leilão online reuniu oito imóveis de Borelli, sendo cinco apartamentos, duas unidades comerciais e uma vaga de garagem em um edifício residencial, todos em Londrina. O total dos bens foi avaliado em R$ 1.752.000,00, mas apenas duas unidades foram arrematadas, somando R$ 356 mil. O leilão foi autorizado pelo juiz Luiz Valério dos Santos, da 4ª Vara Criminal de Londrina. Entre os seis imóveis não vendidos, um teve o leilão cancelado porque já havia sido arrematado em outro pregão realizado para saldar uma dívida tributária. Os outros cinco serão

ofertados em um novo leilão, ainda sem data definida.

Borelli ganhou notoriedade em 2000, ao sequestrar um avião da Vasp que havia decolado de Foz do Iguaçu com destino a Curitiba e Rio de Janeiro. O grupo criminoso do qual o assaltante fazia parte desviou a rota do voo VP-280 e fez a aeronave pousar em Porecatu (Norte). No voo estavam 61 passageiros e seis tripulantes. O alvo da ação era o carregamento de R$ 5 milhões despachados pela TGV, empresa de transporte de valores a serviço do Banco do Brasil.

Apontado como o líder do roubo à aeronave, Borelli foi preso em outubro daquele mesmo ano, quando retornava do Paraguai com um carregamento de armas. Ele morreu por complicações decorrentes da aids em 11 de janeiro de 2007, aos 39 anos, no Complexo Médico-Penal do Paraná, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba.(S.S.)