Sid Sauer
Enviado a Goioerê
Um serviço iniciado há dois anos pela Escola do Trabalho de Goioerê (67 km a oeste de Campo Mourão) está garantindo renda a cerca de 400 mulheres do município. A maior parte delas – pelo menos 300 – está fazendo tapetes de crochê para uma indústria de Minas Gerais. A indústria fornece o barbante e paga R$ 1,00 pelo par de tapetes. O restante das mulheres obtém renda costurando roupas para indústrias de Maringá.
‘‘Foi uma idéia simples, mas que deu certo e virou um serviço social’’, diz a diretora da Escola do Trabalho, Neusa Cavalcante de Oliveira. ‘‘Nossas mulheres viraram máquinas de croch꒒. Segunda ela, há casos de pessoas que confeccionam até 20 tapetes por dia, o que garante uma renda diária de R$ 10,00. A diretora se orgulha de ter criado uma alternativa de renda com pouco gasto. ‘‘Empregamos o equivalente a 8 empresas de 50 funcionários’’, ressalta.
A confecção dos tapetes tem garantido uma ‘‘folha de pagamento’’ mensal de cerca de R$ 11 mil. ‘‘Pode não ser muito, mas é um dinheiro que fica em Goioer꒒, frisa Neusa. ‘‘Além disso, se uma empresa do setor quiser se instalar na cidade, temos mão-de-obra qualificada’’, ressalta. O trabalho foi levado também às presas da cadeia do município.
O trabalho das costureiras rende entre R$ 0,25 e R$ 1,00 por peça, que já chegam à cidade cortadas, faltando apenas a costura. Em média, as costureiras garantem uma renda mensal de R$ 250,00. Regina Cedres da Silva Carvalho, 30 anos, por exemplo, ajudava o marido numa carvoaria até descobrir o crochê. Depois ela aprendeu a costurar na Escola do Trabalho e hoje obtém uma renda mensal de até R$ 300,00.
‘‘Não pretendo parar nunca mais’’, afirma. Regina lembra que o trabalho com o marido era ‘‘muito mais’’ pesado e rendia menos. Graças ao trabalho de crochê e costura, ela conseguiu comprar uma máquina de lavar roupa e uma máquina de costura. Além disso, construiu o piso e pintou a casa onde mora. ‘‘O próximo sonho é comprar uma máquina de costura industrial’’, revela. Enquanto não tem essa máquina, ela trabalha com equipamentos cedidos pela prefeitura.
A diretora da Escola do Trabalho diz que o crochê e a costura também estão funcionando como remédio para muitas pessoas. ‘‘Teve gente que já saiu até da depressão depois que começou a trabalhar’’, conta. Nos próximos dias, o trabalho de costura será estentido à Associação de Moradores do Jardim Universitário. Com recursos da Caixa Econômica e ajuda da prefeitura, a associação adquiriu 10 máquinas de costura e vai iniciar o trabalho de facção.Pelo menos 400 mulheres do município estão fazendo tapetes de crochê para uma indústria mineira; ganho médio é de R$ 250,00
Marcos NegriniMarcos NegriniPRODUÇÃONeusa Cavalcante de Oliveira, diretora da Escola do Trabalho, mostra tapete feito pelas crocheteiras; ao lado, Regina Cedres da Silva Carvalho na máquina de costura cedida pela Escola do Trabalho