Chá da ‘‘árvore divina’’, como os índios denominavam o ipê-roxo, é recomendado por cientista para casos de leucemia, diabetes, câncer, úlcera e reumatismo
É possível que há muitos séculos os índios já tivessem conhecimento da ‘‘árvore divina’’. Era assim que eles denominavam o ipê-roxo. Pesquisadores acreditam que a árvore tem muito mais a oferecer do que apenas uma madeira forte e resistente. Foi da medicina natural que originou o nome botânico do ipê: Tabebuia avellanedae ou Tabebuia impetiginosa. Isso porque, antigamente, as pessoas costumavam usar o chá de sua casca para tratar da doença do impetigo, uma inflamação da pele da rosto acompanhada de supuração.
No Brasil, o potencial benéfico do ipê-roxo despertou o interesse de profissionais como o cientista e professor Walter Accorsi, também médico e farmacêutico, da Universidade de São Paulo (USP). Durante muitos anos, a partir da década de 60, o professor estudou a casca de lapacho, parte interna da árvore, que é descascada e raspada até duas vezes por ano.
De imediato, ele detectou duas qualidades terapêuticas: o chá fazia desaparecer a dor e também ajudava na multiplicação de glóbulos vermelhos (responsáveis por levar oxigênio às células do corpo humano). Ou seja, trabalho de extrema relevância em processos de recuperação e regeneração e na manutenção da vitalidade do homem. Durante muito tempo, pacientes do Hospital Municipal de Santo André (SP) foram tratados por Accorsi com o chá. O médico costumava recomendá-lo para casos de leucemia, diabetes, câncer, úlcera e reumatismo.
Neste mesmo período, o botânico Theodoro Meyer, da Universidade de Tucuman, da Argentina, conseguiu isolar importantes componentes do ipê-roxo, como a quinona, cujo efeito germicida pôde ser comprovado. A quinona possui uma estrutura semelhante a da vitamina K6, que detém efeito adstringente que auxilia o metabolismo do fígado na produção de protombina e de outras substâncias que participam da coagulação sanguínea. E, segundo o que os especialistas puderam constatar, a quinona também participa da cadeia respiratória do sistema celular. O que resulta na melhoria do nível energético com o fornecimento de oxigênio às células.
Estas propriedades da quinona, presentes no ipê-roxo, ajudam a explicar seu poder antiinflamatório e na dissolução de tumores. É que estes dois problemas aparecem relacionados a uma diminuição no fornecimento de oxigênio aos tecidos. Assim, o ipê-roxo ajuda a normalizar a composição sanguínea.