Bob vivia em um bairro da região sul de Londrina, Spok no jardim Antares, na região Leste, Simba no jardim Marabá, Scoob, no Santa Mônica, região norte. Além de serem cachorros bem cuidados e muito amados por seus cuidadores, agora tem em comum o fato de terem desaparecido recentemente por conta de fogos de artifício lançados em 25 de dezembro, noite de Natal. Pelas redes sociais, dezenas de apelos se somam dando as características do animal, horário do acontecido e o contato de familiares.

Marmota: os fogos são um terror para o animal que continua desaparecido
Marmota: os fogos são um terror para o animal que continua desaparecido | Foto: Reprodução/ Facebook

O professor Marcelo Rosa, 47 anos, está à procura de Marmota, cachorro que é de um casal de amigos. Marta e Gedley estão inconformados e como a viagem programada já estava paga, embarcaram. "Mas não estão nem aproveitando. Passamos horas no telefone disparando pedidos e multiplicando as esperanças de ter de volta o Marmotinha em casa", explica. O macho é um animal da raça lhasa e, segundo Rosa, saiu de casa dias antes do Natal. "Mas o barulho dos fogos pode ter contribuído para correr para mais longe", lamenta. O professor considera que as explosões são extramente agressivas e no caso dos cachorros, que possuem a audição reconhecidamente mais apurada, isso piora. "A queima de fogos é algo monstruoso, não faz sentido comemorar qualquer que seja o motivo explodindo os ouvidos de cachorros, idosos ou pessoas especiais, que sabemos que também sofrem com isso. Eu simplesmente não consigo entender o que leva uma pessoa a comprar rojões ou fogos, isso é desumano, não contribui para nada e sem contar os riscos e acidentes de quem os manipula", argumenta. "Trabalhei em hospital seis anos e sei como a reação de quem está acamado e é surpreendido pelas explosões", acrescenta.

Alice sumiu na noite de Natal e, para desespero da dona, ainda não voltou
Alice sumiu na noite de Natal e, para desespero da dona, ainda não voltou | Foto: Reprodução/ Facebook

A aposentada Mecilda dos Anjos, 60 anos, mal consegue falar sobre o desaparecimento de Alice, 2 anos, na noite de 25 de dezembro. "Ela estava dormindo comigo, de repente, não a vi mais e depois de procurar por toda a casa, percebi que não estava mais lá dentro. A aposentada é moradora do conjunto Chefe Newton, na região norte de Londrina e explica que momentos antes começou um foguetório e os três cachorros ficaram agitados. "Eles tremiam sem parar, achei que Alice estivesse debaixo da cama, mas não a encontrei." Ainda com expectativas de rever a cachorrinha, por meio de amigos a família se divide para procurar nas ruas e nas redes sociais. "Já rodaram tudo. Eu não consigo parar de pensar nela, se está com fome, se corre perigo e fico muito indignada com as atitudes das pessoas que ainda têm esse hábito, pois não imaginam quanto sofrimento provocam. Estou revoltada e aqui em casa percebo que até para os passarinhos, os fogos e rojões fazem mal", desabafa.

Lola foi encontrada depois de sair de casa muita agitada com as explosões
Lola foi encontrada depois de sair de casa muita agitada com as explosões | Foto: Reprodução/ Facebook

No meio de toda essa confusão, a atendente Graziela Martins, 32 anos, tem o que comemorar. Após o susto por conta do sumiço de Lola, mascote da família, a cachorro foi devolvida. "Colocamos cartazes no mercado e por todo o bairro. Foram quatro dias de angústia e, embora ela não tenha saído exatamente na hora dos fogos, sei o quanto isso a perturba. Ela se esconde atrás do sofá, fica desesperada e com o coração a mil." Moradora do jardim Continental, a casa de de Martins fica nas proximidades da avenida das Torres, na região norte. Ela diz que, se pudesse, baniria esse tipo de prática para o bem de todos. Lola tem 10 meses, é uma mistura de shih-tzu com maltês, dócil e que vive dentro de casa. "Foi uma alegria muito grande ter ela de volta, estava com uma família muito boa que viu nosso desespero e a entregou. Mas infelizmente, alguns se aproveitam ainda da situação e viram caçadores de recompensa", aponta. "Isso também tem que acabar. Achou, devolve e pronto", pensa.

População pode denunciar

Em Londrina, só é permitida a queima de fogos de artifícios de diversas cores, sendo proibido o barulho forte ou estampido devido à explosão. De acordo com o Decreto Municipal nº 1.642, que regulamenta o artigo 234 do Código de Posturas do Município de Londrina e trata sobre a queima de fogos de artifícios, aqueles que descumprirem o exposto na norma poderão ser multados no valor de R$ 500,00 inicialmente. As denúncias de uso dos fogos de artifício com efeitos sonoros poderão ser feitas na Gerência de Fiscalização da SEMA pelo (43) 99994-1721, incluindo o whatsapp, ou de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h, no telefone (43) 3372-4770 e ainda na Guarda Municipal de Londrina (GM) pelo número 153. O objetivo desta legislação e fiscalização no município é prevenir os riscos à saúde e à integridade física de pessoas e animais. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), sons com mais de 55 decibéis podem estressar e prejudicar a saúde, assim como aqueles acima de 85 decibéis são suficientes para causar a perda da audição. Apesar de todos os alertas, antes das festas, ainda tem quem se esqueça de tudo isso.

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. | Foto: Luliia Kanivets/ iStock