Jáder Libório de Ávila é filho de José Libório de Ávila, que nasceu em 7 de agosto de 1900. A família dele chegou a Londrina em 1944 e seu José trabalhou por 16 anos como charreteiro. O ponto de charrete dele ficava na praça Gabriel Martins, no centro. “Ele acordava cedo, por volta das 6h30. Fazia o café, arreava o cavalo e ia para o ponto. Às vezes eu levava o cavalo para trocar. Fazia revezamento de animais. Já tivemos até três cavalos, porque quando chovia, os animais sofriam e a gente tinha que trocar”, lembra.

“Era o táxi da época. Era um meio de transporte mesmo. A charrete tinha duas rodas e pneus de borracha. Tinha capota e assento com capacidade para duas pessoas. Só depois vieram os carros. Mas para andar no barro, as pessoas optavam pela charrete. Isso exigia mais do animal”, diz. A cidade só possuía calçamento por paralelepípedos e o trecho pavimentado era apenas na avenida Paraná, entre a rua Hugo Cabral e o Cine Ouro Verde. Quando trocava de cavalo, era lá que Jáder levava o Pinhãozinho, o animal mais querido por ele. “Eu era pequeno e levava o cavalo para a rua Minas Gerais, no contorno da praça do Cine Ouro Verde (Willie Davids) e o calçamento era de paralelepípedo. Puxava a rédea e ele saía desfilando”, relembra.

Jáder, que tinha 8 anos em 1944, levava milho e alfafa para que os cavalos se alimentassem no ponto. Questionado sobre a fama de que o meio de transporte era usado por prostitutas, ele conta que pessoas de negócios, corretores e mulheres da sociedade londrinense eram usuários da charrete.

“Às vezes meu pai ‘puxava’ prostitutas que ficavam em estabelecimentos nas proximidades do Estádio Vitorino Gonçalves Dias. Elas queriam vir para o centro e chamavam o charreteiro. Meu pai tinha grande freguesia entre esse público e isso não o incomodava. Ele sempre foi muito tranquilo.”

Em uma época em que não existia telefone celular nem Samu ou Siate, em uma emergência as pessoas recorriam aos vizinhos para chamar as charretes. “Naquela época só tinha a Santa Casa, e como só cabiam duas pessoas, muitas vezes, para transportar alguém doente, elas precisavam ir apertadas se alguém tivesse que deitar”, conta.