Imagem ilustrativa da imagem A cada três horas, uma pessoa morre por Covid-19 em Londrina
| Foto: Celso Felizardo

Batendo recordes de óbitos nos últimos dias, Londrina passa pela pior fase da infecção pelo novo coronavírus desde o início da pandemia. O mês de março ainda não acabou, mas já registra 142 mortes em decorrência da doença. O número supera o mês de fevereiro inteiro, que chegou a 125 óbitos, e bateu o recorde de janeiro, quando atingiu o pico de 136 mortes no mês.

Os dados foram levantados com base nos boletins diários da Secretaria Municipal de Saúde, que demonstra uma média de 7,8 óbitos por dia no mês de março, o que equivale a uma morte por Covid-19 a cada três horas em Londrina.

Mas nem todo o mês foi assim, a média dos primeiros quatro dias (de 1 a 4 de março) era de quatro mortes por dia. Os números avançaram com rapidez, quando analisado quatro dias da última semana (de 15 a 18 de março), a média subiu para 9,5 óbitos registrados ao dia, reduzindo para 2h30 o intervalo entre os óbitos.

Caso a média de mortes mensal se mantenha, março deve finalizar com número aproximado de 245 óbitos, 80% acima do recorde em janeiro e quase o dobro de mortes registradas no mês anterior. A maior parte das vítimas de março (70%) está acima dos 60 anos, entre todos as pessoas que morreram, 20% não tinham comorbidades.

PARANÁ

Os números municipais acompanham o estadual. Os óbitos do Paraná no mês de março já superaram fevereiro inteiro em 65%. Até o dia 18 de março, foram 2.697 mortes no Estado, enquanto no mês anterior foram registrados 1.628 óbitos. O recorde de mortes mensais foi em janeiro, com 2.041 vítimas da Covid-19.

O índice equivale a 149,8 vítimas da Covid-19 por dia, ou seja, seis pessoas morrem por hora no Paraná em decorrência da doença. Se os números continuarem como estão, o Paraná deve finalizar o mês com mais de 4.600 mortes, número 25% maior que a soma dos dois últimos meses juntos.

Segundo o último boletim divulgado pela Sesa (Secretaria de Estado da Educação), o Paraná tem 14.546 óbitos e 784.560 casos confirmados desde o início da pandemia.

CAUTELA

Questionada sobre a perspectiva de queda de casos e mortes no Estado, a diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa, Maria Goretti David Lopes, preferiu ser cautelosa. "Todas as nossas equipes, principalmente das áreas da epidemiologia, já têm muito tempo de atuação profissional, então a gente sabe que quando aparece uma nova doença ela vem, contamina, cresce o número de casos, estabiliza e desce. Essa é totalmente diferente, todas as projeções que foram feitas foram equivocadas", relata. "Nós nunca imaginávamos que um ano depois estaríamos pior do que o começo da pandemia e com esse número terrível de vidas perdidas, um número que nos deixa muito… não tem nem adjetivo para isso. Nos deixa tristes, parece que não fizemos nada."

Para ela, esse aumento exagerado de óbitos pode ter relação com as novas variantes. "E não é uma, não são duas, são muitas, que sabíamos que existiam. Qualquer vírus tem essa capacidade de estabelecer mutações para justamente permanecer no hospedeiro, e ele tem feito isso e tem conseguido se manter entre nós humanos dessa forma agressiva como nós estamos percebendo. Então o melhor é cautela, não fazer projeção nenhuma nesse momento e continuar com as medidas restritivas."

Justamente por causa das novas variantes, Lopes afirma que a Sesa vai continuar fazendo o rastreio de idosos em instituições de longa permanência e de trabalhadores da saúde, dos primeiros grupos prioritários, que já receberam a segunda dose da vacina.

Mas as novas variantes não são as únicas culpadas pelo aumento da transmissão e das mortes, salienta Lopes. "O vírus tem uma nova forma de atingir as vias respiratórias, de comprometer a saúde das pessoas, mas ele é um vírus, que se transmite da mesma maneira que o original. Então é só mantendo o isolamento social, não tem outra medida. Isso a gente aprendeu, as pessoas devem se convencer que elas é que são necessárias para a gente poder resolver o problema."

Nesta sexta-feira (19), a expectativa era que o Ministério da Saúde recebesse o primeiro milhão de doses da AstraZeneca, e quatro milhões do Instituto Butantan, e que em seguida cerca de 5% do total (250 mil) fossem enviados para o Paraná. Com a produção nacional, há um consenso de que não será mais necessário reservar a segunda dose, afirma Lopes. "Esperamos com isso avançar bastante na vacinação dos idosos, que são prioridade, e torcer para que não tenha nenhuma intercorrência no processo de produção nacional. E só depois de vacinar uma grande parcela da população é que a gente pode avaliar o que vai estar acontecendo nas nossas curvas e na transmissão do vírus no Paraná." (Colaborou Mie Francine Chiba/Reportagem Local)

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