Cidade da memória

A Colônia Internacional dos primeiros anos se abrasileirou profundamente e as misturas de DNA criaram algo totalmente novo. Esta história que a cidade nos conta nas ruas, praças, prédios e museus interessa ao país como exemplo de convivência, pluralidade e ousadia.

1 - Defender a preservação das casas de madeira

Uma cidade que surge numa floresta com abundância de madeira-de-lei estava fadada a ignorar o cimento e o concreto para se abrigar. Então, as pequenas, médias e grandes acomodações dos primeiros tempos eram feitas, sobretudo, por tábuas de peroba-rosa, formando um sotaque arquitetônico tão característico quanto o solo vermelho. Os bairros mais antigos ainda preservam milhares de exemplares destas construções, preciosidades que exigem afeto por esta terra para permanecerem na paisagem.

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| Foto: Roberto Custodio

2 - Andar sobre as pedras portuguesas do Calçadão

A mistura de fragmentos brancos e pretos formando elos chegou a cobrir cinco quarteirões da rainha das vias da cidade, a Avenida Paraná. É protagonista na segunda metade da história de independência política de Londrina. A primeira via exclusiva de pedestre do interior do Brasil, idealizada por Jaime Lerner e cenário de tanta coisa da vida pública e da vida particular de cada morador ou visitante, é emoção a cada passo.

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| Foto: vbacarin/iStock

3 - Descobrir segredos na visita ao Museu Histórico

Não subestime a experiência de percorrer o acervo do Museu Histórico, que ocupa a antiga estação ferroviária, construção imponente que guarda as razões e as emoções da cidade. A beleza mora nos detalhes e por mais que você saiba as linhas gerais da história, alguma coisa vai ser surpreendente e arrebatadora a ponto de você assinar qualquer abaixo-assinado para que este lugar se torne subitamente eterno.

4 - Se perder no requinte dos corredores do Autolon

A Londrina moderna que surgiu com a genialidade dos traços de Vilanova Artigas inaugurou o ciclo de suspiros por Londrina. O entorno de cafezais carregados havia se convertido numa cidade de vanguarda e ambiciosa. O belo caixotão envidraçado de planta livre sustentado por pilotis e se projetando sobre a calçada jogou o sarrafo bem alto para as futuras construções no coração da cidade. Mas é caminhando nos seus corredores discretamente classudos e bem iluminados é que se dá a magia própria de viajar pelo tempo.

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| Foto: Anderson Coelho/iStock

5 - Perdoar a imprecisão dos ponteiros do Relojão

Ponteiros de quatro metros de comprimento se movimentando em mais de 42 metros quadrados de área. É o Relojão que se equilibra na cabeça do Edifício América, construção de 17 andares que foi o epicentro da comercialização do café nos anos dourados. Ex-ponto culminante da área urbana, o mais querido dos marcadores do tempo, às vezes falha, seus impulsos elétricos se perdem, o mecanismo para e pede ajuda. É tudo do jogo da vida, uma metáfora das oscilações de funcionalidade que Londrina experimentou nestes últimos 64 anos.

6 - Calcular a idade do letreiro do prédio dos Correios

O art déco certeiro da fachada tem letreiros em concreto que congelam o bom gosto de 1949. Era uma janela para o mundo naquele pós-guerra feito de projetos e otimismo. Dali, com mal traçadas linhas, envelopes e selos, a cidade dos forasteiros dava notícias para o resto do Brasil. A palavra “telegrafos” sem acento é licença poética, até porque muitos negócios fechados foram informados por telegramas que também tinham sua gramática singular.

7 - Lembrar que a piscina do chafariz da Rocha Pombo era tomada por carpas

Um Brasil tomado por crianças, uma cidade que não parava de crescer, com famílias inteiras chegando para ganhar dinheiro e ser feliz. A praça em frente à rodoviária já era um bom cartão de visitas para quem chegava na Capital Mundial do Café e os peixes coloridos do chafariz anunciavam que a vida ia, sim, melhorar. Depois que a euforia passou, a Rocha Pombo virou um ponto de encontros de adultos, por vezes nada amadores.

8 - Jamais duvidar do eterno equilíbrio da estátua de Mercúrio

A ACIL teve um prédio marcante no mesmo lugar onde hoje está o Palácio do Comércio, erguido em meados dos anos 1970. O edifício original, de 1942, era conhecido nas décadas seguintes pela estátua de Mercúrio (o Deus do Comércio) no seu topo. Obra em bronze sobre base de granito de um artista desconhecido de São Paulo, com altura de mais de 2,80, com um dos braços apontando para cima. Está hoje no jardim térreo do prédio novo. Mas se tiver curiosidade, pesquise sobre sua vida, muito ativa para uma estátua.

9 - Confessar que já lavou o carro na barragem do Igapó

Nada mais anos 1980 em Londrina do que aproveitar a água que extravasava da barragem do Igapó para dar um trato no possante. Os experientes estão aí para confessar como passavam horas inusitadas vividas num Igapó sem vista, mas providencialmente refrescante no calor típico das tardes do Norte do Paraná. Um dos símbolos da abundância dos recursos hídricos de uma cidade que pouco conhece da sua sofisticada teia de cursos d'água.

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| Foto: Roberto Custodio

10 - Explicar como uma delegacia se tornou um memorial da saga cafeeira

Desde 2023, quem passa pela movimentada Leste-Oeste, principalmente à noite, pode apreciar o charme de um letreiro em aço ferrugem. Sob a palavra Sesc, a luz ilumina a inscrição Museu do Café. Na ala que se comunica com os últimos metros da Rua Sergipe do velho edifício - antes destinado à burocracia da segurança pública, há um trampolim imaginário que projeta o visitante para um universo temático, um convite às descobertas desta relação tão especial da cidade com o arbusto africano de frutos vermelhos.

11 - Não se importar com a arquibancada raiz do VGD

A visão não é das melhores, o assento não é confortável, a mobilidade externa é limitada pelas ruas estreitas da Vila Casoni. Mas há uma inexplicável magia na praça esportiva cercada pelas ruas Jorge Casoni, Acre e Amazonas. É como se jogadores e torcida dividissem as alegrias e as dores do jogo, sentindo a respiração uns dos outros. O Londrina Esporte Clube é quase tudo nesta história. Mas ainda existem duas lendas que sacralizaram este místico hectare. Foi ali, na euforia da época de ouro da cidade, que Pelé e Garrincha arregalaram os olhos do povo e fizeram os pés-vermelhos se orgulhar ainda mais de serem brasileiros.

12 - Lembrar das formaturas do Moringão

“Moringa Fresca” era o apelido do prefeito Dalton Paranaguá, sempre impassível diante das saraivadas da oposição. Inaugurado em 1972, o ginásio de esportes foi logo apelidado carinhosamente em referência ao homem que assinou os cheques da construção. O esporte de alto nível de Londrina nunca mais foi o mesmo. Futsal, basquete, vôlei, handebol, grandes shows, lutas de boxe. Uma história de momentos memoráveis. Mas para muita gente, a lembrança mais bem guardada deste grande círculo de concreto é a noite de entrega de um diploma, o famoso canudo que causa aquela sensação maiúscula de dever cumprido.

13 - Reunir três gerações num passeio na Exposição

O pai, o filho, o neto. A mãe, a filha, a neta. O Parque Ney Braga faz parte do álbum de fotografia de muitas famílias. O maior evento da cidade sempre foi uma ocasião muito propícia para reforçar os laços familiares, com um dia inteiro para se divertir, aprender, saciar sede, fome, lacrimejar com o artista favorito. E sonhar. Com um rebanho impecável no pasto, com uma colheitadeira de última geração, com aquele trator que nunca quebra, com uma linda plantação sem pragas, com a safra recorde…

Cidade da fé

Quem participa de uma construção heroica e magnífica com ceticismo? Londrina acelerou a velocidade das suas transformações porque sempre soube em qual direção seguir. Acreditou na redenção nos momentos mais difíceis e sempre se sentiu abençoada quando a prosperidade triunfou.

14 - Observar os vitrais da Catedral

A conexão com o sagrado fica mais forte com a claridade mística que penetra na Catedral através do belo vitral da entrada da Catedral. São 250 metros de cores e formas que celebram o padroeiro do município: o Sagrado Coração de Jesus.

15 - Mostrar os relevos florais da Igreja Anglicana

O pequeno templo da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, edificação inaugurada em 1953 e localizada na esquina da Rua Mossoró com a Avenida JK e que homenageia São Lucas, o padroeiro dos médicos, fica praticamente escondido no terreno que mais parece um pequeno bosque de tão arborizado. Mas um olhar mais atento é capaz de perceber detalhes arquitetônicos como o relevo floral na alvenaria, replicado no vitral da parede de fundo.

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| Foto: Saulo Ohara/Arquivo Folha

16 - Esclarecer que aquela torre bonita é o minarete de uma mesquita

Na Vila Siam, a Mesquita Rei Faiçal, um prédio de pouco mais de 50 anos, avisa que a fé muçulmana tem espaço na cidade. As formas árabes da torre são mais uma referência aos povos do Oriente Médio que formaram uma das maiores correntes migratórias para o Norte do Paraná quando a região vivia seu pico de desenvolvimento na era do café.

17 - Explicar os encaixes de madeira do templo budista

Na Rua Porto Alegre, entre a Avenida Leste Oeste e a Rua Quintino Bocaiúva, o templo Honpa Hongwanji, inaugurado em 1950, mostra o resultado do trabalho do mestre carpinteiro Yaemori, que usou a técnica de encaixe de madeira que dispensa o uso dos pregos. Na sua grande varanda e no pátio frontal, a comunidade japonesa realiza seus festejos.

18 - Exaltar a simplicidade original da capela do Heimtal

A capela São Miguel Arcanjo é um marco do fim da cidade para quem está indo no sentido norte. Sua simplicidade é marcante e causa curiosidade. A primeira versão foi feita em madeira, no ano de 1937. Na década seguinte, a segunda versão em tijolo e barro. Em 1955, chegou à forma definitiva, em alvenaria. Em 1997, foi restaurada e o trabalho despertou a comunidade para a importância do patrimônio histórico.

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| Foto: Roberto Custodio

19 - Interromper a caminhada para ler os versículos eternizados no Monumento à Bíblia

Perto do fim da Souza Naves, já próximo dos jardins da margem do Igapó, um monumento ao ecumenismo cristão, de 10 metros de altura revestido de mármore guarda algumas palavras dos evangelistas Lucas, Mateus, Marcos e João. Nunca viu? Está nos extremos das vigas.

20 - Levar cadeira para assistir a encenação da Paixão de Cristo no Buracão

O calvário, crucificação e ressurreição de Jesus é uma das histórias mais conhecidas da humanidade. Não tem problema. Todos os anos uma multidão toma conta do Centro Social da Vila Portuguesa, na área central, para ver a encenação feita por artistas amadores do Grupo Teatro da Paz.

21 - Fazer uma oração no cemitério agradecendo por ter vivido bons momentos com aquela amiga que já está em outro plano

Um local silencioso cercado pelos prédios do centro e de onde se vê o paredão da Gleba Palhano no horizonte, onde é possível cortar caminho à pé entre a Rua Alagoas e a Avenida JK vindo pela Avenida São Paulo, o Cemitério São Pedro tem uma coleção de túmulos que são verdadeiras obras de arte.

22 - Admirar a capacidade de convivência harmônica dos seus grandes pastores, grandes padres e grandes mães-de-santo

Em muitas ocasiões, Londrina assistiu a encontros de líderes religiosos que trocam palavras e afetos aos olhos da plateia, produzindo cenas comoventes. Quantos fiéis se inspiraram positivamente ao perceber que seus líderes de fato praticam a tolerância e o convívio das diferenças?

23 - Se curvar ao poder divino na grandeza dos seus santuários

São admiráveis as celebrações nos três santuários mais importantes de Londrina. Na Vila Nova, o Santuário de Nossa Senhora Aparecida, que ganhou o status em 1996 - 56 anos depois da construção de uma pequena igreja no local, é ponto de peregrinação dos paranaenses todo dia 12 de outubro. O Santuário de Schoenstatt, na Rua Goiás, na quadra onde está o Colégio Mãe de Deus, é um local de adoração à Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável desde 1950, quando a linda capela foi inaugurada. Já o Santuário Eucarístico, na Avenida Madre Leônia Milito, é o mais recente, de 1998, é local de adoração a Jesus Eucaristia.

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| Foto: Anderson Coelho/iStock

24 - Se deparar que o traçado das ruas forma uma elipse que envolve a catedral

A fé é elemento tão central na vida londrinense que o desenho ortogonal das ruas e avenidas feito pelo russo Alexandre Razgulaeff para a cidade mais importante da área de colonização da Companhia de Terras, colocava a igreja católica matriz no centro de uma elipse que denotava seu protagonismo. Então experimente fazer uma caminhada: comece na Praça Primeiro de Maio, ali nas imediações dos tótens dos pioneiros em frente ao prédio da Secretaria de Cultura, vá em direção ao bosque, após cruzá-lo caminhe em curva até a esquina com a Alameda Miguel Blasi, atravesse as pistas, e prossiga em curva já na Praça Gabriel Martins, caminhe pelo Calçadão, e na Praça Willie Davis, comece a fazer a terceira curva, atravesse a Alameda Manoel Ribas, e conclua a elipse margeando a Concha Acústica. É um passeio mais londrinense que existe, sinuoso e planejado.

Cidade da diversão

Inquieta e curiosa, Londrina sempre se recusou a escrever sua história somente com o suor do trabalho. Sim, a paisagem mostra que a obra foi enorme e pesada para ficar pronta em 90 anos, mas nunca faltou tempo para apertos de mãos, abraços, beijos protocolares ou quentes, para conversas leves e intermináveis, para a emoção da arte, para a euforia da vitória no jogo, para a mesa farta, para o copo cheio, para os aplausos empolgados e para os momentos relaxantes. Londrina sabe viver!

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| Foto: Daniel Almeida/iStock

25 - Entender como é o movimento das águas com os vertedouros da usina e a cachoeira do parque

Pulmão da parte leste da cidade, o Parque Municipal Arthur Thomas, área nativa doada ao município pela Companhia de Terras Norte do Paraná, é um refúgio com mais de 60 hectares de vegetação. Para muitos frequentadores desde sua inauguração em 1987, os melhores pontos de contemplação são onde as águas se tornam imagens verticais. A conhecida Cachoeira do Beija-Flor, com 25 metros de altura, e o vertedouro da Usina Cambé, geradora pioneira que forneceu energia para a população por 28 anos e hoje funciona somente como cenário para belas fotos.

26 - Passear com o cachorro na Praça Pé-Vermelho

Desde 2010, a praça construída por uma construtora da cidade no meio da “selva de pedra” da Gleba Palhano é o lugar de desafogo, de bate papo com os vizinhos e dos inevitáveis encontros caninos, dos mais harmoniosos aos mais beligerantes. Pequena e aconchegante, a Pé Vermelho foi ganhando valor afetivo para quem gosta de escapar da reclusão dos apartamentos sem precisar enfrentar a agitação da margem do Igapó 2.

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| Foto: Nelson_A_Ishikawa/iStock

27 - Dizer que o Salto do Apucaraninha não está em Tamarana

No sul do município, no limite com Tamarana, o ex-distrito que conseguiu sua independência em 1995, a paisagem se torna monumental, com grandes vales e vegetação exuberante. O povo kaingang ocupa as redondezas do Salto Apucaraninha, equivalente a altura de um prédio de 40 andares. É a joia turística que Londrina divide com a filha que se emancipou, mas se alguém no mirante acanhado disser que não viu Tamarana até chegar ali, só é possível concordar.

28 - Conversar com os quatis na Cachoeira do Tatu

Na nova fronteira imobiliária, onde se multiplicam os condomínios fechados, na mesma área de mata que fica o Jardim Botânico, uma queda de 10 metros faz sucesso nos fins de semana mais quentes da zona sul. Apesar do nome, o ambiente selvagem que exige uma certa destreza para ser apreciado tem como mascote os quatis, que muitas vezes aparecem em grupo provocando aquela vontade de se comunicar típico do turista.

29 - Cansar nas caminhadas no entorno do Lago Norte

O fundo de vale do Ribeirão Lindoia foi urbanizado com a finalidade de ser uma área de lazer duas décadas atrás. Nunca foi lá um exemplo de cuidado do poder público, mas ajudou muita gente a queimar calorias caminhando no seu entorno e foi onde muita criança da zona norte viu pela primeira vez uma capivara.

30 - Soltar um “uau” nas manobras de skate no Vale do Ruby e nas praças da Juventude

O skate chegou no fim dos anos 1970 e sua cultura foi se infiltrando nas entranhas de Londrina. Em busca da manobra perfeita, surgiram amizades para a vida inteira e almas libertárias uniram forças para enfrentar estigmas ou apenas compartilhar as novidades da cultura pop. Para os mais antigos, o half pipe do Vale do Rubi, na zona oeste, é a maior referência desta história, e as pistas novas das Praças da Juventude testemunham a massificação da modalidade.

31 - Ofegar nos cumprimentos durante as corridas do Zerão

Na extensão de um quilômetro exato, a pista do Zerão facilita o cálculo para quem está lutando contra o cansaço seja na caminhada, no trote ou na corrida. Mas o hábito de frequentá-la regularmente é de muita gente e, nos horários de pico, é bem possível que você queira parecer menos ofegante ao cumprimentar um conhecido só para parecer que está em ótima forma.

32 - Convidar os parças para os arrancadões do autódromo

O esporte a motor sempre foi uma paixão dos londrinenses e as multidões que vão acompanhar as provas de Stock Car e da Fórmula Truck tornam a questão indiscutível. Mas os eventos do dia a dia da rapaziada é que simbolizam melhor todo este amor, com os arrancadões de carros e os rachas de moto - realizados com regras de segurança - dando o que falar durante a semana.

33 - Explicar que os xingamentos no Estádio do Café são terapêuticos

A torcida do Tubarão sabe gritar, apoiar e conduzir o time nos momentos mais difíceis. Sabe explodir nas grandes conquistas, como mostram aos mais jovens todos os vídeos históricos do Youtube. Mas sempre deixa escapar os traços indeléveis da alma londrinense, o espírito crítico, a rebeldia e o temperamento irascível. E então são formadas avalanches de palavrões gritados à plenos pulmões porque o estádio é grande e o juiz, o treinador, o atacante sem pontaria e o zagueiro desajeitado estão bem longe da arquibancada.

34 - Madrugar para os rolês de bike na zona rural

Já percebeu como tem gente postando foto com bicicleta no feed do seu Instagram? E como tem foto de zona rural no fim de semana circulando por aí? Cada vez mais, cansados da vida urbana massacrante, londrinenses de todas as gerações redescobrem as antigas trilhas e pedalam horas e horas onde antes os cafezais reinavam. E eles acordam mais cedo do que você pode imaginar.

35 - Topar uma pedalada noturna pela cidade

Cada vez maiores, os grupos de ciclistas que preferem as noites frescas para percorrer a cidade já fazem parte da vida da cidade, desafiando a topografia acidentada e as caretas dos motoristas. A comunhão com a cidade se aprofunda e a conexão sentimental com várias regiões se estreita, defendem elas e eles. E a gente aplaude!

36 - Cantar sertanejão raiz no carro até chegar no show da nova dupla da moda

A renovação da cena sertaneja é impressionante. As duplas em Londrina se multiplicam, num ambiente cada vez mais competitivo, o que exige gogós cada vez mais potentes e afinados. Mas quem nunca viu a juventude se esbaldar com um clássico antigo que emana de um carro parado ao lado do seu no semáforo num fim de semana qualquer? A música caipira tem vida eterna.

37 - Aproveitar a promoção do cinema para quebrar o gelo com o crush

As salas de cinema sempre foram um dos lugares preferidos da cidade. Antenada e moderna, Londrina sempre se permitiu enxergar o mundo na telona para atualizar suas ideias e seu comportamento. Os cinemas saíram das ruas e entraram nos shoppings e a cidade nunca teve tantas salas como nestes tempos pré-centenário. E de tanto assistir, começou a produzir seus próprios filmes, se tornando um dos principais pólos de produção audiovisual do interior do País.

38 - “Pagar pau” pra uma batalha de rima

As noites de sexta-feira na Concha Acústica estão na mente de muita gente madura que já constituiu família e hoje luta pela sobrevivência. As batalhas de rima são manifestações populares que conquistaram seu espaço de forma genuína e que se espalhou por vários pontos da cidade, abrindo mentes e ensinando muito sobre como funciona o mecanismo social. Mas é, sobretudo, uma mensagem sobre a força da negritude e sobre a sabedoria que habita as periferias esquecidas.

Cidade dos sabores e da beleza

Sabe aquelas cidades insossas e feiosas? Não é o caso. Quando os pioneiros começaram a derrubar a mata poderiam ter pensado: “Que a gente honre a beleza deste lugar de árvores frondosas, de vales com águas límpidas, de cachoeiras com pedras coloridas por borboletas. Que a gente instale neste lugar uma obra humana imponente e impressionante”. Esta suposta fantasia se converteu em uma saborosa realidade, boa de ser vivida e degustada.

39 - Elogiar as porções de peixe frito dos pesque pague

Se a água em abundância é uma das características mais marcantes de Londrina, pescar é um dos programas preferidos de quem gosta de fugir do agito. A linha que separa o estresse da paz de espírito é gentilmente preparada com o anzol e a isca. Enquanto os mais empolgados seguem o ritual atrás das tilápias e dos pacus, o restante da família se diverte jogando conversa fora. Quando veem, nem acreditam que passaram tanto tempo longe do celular. Por fim, pedaços suculentos, dourados e crocantes de peixe frito unem todos à mesa.

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| Foto: Studio CJ/iStock

40 - Contemplar o Igapó se refrescando com caldo de cana ou água de coco

Um lago construído tão longe chegou a gerar desconfiança entre alguns no final dos anos 1950. Mas hoje, o maior cartão-postal de Londrina, abraçado pela cidade, é um de seus maiores orgulhos. Difícil imaginar a vida na metrópole sem as caminhadas, corridas e pedaladas, ou simplesmente um descanso sedentário em seus bancos. Para aplacar o calor que desafia os paranaenses do sul, muita água de coco, açaí - e sempre discutindo se o caldo de cana dá sono ou não.

41 - Se divertir com o milagre dos biguás do Igapó que pairam sobre a água

Ali, ao lado da pontezinha de madeira onde o Córrego do Leme deságua no Igapó, os biguás se enfileiram sobre a tubulação e dão um show de plasticidade. Quando o nível da água sobe, a ilusão de ótica intriga turistas e desavisados. Vez por outra, as garças se infiltram na linha, disputando o espaço e dando um toque de branco à hegemonia escura da plumagem dos biguás. Nas revoadas, o espetáculo é garantido.

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| Foto: Anderson Coelho/iStock

42 - Descer sem pressa as escadarias do Jardim Botânico

Há mais de uma década o londrinense ganhou um Jardim Botânico para chamar de seu. Os 97 hectares de área verde na zona sul são destino certo para quem gosta do contato com a natureza, mas não quer sair da cidade. Enquanto a estufa não fica pronta e as reformas não vêm, o público aproveita as trilhas com a diversidade de árvores, monta piquenique nos gramados e usa as escadarias como cenário para fotos e vídeos.

43 - Colocar sabor no bate papo tomando suco ou vitamina

Na lista de lugares para se apresentar a um visitante, dois deles constam como obrigatórios. Se o amigo, parente ou colega chegou pela rodoviária, a primeira parada do roteiro já está garantida. O suco de frutas é marca registrada da cidade. A próxima parada é a rua Sergipe. O combo vitamina com pastel é quase um certificado em letras garrafais: eu visitei Londrina.

44 - Combinar uma costela na tábua ao modo pé-vermelho

O turista pode questionar: “Mas costela tem em todo lugar”. De pronto, o londrinense responde: “Confia, a daqui é diferente”. No final, resta ao viajante concordar, desmontado pela carne macia, salgada corretamente, acompanhada de mandioca cozida, farofa, maionese e tomate. É de formar fila de espera.

45 - Discutir sobre qual é o melhor bolinho de carne da cidade

Se há uma iguaria que é unanimidade na cidade, é o bolinho de carne. Tem aqueles que preferem o do bar, para acompanhar a cerveja. Tem os que preferem o da lanchonete, às vezes até substituindo uma refeição. O segredo é ser crocante por fora e úmido por dentro. Cada um com sua receita compete pela preferência dos londrinenses.

46 - Achar que sem frango o dogão prensado fica sem graça

O lanche é outro “patrimônio” de Londrina. Aqui, as grandes redes enfrentam concorrência pesada das receitas locais. O cachorro-quente com frango, acompanhado do molhinho picante, faz a cabeça de muita gente e aparece em destaque até em campanha eleitoral.

47 - Sair da cidade para o almoço de domingo

No merecido dia de descanso, em que ninguém quer lavar a louça, muitas famílias lotam as estradas no entorno da cidade atrás dos famosos restaurantes rurais. Seja nos estabelecimentos da zona sul, na rota gastronômica da zona leste, no Limoeiro; ou no distrito da zona norte, a satisfação é garantida.

48 - Tomar três garrafas de cerveja para cada espetinho

O clima quente geralmente é desculpa para se refrescar. É verdade que o número dos adeptos do mundo fitness só cresce, mas boa parcela da população ainda não troca a cervejinha no boteco pelo açaí ou suco verde. De verde nos bares, só as garrafas e a maionese em cima das mesas.

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| Foto: Sergio Ranalli

49 - Experimentar a fruta que já ia comprar naquela banca da feira

Em Londrina, todo dia é dia de feira. São 28 feiras livres catalogadas: duas na segunda; quatro na terça; quatro na quarta; cinco na quinta; cinco na sexta; quatro no sábado; e quatro no domingo, incluindo uma das maiores, a Feira Livre do Cincão, na Av. Saul Elkind. Desde 1978, o principal programa na zona norte é passear pelas barracas e voltar de sacolas cheias para o almoço de domingo.

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| Foto: Gustavo Carneiro/Arquivo Folha

50 - Com garra e coragem, derrotar o paredão da pedreira do Cafezal

Os esportes radicais ganham cada vez mais adeptos no país. Em Londrina, o “pico” da galera da escalada é a pedreira do Cafezal, na zona sul. Para quem curte adrenalina, os 27 metros no paredão de basalto, que podem ser encarados em escalada ou rapel, são de tirar o fôlego.

51 - Contar ‘causos’ sobre as pescarias no Tibagi

Quem não tem um amigo pescador que volta do Rio Tibagi com cada causo de arrepiar. Tem gente que exagera no tamanho do peixe. Tem também quem jura que já ter visto fantasmas, espíritos de velhos indígenas em noites de luar. A turma não acredita muito, mas que eles garantem que é verdade, isso eles garantem.

52 - Dar nome aos macacos do Arthur Thomas

No começo da manhã ou no fim da tarde, as chances de ver o bando de macacos-prego saltando pelas árvores do parque aumentam. A criançada usa a criatividade para batizar os bichinhos: Chico, Tião, Frederico, Mariquinha. Dar nomes, ok. Só não vá dar comida aos macacos, hein. Eles já têm tudo o que precisam na mata. A alteração da dieta é prejudicial para os animais silvestres.

53 - Nunca enjoar do astral típico das grandes festas japonesas

O tamanho da comunidade nipônica impressiona. A Pequena Londres também pode ser chamada, sem medo, de Pequena Tóquio. Desde Hikoma Udihara, o primeiro propagandista, milhares de japoneses e descendentes fincaram os pés nessas terras vermelhas. E o ápice dessa cultura ocorre nas festividades, seja na Expo Japão ou no Londrina Matsuri. Se divertir com os cosplayers ou com músicas tradicionais; comer um yakissoba ou okonomiyaki e levar lembrancinhas para casa. É a pedida perfeita.

54 - Emplacar uma sequência de quermesses de igreja

Com mais de 50 paróquias, contando também as dos distritos rurais, Londrina é um prato cheio para quem gosta de uma quermesse. Seja nas festas juninas, ou nas datas em celebrações aos santos espalhadas ao longo do ano, sempre há uma oportunidade para comer bem, se divertir e tentar voltar para casa com uma prenda no bingo de 90 bolas, uma para cada aniversário da nossa homenageada.

Cidade do desenvolvimento

Sobrevoá-la num amanhecer de luzes minguantes, mirá-la de qualquer ponto panorâmico nas quatro regiões, percorrer suas novas fronteiras imobiliárias, examinar seus números impressionantes, conversar com qualquer economista bem informado. Você escolhe a maneira, o certo é quase impossível não admitir que Londrina é uma das cidades brasileiras mais bem sucedidas entre as surgidas no século XX. Grande centro do agronegócio, polo de educação e pesquisa incontestável, potência da construção civil e de serviços médicos, exemplo de cultura inovadora e berço de empresas de tecnologia. Colocar Londrina e desenvolvimento numa mesma frase é quase inevitável.

55 - Falar sobre o pioneirismo do Com-tour

No pensamento das novas gerações, é bem provável que seja aceita a ideia que os shoppings center sempre existiram, tamanha é sua influência comportamental e seu alcance na sociedade brasileira do século 21. Mas Londrina sabe surpreender e tem muita história para contar. Uma delas é o Com-Tour, um centro comercial inaugurado 17 anos antes do Catuaí Shopping, que para muitos desavisados é o mais antigo da cidade. Pioneiro do formato no interior, o marco arquitetônico instalado na Avenida Tiradentes mudou os hábitos da cidade a partir da sua inauguração em 1973. Quem não se lembra da lendária Lojas Brasileiras (Lobras) que atire a primeira pedra na memória desenvolvimentista desta cidade.

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| Foto: Roberto Custodio

56 - Circular literalmente pela Rodoviária

Assina ou não assina? Não vamos entrar nos pormenores aqui porque a ocasião é festiva, mas a beleza e a funcionalidade dos desenhos geniais de Oscar Niemeyer estão à disposição do povo na atual estação rodoviária de Londrina, a quinta da série histórica. Sempre em luta contra a falta de manutenção adequada, o terminal ainda assim é considerado um dos melhores do país com toda a justiça. Encravado na confluência das duas artérias mais movimentadas da cidade, a Leste-Oeste e a Via Expressa, o prédio redondo que circunda um jardim interno, com uma caixa d'água imponente no centro, tem a ousadia e a pretensão típicas da cultura londrinense. À prova de desorientação, é quase um labirinto ao contrário. É uma pena que você sempre passe por lá com tanta pressa, exceto quando vai apenas saborear aquele suco.

57 - Se deixar levar pela praticidade do aeroporto

Que tal um aeroporto moderno e funcional que fique a 3,5 quilômetros do centro da cidade? Com sorte, o trajeto dura apenas 10 minutos de carro. Dá até pra ir caminhando, uma “pernadinha” de 45 minutos. Na zona leste, ninguém mais se importa com as enormes aeronaves cruzando o céu em baixa altitude. Elas fazem parte da rotina da cidade. Nos anos 1950, a pista já foi uma das mais movimentadas do país, como se a terra vermelha fosse um ímã de alto magnetismo a atrair curiosos, sábios, endinheirados e sonhadores.

58 - Julgar as luzes coloridas do viaduto no Complexo do Marco Zero

Debater a cidade é o esporte municipal em Londrina. Tudo é escrutinado, tudo é avaliado, tudo é julgado. Obra das mais curiosas, o viaduto próximo da rodoviária, entregue nesta década, virou polêmica pela geometria irregular e pelas suas luzes ornamentais que variam de tom e sempre surpreendem. Se você disser que gosta, a gente discorda. Se disse que não gosta, a gente não concorda.

59 - Encher os pulmões com o ar puro dos fundos de vale

A proteção dos fundos de vale é uma das contribuições mais valiosas de Londrina para a sustentabilidade no crescimento das cidades. Sugerida pelo renomado Prestes Maia em oportuna consultoria à prefeitura, a preservação destas áreas verdes, que chega a uma centena de pontos, evita enchentes, refresca bairros inteiros e torna a interação com o ambiente urbano uma prática muito agradável. A opinião de um sábio deixou Londrina bonita para sempre.

60 - Se orgulhar das nascentes protegidas do Cabrinha

Ilha de paz no coração da zona norte, os 100 mil metros quadrados do Lago Cabrinha das suas adjacências é outra prova de que o século XXI pode ainda transformar Londrina numa cidade mais bonita, humana e desenvolvida. O recente trabalho da recuperação das suas nascentes em parceria com o governo alemão estão no rol das notícias que nos fazem acreditar que nada pode estar tão ruim que não pode ser consertado.

61 - Confessar que o ar condicionado prolongou o passeio nos shoppings center

O Catuaí (1990) e o Royal Plaza (1999) abriram caminho para os shoppings climatizados. Aí veio o século XXI e a cidade foi engordando sua lista de ilhas de frescor - Londrina Norte Shopping (2012), Boulevard Londrina Shopping (2013) e Aurora Shopping (2016). Há quem diga que locais com termômetros que nunca oscilam acima dos 23 graus estavam fadados ao sucesso somente por este motivo. A gente acha um exagero.

62 - Ficar em dúvida em qual dos mercados públicos pechinchar no sábado de manhã

Mercados públicos remetem ao consumo um pouco mais refinado, daqueles produtos que trazem felicidade na compra e apreensão no pagamento. Simbolizado pelo decano Mercado Shangri-lá, estes espaços são paraísos para os pechinchadores. Ninguém vê, ninguém se arrisca, mas todo mundo sabe que os hábeis negociadores são capazes de reduzir seu gasto e sair com aquele bacalhau de responsa na sacola, aquele que quando vai à mesa faz a família levitar na primeira garfada.

63 - Consumir uma tarde inteira fazendo a seleção das fotos da filharada na decoração do LondriNatal

As decorações natalinas existem desde os tempos de ruas de chão e de energia elétrica racionada. Mas as festas de fim de ano viraram motivo para as famílias reforçarem seus vínculos com a cidade, visitarem seus cartões-postais e eternizar sua transformação em milhões de fotos. Houve um tempo, nos anos 1990, que os concursos iluminaram a cidade, um período tão marcante que se tornou referência na memória. Hoje, a grande árvore no lago se tornou um ponto turístico regional e muitas crianças de outras cidades passaram a pensar que já sabem de onde vem o Papai Noel.

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| Foto: Anderson Coelho/Arquivo FOLHA

64 - Olhar o skyline e perceber o vigor descomunal da construção civil

Tem uma piada que corre por aí que Balneário Camboriú se apaixonou pelos arranha-céus por influência londrinense, habitués históricos das suas praias. O certo é que os moradores da cidade gostam de prédios altos, com um quinto da população vivendo em apartamentos. A história revela uma verticalização precoce, que depois se estabilizou e explodiu nos anos 1980. A paisagem de capital tem a muito a ver com a força das construtoras locais e com a poupança gerada pelo sucesso do agronegócio que remonta à era do café e que se intensificou com o boom das commodities no século XXI. A Gleba Palhano se tornou um ícone de bairro vertical no interior do Brasil e especialistas apontam a tendência de que os empreendimentos serão cada vez mais altos em novos bairros já em fase final de planejamento.

65 - Tentar lembrar do tempo que a cidade acabava no Catuaí

Um dos fenômenos urbanos mais impressionantes das últimas décadas foi o crescimento do perímetro urbano na região sudoeste, em vastos terrenos nos fundos do Shopping Catuaí e da Universidade Estadual de Londrina. Como nas grandes cidades dos EUA, com seus subúrbios intermináveis, as famílias de classe média alta passaram a viver em condomínios fechados de casas, modificando o eixo dos investimentos no comércio e nos serviços. Em menor escala e com algumas diferenças, a cidade também se expande rapidamente na zona leste, com chance de consolidar a conurbação com Ibiporã.

66 - Ter dúvida sobre onde acaba e onde termina o Cincão

Uma cidade dentro da cidade. Os Cinco Conjuntos foram amadurecendo e vencendo seus estigmas em mais de quatro décadas de história. O desenvolvimento da Avenida Saul Elkind, o maior corredor viário da cidade com mais de oito quilômetros de extensão, resume o poder econômico e cultural da Zona Norte e sua característica de independência. O Cincão, no entanto, é apenas um pedaço da região, um pouco a noroeste da área central, que reúne os núcleos pioneiros da ocupação - Aquiles Stenghel, João Paz, Luiz de Sá, Semíramis Barros Braga, Sebastião de Melo César. Se o número de bairros se multiplicou no entorno, dificultando o desenho dos seus limites, o nome permanece como marca de um tempo e hoje é motivo de orgulho dos moradores.

67 - Valorizar o parque industrial sem deixar de ponderar que precisamos de mais investimentos

A cidade tem grandes construtoras, cooperativas, fábricas de elevadores, de embalagens, de café solúvel, de bateria de carro, de defensivo agrícola, de refrigeradores hospitalares e de fiação de seda, mas nunca deixou de desejar mais. Esta vontade genuína e expressada em todos os níveis sociais mantém o sonho de industrialização vivo, o que pode ser percebido em todas as campanhas para a eleição a prefeito.

68 - Compreender que é difícil uma franquia não colocar Londrina no seu mapa de operações

O crescimento de Londrina muitas vezes é sustentado pela própria grife. A cidade se impõe em qualquer planejamento de expansão das franquias, o que garante a sofisticação constante na área de serviços e no comércio.

69 - Observar que as palavras Tecnologia e Inovação estão cada vez maiores na nuvem de palavras da cidade

Londrina é considerada uma das 10 cidades do interior do País com mais empresas emergentes no ramo de tecnologia e inovação. O ecossistema de startups é organizado, com nível de governança bastante avançado. No setor agropecuário, Londrina tem um polo reconhecido pelo governo federal e é citada como modelo para outras regiões do País. Com um calendário de eventos movimentado e núcleos de inovação ativos o ano inteiro, a cidade está aproveitando sua sólida rede de instituições de ensino com alunos do país inteiro, seus institutos de pesquisa e as novas estruturas de ponta do Sesi para ser competitiva economicamente nas próximas décadas.

70 - Respeitar o ativismo da sociedade civil e o diálogo permanente de líderes

Cidade que surgiu a partir de um projeto privado de colonização e distante dos centros políticos, Londrina sempre gostou de compartilhar o poder com as organizações civis e prezando por uma espécie de autonomia nos seus passos de desenvolvimento. Na linha do tempo, uma sequência de campanhas cívicas aceleraram a integração física com o Estado, o incremento da infraestrutura urbana e a cobrança por eficiência no setor público. O envolvimento dos líderes de classe em questões centrais da vida política permaneceu como tradição ao longo das décadas e reforça a imagem de cidade inquieta e crítica.

71 - Exaltar a importância dos nossos pesquisadores para o país

Sede do Instituto de Desenvolvimento Rural (o antigo Iapar) e da Embrapa Soja, Londrina tem protagonismo científico no setor agropecuário. Técnicas como a curva de nível e o plantio direto, o desenvolvimento das novas gerações de sementes e cultivares e a adaptação da soja a regiões com déficits hídricos foram conquistas aprimoradas em Londrina e que modificaram a agricultura brasileira e a tornaram a mais competitiva do cenário global.

72 - Ter orgulho da cidade empreendedora e formadora de mão de obra especializada que não se acomoda

Capitaneada pela Universidade Estadual de Londrina, o grupo de instituições de ensino superior em Londrina abriga cerca de 30 mil estudantes presenciais e outros 20 mil na modalidade à distância, além de empregar cerca de 2,5 mil professores. A educação profissional envolve 6 mil estudantes e cerca de 700 professores. Este grande contingente de jovens e mestres garantem mão-de-obra especializada para o crescimento das empresas e um empreendedorismo mais sofisticado.

73 - Confiar nos seus buffets, na sua hotelaria e nos seus melhores restaurantes

Os londrinenses costumam falar bem da rede hoteleira porque confia na qualidade do serviço, desenvolvida ao longo de décadas quando a cidade não parava de receber forasteiros. Os 60 hotéis têm cerca de 7 mil acomodações e mantêm a taxa de ocupação alta. A rede de restaurantes é bem abrangente e espelha a variedade étnica que marcou a colonização. O setor de buffets também é muito desenvolvido e elogiado por especialistas do setor.

74 - Acreditar ainda mais na cidade depois de um evento empresarial

Faça o seguinte exercício, peça para qualquer especialista falar friamente sobre as potencialidades do município. É melhor que ele seja um forasteiro de primeira viagem, ainda sob o impacto de conhecer a pujança que sequer imaginava. Ouça sua palestra, vejo o brilho nos olhos dele. É o que acontece com certa frequência em eventos corporativos por aqui. Um choque de confiança que vai deixar você ainda mais convicto de que escolheu o lugar certo.

75 - Confiar na capacidade da rede hospitalar da cidade

Londrina é um dos principais centros médicos do País. Em todas as especialidades, há pelo menos dois ou três craques da medicina que estão sempre presente nos mais prestigiados congressos, fóruns e simpósios internacionais. E os hospitais seguem aprimorando a oferta de equipamentos e recebendo investimentos públicos e privados. A qualidade de vida traz saúde, mas se ela faltar você não vai poder reclamar que tem poucos recursos humanos e tecnológicos para o atendimento.

Cidade da arte

Nos versos hábeis de uma poesia, na textura caprichada pela pincelada, na proporção perfeita do detalhe da escultura, no dedilhado sutilmente firme acariciando o violão ou o piano, no tempo certo da comédia, na sincronia dos movimentos complexos do corpo, na luz inspirada do retrato, na sacada brilhante do roteiro, na execução do plano-sequência, no grave bem medido da segunda voz, na harmonia entre pastilhas e pilots, nos passos angustiados do protagonista no palco, na afinação arrepiante do barítono. Londrina não seria Londrina sem a avalanche de arte que produz, acompanhando um relógio que nunca vai parar.

76 - Rir ao lembrar que gaguejou com microfone na mão fazendo pergunta para o ídolo no festival literário

O Festival Londrix já trouxe grandes nomes da literatura do País para bate papos sobre os livros e a vida. Outros tantos vieram lançar suas obras nas livrarias da cidade. Alguns chegaram a viver na cidade e trabalhar nos seus jornais. Sem seus grandes cronistas e os visitantes bambas das letras, como faríamos para traduzir este enigma em forma de cidade?

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| Foto: Roberto Custodio

77 - Sentir a suavidade das rampas da Casa da Criança

A arquitetura brilhante de Vilanova Artigas fez um palacete para que a cidade cuidasse bem das suas crianças. Isso foi nos anos 1950 e o prédio foi ganhando novas funções até que abrigasse a Secretaria Municipal de Cultura. Das suas janelas do último andar, dá para apreciar a harmonia que liga o Centro Comercial e a Concha Acústica, um mirante sobre o que é inoxidável nesta terra. Para chegar lá, contudo, existem as rampas, e é dela que precisamos falar. Suaves, bem iluminadas e com tantas formas geométricas que a beleza faz um cafuné no nosso coração.

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| Foto: Anderson Coelho/iStock

78 - Aprender o que é brise-soleils olhando o Museu de Arte

O tombamento da rodoviária antiga, a quarta da série histórica, foi um dos presentes da cidade na celebração dos 40 anos, em 1974. É patrimônio nacional. Outra preciosidade de Artigas que está em antologias internacionais de arquitetura. A escola paulista está em todos os detalhes. Um deles é o brise-soleil, elemento que pode ser contemplado olhando o prédio desde a rua Benjamin Constant e que regula a insolação e temperatura de fachadas envidraçadas. O conjunto de lâminas em fibrocimento curvo, horizontal, dividido em várias faixas, pode ser movido por manivelas. A cidade aguarda a restauração do prédio porque é essencial que tenhamos uma arte íntegra dentro e fora da construção mais bonita da cidade.

79 - Se espantar com a simetria dos prédios do Centro Comercial

Amarelo, seis apartamentos por andar; verde, quatro; e rosa, dois. O imponente Centro Comercial e sua trilogia de edifícios de 22 pavimentos é um símbolo londrinense e da verticalização precoce da Capital Mundial do Café. As torres são instaladas sobre uma grande galeria que nos primeiros anos era frequentada pelas famílias ricas, em busca de alfaiates, sapateiros, lavanderia, salões de beleza, livraria e calçados finos. Impossível não se sentir em Londrina no sopé destes gigantes.

80 - Observar os portais vermelhos da Praça Tomi Nakagawa de dentro do ônibus

É uma luta permanente contra a degradação, mas os elementos ainda estão todos lá, silenciosamente pedindo socorro, aguardando uma merecida ação de cuidado. O logradouro projetado para lembrar os 100 anos da Imigração Japonesa no Brasil não tem nem 20 anos mas já foi absorvido pelo imaginário do povo justamente por ser um lugar de grande circulação, principalmente de carros e ônibus. Dá um google aí e descubra que nada ali é por acaso. É uma aula de cultura japonesa.

81 - Imaginar diálogos do “casal” do Monumento O Passageiro

Tem gente que nem percebe que é um casal, mas outros tantos ficam exercitando a imaginação sobre uma relação tão estável. Brincadeiras à parte, o monumento que migrou da rotatória da confluência entre a Leste Oeste e a Via Expressa para uma área elevada bem próxima. Foi inaugurada em 1987 para celebrar os 55 anos da Viação Garcia. Segundo o artista plástico Henrique Aragão, criador do monumento, as duas figuras simbolizam os viajantes que procuram uma integridade interior e a unidade entre Eros (desejo) e Thanatos (morte).

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| Foto: Roberto Custodio

82 - Celebrar que o Cadeião se regenerou

Estrutura que testemunhou a tragédia cotidiana da situação carcerária no Brasil, a violência social e política da polícia, rebeliões, mortes, o Cadeião quase foi demolido. Um grupo de herois da cidade impediu o despautério e entrou na história da luta pela preservação da memória no Norte do Paraná. Ocioso por anos, desenganado por autoridades e por todos os pessimistas de plantão, o Cadeião não podia ter ressuscitado mais saudável e viçoso, com a transformação em uma unidade do Sesc que elevou o patamar cultural. Londrina é mesmo capaz de fazer coisas extraordinárias.

83 - Pegar autógrafo do colega de escola que está lançando seu novo livro na Biblioteca Pública

Quem nunca foi ler um jornal na Biblioteca Pública? Quem nunca ficou eufórico em saber que o livro que você procurava estava em suas prateleiras? Como não lembrar dos coquetéis de lançamento de livro ou de exposições de artistas mais que necessários? A escadaria mais bacana da cidade faz os mais experientes lembrar das incursões do Fórum, que funcionou no atual prédio da Biblioteca até os anos 1980. Aliás, muita gente não sabe, mas o Teatro Zaqueu de Melo, que fica no mesmo prédio, era tão somente o auditório do Tribunal do Júri.

84 - Lembrar que já ‘lagarteou’ em manhã gelada ouvindo Osuel no Anfiteatro do Zerão

Feliz da cidade que tem uma orquestra para chamar de sua. A Sinfônica da UEL foi criada há 40 anos, tempo suficiente para marcar a vida de londrinenses de várias gerações, em especial nos primeiros tempos quando havia uma grande demanda reprimida para concertos de música clássica ao ar livre. Hoje, com apresentações regulares no Ouro Verde, a mais antiga orquestra paranaense é um dos ativos mais importantes da cultura norte-paranaense.

85 - Entender que a roda de samba ou a roda de choro vai roubar algumas horas do seu sono

Já foi numa roda de samba em Londrina? Se a resposta for negativo, a gente sugere que você dê um jeito nesta lacuna. É notória a comunhão do povo daqui com o ritmo nacional porque ninguém pode duvidar que exalamos brasilidade. Os bambas estão sempre por aí, com espetáculos de suor e cerveja que invadem a madrugada. O choro também está sempre presente na agenda cultural e tem um numeroso público cativo.

86 - Explicar para um forasteiro como funciona uma vila cultural

Londrina ajudou o País a desenvolver uma política pública para a cultura, mais democrática, inclusiva e descentralizada. O primeiro passo foi a criação do Programa Municipal de Incentivo, o Promic, que a partir de 2003 passou a usar parte do Orçamento Municipal para financiar projetos desenvolvidos pela própria comunidade cultural. Um dos braços do programa é a criação de uma rede de espaços destinados à pesquisa, criação, produção, difusão e preservação das manifestações culturais. Desde o início do programa, 23 endereços espalhados por todas as regiões encurtaram o caminho da população para acessar música, teatro, cinema, dança, hip hop, literatura, artes plásticas, capoeira e outras linguagens.

87 - Sonhar com a cidade inteira grafitada como o muro do cemitério

Um painel gigantesco com arte de rua impressiona quem passa em todas as faces do muro que cerca o Cemitério São Pedro, ilha de silêncio na parte mais barulhenta do centro. Orgulho da galera do hip hop e das artes urbanas, o conjunto de desenhos comprova que os grafiteiros londrinenses ganharam respeito e prestígio. Hoje o povo reconhece que colorir com estilo os fragmentos cinzentos de uma cidade tão inventiva é uma ideia excelente.

88 - Conhecer os poderes hipnóticos de uma escultura no Museu de Arte

Quem já tentou definir a arte? Nenhuma inteligência é capaz de traduzir completamente este enigma. Só é possível sentí-lo e permitir que a magia aconteça. Quantas pessoas já descobriram o valor insubstituível de um artista percorrendo a antiga sala de embarque da ex-rodoviária? De portas fechadas, o espaço das artes plásticas espera por redenção. Até lá, suas áreas de exposição, o pátio que já abrigou tantos eventos e a biblioteca com livros especializados continuam ativos na nossa memória.

89 - Deixar escorrer uma lágrima com uma cena do Filo

O Festival Internacional de Teatro é a lembrança de muitos brasileiros e estrangeiros quando ouvem a palavra Londrina. Surgido a partir da efervescência cultural do ambiente universitário dos anos 1960, uma das maiores celebrações das artes dramáticas do País cresceu com os traços essenciais que forjaram Londrina, a escolha de ser vanguarda, de contestar, de experimentar, de modificar. Lágrimas e gargalhadas provocadas pela engenhosidade das grandes atrizes e atores amadureceram gerações e as convidaram para renovarem suas atitudes. No Cabaré, um histórico de shows antológicos com gigantes da MPB como Paulinho da Viola, Elza Soares, Gal Costa, Adriana Calcanhoto, Erasmo Carlos e Ney Matogrosso

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| Foto: Fábio Alcover/iStock

90 - Se empolgar com um solista no Festival de Música

Grandes nomes da música popular e grandes concertos de música clássica. Após mais de 40 edições, o Festival de Música de Londrina se firmou como um dos eventos mais aguardados do calendário cultural. Yamandú Costa, Guinga, Altamiro Carrilho, Nelson Freire, Angela Maria, Fafá de Belém e Zimbo Trio estão entre as apresentações mais memoráveis, verdadeiros elos afetivos entre a população e lugares como a Concha Acústica, o Anfiteatro do Zerão e o Teatro Ouro Verde.