Vereadores usam campanha a deputado como termômetro do mandato

Passado o primeiro turno das eleições, com quase dois terços dos vereadores de Londrina disputando cadeira na Câmara dos Deputados ou Assembleia Legislativa do Paraná, a sessão desta terça-feira (3) foi de discutir projetos de lei, como o orçamento do município para 2023, receber convidados, mas também fazer um balanço do desempenho conquistado nas urnas. Ao todo, 13 dos 19 vereadores foram candidatos a deputado, mas ninguém conseguiu ascender politicamente neste ano.

Os sete vereadores que almejavam a Câmara Federal tiveram juntos 107.650 votos, montante próximo ao conquistado pelo deputado reeleito Ricardo Barros (PP), que foi o 14º melhor votado da bancada paranaense nessas eleições gerais. A vereadora Jessicão (PP) foi quem mais conquistou votos dentre os parlamentares da Casa. Apesar de 33.376 votos, a quantidade não foi suficiente para elegê-la como uma das principais defensoras de Bolsonaro no legislativo municipal. "Fiz para vereadora 2 mil votos e saio com mais de 33 mil votos, fico feliz de ter sido bem votada, mas triste pelo objetivo de estar em Brasília não ter sido alcançado. Mais uma vez, o eleitor londrinense peca ao depositar voto em pessoas que estão lá na capital e que a gente sabe que não lembrarão da nossa cidade", afirmou.

Jessicão admitiu que a campanha para federal serviu também de termômetro ou uma espécie da avaliação do seu primeiro mandato na Câmara. "Aqui em Londrina eu fiz 15 mil votos. São novos amigos e eleitores", citou. Jessicão foi assessora do deputado federal Filipe Barros (PL), que se intitulou como "01 de Bolsonaro" no Paraná, e que conquistou mais quase 250 mil votos, sendo cerca de 63 mil em Londrina. Questionada sobre a disputa de eleitorado com Barros, Jessicão não considera que a corrida à Assembleia Legislativa seria um caminho mais fácil sem a concorrência. "Foi uma decisão acertada, mesmo porque nos meus grupos aqui da cidade nós tínhamos dois ou três candidatos à Assembleia Legislativa e talvez teria dividido votos", avaliou.

MARA BOCA ABERTA

Dos cinco vereadores mais votados ouvidos pela FOLHA, todos fizeram a matemática dos votos obtidos na cidade. Mara Boca Aberta (Pros) teve 11.893 votos em Londrina dos 23.237 conquistados domingo para federal, quantidade bem acima dos 6.192 votos recebidos em 2020 como vereadora. Segundo ela, o número de vereadores candidatos atrapalha, mas para a parlamentar o que mais prejudicou foi o voto depositado por pessoas de Londrina para candidatos de fora da região.

Sobre a derrota do seu filho Matheus Petriv - o Boca Aberta Junior (Pros) na reeleição para deputado estadual, Mara lamentou a perda da cadeira que havia sido conquistada em dobradinha com o ex-deputado federal Boca Aberta (Pros) em 2018. "No caso do meu filho, é uma perda muito grande de representatividade de Londrina, mas no meu caso, seria bem difícil porque seria uma cadeira apenas (na bancada paranaense) por essa vaga do Pros, mas a gente lutou até o fim".

A vereadora admitiu que o fato da Justiça Eleitoral ter cumprido busca de material de campanha no comitê da família perto do primeiro turno pode ter prejudicado "o núcleo Boca Aberta" nas urnas. "Nós ainda vamos detectar isso. Ainda estamos apurando o que aconteceu de fato, mas esperávamos outro cenário. Esperávamos um número melhor em Londrina, mas já era um cenário diferente de 2018, quando foi feita a dobradinha com o Boca Aberta, que tinha acabado de ser cassado como vereador. Mas continuarei o meu trabalho", afirmou.

lenir de assis

Terceira mais votada para Câmara dos Deputados, Lenir de Assis (PT) considerou como positivo o número conquistado. A petista reconheceu que concentrou sua campanha em Londrina, sendo 12.662 votos conquistados na cidade dos 17.103 que teve ao todo. "A minha campanha foi a única do campo da esquerda e optamos por focar na cidade e nos municípios mais próximos. Isso para nós revela uma avaliação positiva do nosso trabalho. Fui a quarta mais votada em Londrina."

deivid wisley

Eleito pela causa animal no seu primeiro mandato como vereador, em 2020, Deivid Wisley (Pros) também disse que a campanha serviu de termômetro do seu trabalho mais focado nessa pauta. "Eu tive 4 mil votos como vereador e agora foram mais de 10 mil votos só em Londrina. Estou no meu segundo ano na vida pública. Enquanto vereador eu tenho que legislar para a cidade, mas tenho uma causa e por isso que quero lutar. Eu me coloquei como candidato para focar em algo a mais e quero lutar por um hospital público veterinário para nossa região." Deivid teve 10.332 votos em Londrina dos 13.066 conquistados como candidato à Câmara dos Deputados.

JAIRO TAMURA

Outro bem votado em Londrina, com 17.984 votos, foi o vereador Jairo Tamura (PL), presidente da Câmara. Com 29.002 votos conquistados no total, ficou como primeiro suplente do partido na Assembleia Legislativa. Tamura foi o terceiro mais votado na cidade, ficando atrás apenas de Filipe Barros (PL) - federal - e Cloara Pinheiro (PSD) - estadual -, que foram os campeões de voto entre eleitorado do município.

lei orçamentária

Apresentado pelo prefeito Marcelo Belinati (PP), o projeto de lei que trata da Lei Orçamentária de 2023 do Município de Londrina foi aprovado em primeiro turno sem debates. O PL será retirado por algumas sessões para apresentação de emendas e deverá retornar à pauta entre novembro e dezembro. O orçamento total do Município para 2023 (Orçamento Fiscal e Orçamento de Investimento) está estimado em R$ 2, 87 bilhões, valor 19,88% superior ao deste ano. Deste total, R$ 51 milhões serão destinados ao Poder Legislativo.

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