O plano da Câmara Municipal de Assaí (Região Metropolitana de Londrina) de gastar cerca de R$ 100 mil de dinheiro público na compra de um carro estilo Sedan não durou muito tempo. Revelada pela FOLHA, a licitação que previa o gasto foi divulgada mesmo após a prefeitura ceder um Voyage 2017 para o Legislativo. O veículo pertencia à chefia de gabinete do prefeito Tuti Bomtempo (PSD), que adquiriu um Jeep Compass por R$ 229 mil para viagens oficiais. O caso também gerou muita polêmica na cidade de 14 mil habitantes do Norte Pioneiro.

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Na última sexta-feira (13), um dia depois da matéria da FOLHA ser publicada detalhando a despesa, a presidente da Câmara, vereadora Leni de Oliveira, anulou o edital, que deveria receber as propostas das empresas interessadas nesta terça. Ela não atendeu as ligações, mas a reportagem obteve no Portal da Transparência o documento que cancelou o processo. Segundo o despacho, a decisão foi tomada porque "caso se concretize a cessão do automóvel do Executivo, não se mostraria mais oportuna a compra de um veículo oficial por esta Câmara Municipal".

A parlamentar citou ainda os princípios da eficiência e da economicidade para não prosseguir com a licitação, que trazia uma lista grande de condições para compra do automóvel. Por exemplo, ele deve ser de fabricação 2021 ou superior, zero quilômetro, ter motor bi-combustível, ser preto ou branco, com no mínimo 110 cavalos de potência, tanque de combustível com capacidade mínima de 50 litros, volante com regulagem de altura, air bag duplo frontal, freios abs nas quatro rodas, retrovisores com comando interno de regulagem e porta-malas com capacidade mínima de 470 litros.

Apesar de ter sido suspenso, o edital não enfrentou obstáculos durante a tramitação na Câmara. Um parecer da assessoria jurídica da Casa não encontrou nenhum tipo de ilegalidade. Entre vários argumentos, o advogado Luís Guilherme Bachim dos Santos considerou que há necessidade de "contratação e orçamento suficiente para suportar a despesa".