A Câmara Municipal de Londrina repercutiu em sessão plenária nesta terça-feira (1º) a paralisação do transporte coletivo na cidade, que atingiu 100% da frota de ônibus com motoristas cruzando os braços pelo não pagamento de PPR (Plano de Participação nos Resultados) e um retroativo de R$ 300,00 referente ao vale alimentação da categoria. Já as empresas culpam o município.

Presidente da Comissão de Transportes Coletivos da Câmara, a vereadora Mara Boca Aberta (Pros) disse que esteve pessoalmente conversando com os motoristas pela manhã na garagem das empresas no início da paralisação. "Culpa de quem? Os únicos culpados de toda essa situação não são os trabalhadores, disso eu tenho certeza. Esse PPR, a que os funcionários têm direito, já foi discutido e acordado inclusive quando trouxemos aqui na Câmara em janeiro o prefeito Marcelo Belinati e as empresas. A promessa era 28 de fevereiro e isso não foi feito. Não são só os motoristas, mas agora prejuízo para milhares de trabalhadores que tiveram que buscar transporte alternativo para irem aos seus trabalhos nesta terça de ponto facultativo."

Segundo a parlamentar, por meio da Comissão foi feito ainda um pedido para que a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina) esclareça qual o pedido com valor de aditivo do contrato de reequilíbrio financeiro solicitado pelas empresas sobre as perdas relativas ao ano de 2021. "As empresas fizeram esse protocolo e querem receber o valor integral. Não sei ainda o quanto foi feito, mas a CMTU admitiu que vai chegar perto dos R$ 30 milhões. A CMTU, portanto, também é responsável por essa paralisação."

Nesta terça de carnaval (1º), os vereadores da Câmara de Londrina  participam da 9ª sessão ordinária de 2022. Os trabalhos ocorrem de forma preferencialmente presencial, com transmissão pelo Facebook e Youtube do Legislativo.
Nesta terça de carnaval (1º), os vereadores da Câmara de Londrina participam da 9ª sessão ordinária de 2022. Os trabalhos ocorrem de forma preferencialmente presencial, com transmissão pelo Facebook e Youtube do Legislativo. | Foto: Devanir Parra / Divulgação CML

DEFESA

O líder do Executivo na Câmara Municipal, o vereador Fernando Madureira (PTB), saiu em defesa da atual gestão. "Quero frisar que essa pauta é administrativa e não política". Ele voltou a ler uma nota publicada pela assessoria de imprensa da prefeitura dizendo que os salários de 2022 estão em dia. e frisando que a administração municipal tem feito o necessário para manter o sistema em operação. "O próprio sindicato deixou claro que o município fez a parte. Tem que chamar as empresas de novo para conversar para atender os trabalhadores."

Relatora da Comissão de Transportes, a vereadora Jessicão (PP) saiu em defesa dos trabalhadores e classificou o não pagamento dos atrasados de 2021 de "chantagem" das duas empresas para pressionar o município a empenhar o reequilíbrio financeiro. "Eles só querem lucro, lucro, lucro, e quanto mais se cede a chantagem, mais eles pedem. Quando passou aquele projeto do início do ano do subsídio eu já alertei. Londrina precisa começar a punir essas empresas que não respeitam os direitos dos trabalhadores. A empresa quer sempre sair no lucro. É responsabilidade da CMTU fazer o contrato valer. A gente não pode deixar isso barato e depois os vereadores viram piada. As empresas não podem descumprir o contrato dessa maneira."

Imagem ilustrativa da imagem Vereadores criticam município e empresas por greve no transporte
| Foto: Gustavo Carneiro - Grupo Folha

APORTE APROVADO

Nas primeiras semanas de janeiro deste ano, a Câmara Municipal aprovou em sessões extraordinárias o projeto que autorizou o Executivo a aportar até R$ 25 milhões no transporte coletivo urbano na cidade em 2022. Com isso, foi possível manter a passagem em R$ 4 em 2022. Ou seja, segundo os cálculos da CMTU, sem o aporte a tarifa técnica custará R$ 5,45.

Após sanção do prefeito, foi definida a lei de subsídio da passagem integral dos idosos, aposentados por invalidez, pessoas com deficiência, profissionais das forças de segurança e pacientes em tratamento de quimioterapia ou radioterapia. Até ano passado estas pessoas possuíam isenção, mas o custo das viagens é repartido entre os usuários pagantes.

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