“A gente tem um mapa ruim dos nossos fundos de vale.” Dizendo-se “entristecida” com a condição atual das áreas de proteção de nascentes e cursos d'água de Londrina, a vereadora Professora Sonia Gimenez (PSB) quer elaborar um levantamento dos problemas registrados nesses espaços verdes cravados na zona urbana.

Um dos danos mais recentes, conforme a parlamentar, ocorreu na região oeste, nas proximidades do número 308 da Rua Sorocaba. Uma ação de terraplenagem em um lote na via acabou jogando terra no Córrego Baroré, além de danificar árvores ao redor.

“Com que direito a pessoa que comprou esse lote vai descartar entulho no fundo de vale? Eles vão jogando tudo sem considerar nada. Quando começaram, acredito que deveria ter a construção de um muro de arrimo”, criticou Gimenez. De acordo com ela, a ação também não possui placa para identificar seus responsáveis.

Sema autuou

A Secretaria do Ambiente de Londrina comunicou à FOLHA ter constatado que não havia documentação administrativa para permitir o serviço na Rua Sorocaba. A Sema pediu a suspensão da obra até as autorizações serem providenciadas, emitiu uma autuação devido ao sufocamento de árvores causadas pela terraplenagem e requisitou com urgência a recomposição do talude. As informações foram dadas pelo gerente de Licenciamento Ambiental do órgão, Thiago Domingos.

“Apesar de não ser uma área de preservação permanente, ela é perto e tem uma mata relativamente bem preservada”, disse Domingos. Segundo ele, apesar do déficit de fiscais, a pasta, quando acionada pela população, monitora periodicamente as condições desse e de demais locais. “A minha preocupação é quando quiserem aterrar os lotes da sequência, porque eles são mais estreitos ainda”, observou, por sua vez, a vereadora

Reunião pública

Vice-presidente da Comissão de Política Urbana e Meio Ambiente, Sonia Gimenez afirmou que o grupo deve marcar uma reunião pública em breve para buscar traçar um panorama atualizado e debater soluções para os fundos de vale. Serão chamados órgãos municipais, estaduais e o Ministério Público do Paraná (MP-PR).

Há espaços verdes com problemas em diferentes regiões de Londrina, conforme ela. Entre os casos, ligações irregulares de esgoto no Córrego Esperança, afluentes do Ribeirão Quati com déficit de proteção de mata ciliar e criação de porcos em pontos da Bacia do Ribeirão Jacutinga

Um crime ambiental recorrente nesses lugares é o descarte de resíduos. “As pessoas sabem o que fazer com o lixo, mas a grande maioria não faz. Eu não sei mais o que falta. Acho que falta vergonha na cara”, disparou a vereadora.

Ainda assim, Gimenez declarou que vai pedir mais ações de conscientização ambiental por parte da Sema, além de solicitar novos pontos de entrega voluntária de resíduos e ampliação da arborização dos fundos de vale. “Cada área dessa é uma área de microclima, que favorece na redução da temperatura, que nos proporciona água mais à frente.”