O presidente da Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, o catarinense Hermes Vetorello (PFL), quer instituir a pilcha gaúcha (indumentária usada por tradicionalistas do Rio Grande do Sul) como traje social no município. Depois de ter ocupado por duas vezes o cargo de ‘‘patrão’’ (presidente) do Centro de Tradições Gaúchas Charrua, Vetorello tem 15 pilchas completas em seu guarda-roupas e justifica que o projeto tem o objetivo de acabar com a discriminação.
Apesar das piadas envolvendo o seu projeto de lei, que deve entrar na pauta de votação da Casa na próxima quarta-feira, Vetorello afirma que não vai recuar. Ele, que não vê empecilho em despachar em seu gabinete usando a bombacha, disse que, com a aprovação, poderá presidir as sessões sem protestos de que não estaria vestido de forma adequada.
O presidente da Câmara chegou a pensar em usar a pilcha gaúcha na solenidade oficial de abertura dos Jogos Mundiais da Natureza. Porém, acabou recuando por temer reprovação da equipe de cerimonial do presidente Fernando Henrique Cardoso. ‘‘Já pensei em ir a várias solenidades com a pilcha mas, como o traje não é reconhecido, acabei não usando’’, conta. Ele explica que quer entrar e sair de qualquer repartição pública e de festas com a vestimenta sem ser incomodado.
Apesar de ter dirigido o Centro de Tradições Gaúchas, Vetorello não nasceu no Rio Grande do Sul. Ele é de Concórdia (SC) e usou a pilcha pela primeira vez em 1966, quando tinha 22 anos. ‘‘A bombacha era do meu pai, que me emprestou para uma peça de teatro. Ela ficou larga, mas eu gostei do traje e nunca mais deixei de usar.’
A respeito da polêmica, Vetorello faz questão de lembrar que o projeto apenas autoriza o uso da indumentária, não a torna obrigatória. Porém, se alguém usá-la em ocasiões oficiais ele adverte: ‘‘A pilcha terá que ser completa, com camisa de manga longa, colete, casaco, bombacha, bota e guaiaca (um cinto largo feito de couro com bolsos usados para guardar dinheiro e documentos)’.