Derrotado por uma diferença de menos de 3% dos votos válidos, o petista Ângelo Vanhoni acredita que o ponto mais favorável do inédito segundo turno foi a ‘‘quebra da hegemonia’’ política em Curitiba. ‘‘Houve uma disputa de igual para igual. A cidade discutiu seu futuro e metade dela quer trilhar um novo caminho. Essa discussão não acontecia há 20 anos’’, afirmou o deputado estadual, de 44 anos, em entrevista coletiva. O grupo do governador Jaime Lerner (PFL) entra no quarto mandato consecutivo na capital paranaense.
Vanhoni atribuiu a derrota a três fatores: a superioridade econômica do adversário, o suposto uso das estruturas administrativas da Prefeitura de Curitiba e do governo estadual em favor do prefeito Cassio Taniguchi e o que ele chamou de ‘‘terrorismo’’ contra o PT. ‘‘Em todo o Brasil, o PFL fez seu processo eleitoral em função do medo. Estimulou o terror na sociedade e difundiu o medo a respeito do PT’’, disse.
Segundo o petista, o ‘‘poder econômico e o uso da máquina mais uma vez’’ venceram uma eleição. Ao ser questionado de que forma isso teria ocorrido, preferiu ser irônico: ‘‘Você já olhou os postes de Curitiba (onde predominaram os banners de Cassio)? Pergunte ao Jorge Bornhausen (presidente nacional do PFL), ao ACM (o senador Antônio Carlos Magalhães, presidente do Senado). Além disso, nenhum funcionário (público) foi pressionado (a trabalhar em favor de Cassio)’’.
Para o vereador reeleito Jorge Samek (PT), um dos coordenadores da campanha de Vanhoni, o segundo turno ‘‘foi a disputa de um homem contra uma máquina’’. Ele criticou duramente o fato de Cassio ter se mantido na prefeitura durante a campanha. ‘‘Em um mês, ele fez mais leis do que em quatro anos.’’
Apesar da derrota, Vanhoni comemorou o fato de o PT ser um dos partidos que mais cresceu no Brasil este ano. Ele não quis se colocar como candidato do partido ao governo estadual em 2002. Disse que vai descansar por dez dias com a família e depois reassumirá sua cadeira na Assembléia Legislativa. ‘‘O futuro a Deus pertence. Lá na frente o partido vai discutir (o candidato a governador).’’
Para Samek, do ponto de vista político, o resultado da eleição de é ‘‘altamente positivo’’. ‘‘O partido nunca tinha passado de 10%, 11% nas eleições anteriores’’, afirmou. Em 1996, na eleição municipal, com o mesmo Ângelo Vanhoni, o PT não passou da quarta colocação. (V.D.)