O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, evitou reconhecer o resultado da eleição que alçou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto pela terceira vez e afirmou, nesta terça-feira (8), que a sigla fará oposição ao futuro governo. Ele também confirmou que Jair Bolsonaro (PL), a partir do momento que deixar a Presidência, terá um cargo no partido e salário pago pela sigla. A ideia é que ele desempenhe um papel na legenda e tente manter relevância pelos próximos anos.

Imagem ilustrativa da imagem Valdemar evita reconhecer derrota e anuncia função no PL para Bolsonaro
| Foto: Evaristo Sá/AFP

Em sua primeira entrevista coletiva desde que ocorreu o mensalão, escândalo que acabou com sua prisão, o dirigente partidário condicionou o reconhecimento da derrota de Bolsonaro ao relatório que o Ministério da Defesa apresentará sobre as urnas eletrônicas.

"Vamos ter que esperar o relatório amanhã [quarta]. Temos diversos questionamentos que fizemos ao TSE [Tribunal Superior Eleitoral], vamos esperar essas respostas", disse.

A Defesa anunciou que encaminhará para a corte, nesta quarta-feira (9), o relatório do trabalho de fiscalização do sistema eletrônico de votação, realizado pelos militares.

Valdemar disse ainda que os militares "vão trazer alguma coisa". "Não tenho dúvida disso, porque senão já tinham apresentado [antes], liquidado o assunto."

O dirigente partidário foi questionado por jornalistas se, ao não reconhecer a eleição de Lula, não poderia colocar em xeque também a vitória dos mais de cem parlamentares do PL.

Valdemar tergiversou. Primeiro, disse que "lógico que valeu" a eleição que consagrou seu partido como a maior bancada do Congresso. Em seguida, reconheceu que "pode ser que" a eleição de sua bancada fique ameaçada, a depender do relatório.

Questionado sobre o futuro de Bolsonaro, Valdemar afirmou não ter dúvidas de que ele será candidato à Presidência em 2026.

Disse ainda ser muito importante que Bolsonaro percorra o país para continuar cultivando os mais de 58 milhões de votos que ele teve no segundo turno. O ativo eleitoral do chefe do Executivo foi citado por várias vezes,

"Hoje nós queremos que ele comande o nosso partido. Queremos o Bolsonaro à frente dessa luta que ele construiu para elevar nosso partido a um patamar mais importante", afirmou Valdemar, ao anunciar cargo no partido ao atual mandatário.

"O PL não renunciará às suas bandeiras e ideias. Será oposição aos valores comunistas e socialistas, oposição ao futuro presidente", disse ainda.

Valdemar também condicionou o apoio à reeleição do presidente Arthur Lira (PP-AL) ao apoio do deputado a um candidato do partido no Senado.

GLEISI

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, disse que a posição do partido não irá definir os rumos da governabilidade no Congresso. "Além do PL, nós temos dezenas de outros partidos que nós estamos conversando, estamos dialogando, e temos a certeza de que vamos conseguir responder aos anseios do Brasil", afirmou a petista.

Bolsonaro foi o único presidente, desde a redemocratização, que perdeu a reeleição.

Ao longo do mandato de Bolsonaro, o Ministério da Defesa foi usado pelo presidente para amplificar os ataques contra o sistema eleitoral brasileiro.

Um dos instrumentos para isso foi o trabalho de fiscalização do processo de votação empreendido pelos militares, a partir da presença da Defesa na Comissão de Transparência Eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Inicialmente, a Defesa havia informado ao TSE que enviaria o relatório da fiscalização após o término da última etapa do procedimento, em meados de janeiro ou início de fevereiro. Nesta segunda, no entanto, a pasta informou que antecipará a entrega do documento, sem explicar o motivo da mudança nos planos.