A Fauel (Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Universidade Estadual de Londrina) apresentou o resultado da consultoria com proposições de mudanças na atual estrutura organizacional da Sercomtel S/A. O levantamento técnico apontou necessidade de mudança no sistema de gestão, enxugamento de cargos de diretorias e gerências, entre outros pontos, para diminuir o gasto com folha de pagamento, que atualmente compromete 38% dos custos da companhia com 460 funcionários. O diagnóstico feito a pedido da Prefeitura de Londrina foi protocolado junto com o PL (projeto de lei) 53/2020 que prevê um empréstimo de R$ 30 milhões para organizar as contas da telefônica e deve ser votado na próxima terça-feira (9) na Câmara Municipal após texto substitutivo.

Imagem ilustrativa da imagem UEL apresenta estudo para enxugar estrutura da Sercomtel
| Foto: Marcos Zanutto/9-2-2018

Segundo o presidente da Sercomtel, Claudio Tedeschi, o empréstimo é considerado um plano B, caso o novo leilão para a privatização da companhia, marcado para 6 de agosto, não tenha sucesso. "Lendo todos os pontos do estudo, a análise é a mesma que essa gestão viu desde o início junto com o prefeito Marcelo Belinati, que é necessário passar a Sercomtel para a iniciativa privada."

O diagnóstico traz 25 pontos positivos e 80 negativos. O levantamento da Fauel ainda demonstra como pontos fortes da companhia a capacitação técnica dos profissionais do quadro, estrutura física própria, identificação com a cidade, e sistema independente de compliance. Porém, ainda revela falta de investimento em tecnologia 4G e excesso de coordenadores e funcionários em algumas áreas. O estudo exemplifica que há 48 funcionários em operações e rede, mas aponta que 15 já seriam suficientes. "Remanejamento no setor público é complexo. É preciso investir em plano de incentivos para que as pessoas deixem a empresa", diz Tedeschi ao mencionar um PDV (Plano de Demissão Voluntária). Entre as principais sugestões, está enxugar o organograma para apenas duas diretorias e seis gerências, todas subordinadas à presidência. Atualmente são quatro diretorias e 11 gerentes.

AVANÇOS

A análise também apontou como ponto negativo a interferência política, por ser uma empresa estatal, com a mudança de diretoria a cada dois anos. A empresa pertence ao município de Londrina e também à sócia Copel, pelo governo do Estado, e está sujeita a troca de cargos após eleições. "Você não consegue tocar projetos a médio e longo prazo sem serem interrompidos. Sabemos que precisamos avançar além disso para investir em tecnologia, como fibra ótica", reconhece Tedeschi.

Segundo o presidente da Sercomtel, a ideia é que os R$ 30 milhões solicitados sejam depositados em uma conta específica para ser executado por equipe externa para não estar sujeita a interferências corporativas. "Precisamos que os recursos gerem os efeitos desejados, que é reposicionar a Sercomtel no mercado, tirando ela de um deficit crônico no entorno de R$1,2 milhão por mês, e passando-a em seis meses para um superavit de R$ 1,5 mi. Entretanto, tudo isso é um plano B, como a própria consultoria revela, a melhor solução é contar com capital privado."

ANÁLISE

Para o vereador Eduardo Tominaga (DEM), a consultoria da Fauel não traz dados concretos de uma possível adesão de funcionários ao PDV. "O estudo não mostra quantos deles estão dispostos a aderir e nem quanto dos R$ 30 milhões seriam investidos nessa redução. Não dá para votar apenas baseado nesse levantamento." Segundo ele, o empréstimo, caso aprovado pela Câmara, dificilmente irá reverter o processo de caducidade da Sercomtel na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). "Até porque a empresa precisará de mais investimentos para continuar competindo. Não é somente essa ação que vai trazer sobrevida à Sercomtel." Tominaga também cobra resposta da sócia Copel para enfrentamento da crise.