Trocas no PSDB não atraem Scalco e Richa
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quarta-feira, 27 de junho de 2001
Leandro Donatti De Curitiba
A saída dos senadores Alvaro e Osmar Dias e a entrega do comando do PSDB no Paraná ao deputado federal Luiz Carlos Hauly não foram suficientes para atrair o diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Euclides Scalco, e o ex-governador José Richa, de volta ao partido. Scalco e Richa continuam decididos a não retornar à vida político-partidária, como tem articulado o presidente nacional do PSDB, José Anibal, desde que condenou a decisão dos senadores do Paraná de aderirem à CPI da Corrupção, para investigar irregularidades no governo Fernando Henrique Cardoso.
As mexidas no diretório estadual foram interpretadas pelos aliados de Scalco e de Richa como maquiagem para garantir o mando de Alvaro no ninho. Apesar de Hauly ter uma identidade com o governo federal e manter uma relação amistosa com Scalco e Richa, a maior parte da nova executiva tucana é vista como sendo do grupo político dos irmãos Dias. Entre eles, os ex-deputados Hélio Duque e Haroldo Ferreira; o ex-secretário da Fazenda Erasmo Garanhão e o empresário Luiz Forte Netto, candidato a prefeito de Curitiba em 2000.
Forte Netto assumiu a 1ª secretaria da executiva, no lugar do reitor da Universidade Estadual de Londrina (UEL), Jackson Proença Testa, afastado do partido por não comparecer, sem justificativa, às oito últimas reuniões. O PSDB me cassou, admitiu ontem Testa, que na última eleição disputou com Hauly (e perdeu) as prévias para prefeito. Ele não acredita que o afastamento foi motivado pelas denúncias de corrupção na UEL.
Hélio Duque bateu de frente com Richa em maio de 1996, quando o ex-governador tentou, sem sucesso, emplacar a filiação do governado Jaime Lerner (PFL). A briga de Scalco com Garanhão é mais antiga. Foi travada durante o governo Richa (1983 a 1986). Scalco era o chefe da Casa Civil e trombou com Garanhão, o secretário da Fazenda na época. Garanhão foi acusado por outro secretário, Belmiro Valverde, que respondia pelo Planejamento, de pagar comissões indevidas em empréstimos internacionais. Scalco articulou o afastamento dos dois.
Para os aliados de Scalco e Richa, a cúpula nacional do PSDB ainda tem uma chance de atraí-los de volta para o partido: decretar a intervenção no diretório paranaense e promover uma limpeza, retirando o grupo alvarista do comando estadual. Na próxima terça-feira, a executiva nacional define se mantém ou não a proposta de intervenção no Paraná. Porém, a informação que circulava ontem em Brasília era que líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Juthay Magalhães Júnior (BA), já sinalizava intenção de arquivar o pedido de intervenção.
Para Hauly, a possibilidade de intervenção está afastada. Ele disse que o PSDB está de portas abertas para Scalco, Richa e ainda para o filho de Richa, o vice-prefeito de Curitiba, Beto Richa. Filiado no PTB, Beto tem pretensões de concorrer à sucessão de Lerner. Porém, Hauly salientou que tem posições político-partidárias e já avisou: Quem pilota o PSDB sou eu. Para cativar a confiança do comando nacional, ele disse que vai seguir a cartilha do partido e condenar a tentativa de criação de uma CPI contra FHC.
Confirmando a tese dos aliados de Scalco e Richa, Hauly não acredita que haverá debandada no ninho. O PSDB elegeu no ano passado 100 prefeitos e cerca de mil vereadores. O novo presidente não criticou a postura assumida por Alvaro e Osmar, de subescreverem a CPI da Corrupção. Eles são senadores maduros e experientes. São posições políticas tomadas por eles, classificou Hauly, que se reúne amanhã em Curitiba com a executiva estadual. O novo presidente do PSDB afirmou que continua oposição ao governo Lerner.
A Folha procurou Scalco e Richa ontem. Scalco estava em Brasília envolvido numa reunião sobre o racionamento de energia. Richa se encontrava em São Paulo tratando de negócios. Beto disse que ainda é muito cedo para se falar em futuro partidário. O vice-prefeito disse que tem até setembro para definir se sai ou não do PTB. Afirmou que a sua decisão está vinculada ao grupo político formado pelos deputados estaduais Hermas Brandão, Valdir Rossoni, Ademar Traiano e Tiago Amorim.
A saída dos irmãos Dias do PSDB será consumada hoje. Alvaro promete anunciar o seu desligamento num discurso no Senado, a exemplo do que fez ontem seu irmão. Alvaro e Osmar resolveram não esperar o resultado do Conselho de Ética que vai examinar o processo de expulsão deflagrado por Anibal. (Com agências)