SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) -O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu a faixa presidencial do "povo brasileiro", simbolizado nas figuras de uma criança, de um indígena, de um negro, de uma mulher, de um operário e de uma pessoa com deficiência. Dentre eles, três paranaenses, o professor Murilo de Quadros Jesus, a cozinheira Jucimara Fausto dos Santos e o militante Flávio Pereira.

Acompanharam, também, Lula na subida da rampa e na passagem da faixa o cacique Raoni Metuktire, o jovem Francisco, 10, a catadora Aline Sousa, o metalúrgico Weslley Rodrigues e Ivan Baron, jovem que teve uma paralisia cerebral causada por uma meningite na infância.

O ato ocorreu neste domingo (1º) na rampa do Palácio do Planalto, após o petista ser empossado pelo Congresso Nacional.

Jair Bolsonaro (PL) se recusou a passar a faixa para seu sucessor, desprezando o rito democrático —ele embarcou na sexta-feira (30) para os Estados Unidos para passar a virada do ano.

Conheça mais dos representantes que passaram a faixa presidencial.

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Murilo Jesus, 28

- Professor, é formado em letras (português/inglês) e mora em Curitiba.

Jucimara dos Santos

- Paranaense, a cozinheira fez pães na Vigília Lula Livre, em Curitiba. Hoje cozinha para a Associação dos Funcionários da Universidade Estadual do Maringá.

Flávio Pereira, 50

- Artesão, esteve na vigília em Curitiba, auxiliando nas tarefas do dia a dia.

Francisco, 10

- Mora em Itaquera, na zona leste de São Paulo, e é corintiano roxo. Filho de uma assistente social e de um advogado que atua em causas sociais. Em 2019, esteve no acampamento montado nas cercanias da Polícia Federal em Curitiba, onde o presidente Lula esteve preso.

Aline Sousa, 33

- Catadora desde os 14, seguiu a trajetória de sua mãe e de sua avó materna. Mãe de sete filhos, está em seu terceiro mandato como presidente da Central das Cooperativas de Trabalho de Catadores de Materiais Recicláveis do Distrito Federal.

Cacique Raoni, 90

- Liderança caiapó e um histórico defensor dos povos indígenas brasileiros

Weslley Rocha, 36

- Nascido em Diadema (SP), é metalúrgico do ABC desde os 18 anos. É DJ de um grupo de rap chamado Falange

Ivan Baron

- Teve meningite viral aos 3 anos, que causou paralisia cerebral no potiguar. Hoje atua pela inclusão e contra o capacitismo. Trata do assunto em sua conta no Instagram, onde tem mais de 350 mil seguidores.

BOLSONARO

Desde que Bolsonaro sinalizou a apoiadores que não participaria da posse, os detalhes da entrega da faixa presidencial viraram motivo de especulação e foram tratados como mistério pelo entorno do petista.

Às vésperas do evento, os detalhes ficaram restritos, além do próprio petista, apenas à primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, e ao fotógrafo Ricardo Stuckert, que cuida da imagem do ex-presidente há duas décadas.

"Quem entrega a faixa é o povo brasileiro, que, segundo a Constituição, é o detentor do poder", disse, neste domingo (1º), o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), escolhido para ser líder do governo no Congresso.

Segundo interlocutores de Lula, duas ideias eram discutidas: que o petista recebesse a faixa de um grupo de pessoas que representassem a diversidade do povo brasileiro ou de um grupo de crianças, para simbolizar não só a diversidade do país, mas também o futuro.

Havia ainda a possibilidade de que o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), passasse a faixa. Ele foi sondado por petistas, mas segundo interlocutores do parlamentar, a transição não confirmou se pretendia levar adiante a ideia.

Nas redes sociais, petistas fizeram campanha para que o acessório fosse entregue a Lula por Dilma Rousseff, que teve seu mandato interrompido em 2016 após processo de impeachment. A ideia, no entanto, não chegou a ser considerada pela ex-presidente nem por Janja, segundo relatos.

A faixa presidencial foi criada em 1910 pelo então presidente Hermes da Fonseca como ato simbólico, mas o presidente que deixa o cargo não tem obrigação legal de participar do rito.

Assim como Bolsonaro, o ex-presidente João Baptista Figueiredo, último do período da ditadura, se recusou a passar a faixa para seu sucessor, José Sarney. Ele decidiu não participar da cerimônia de posse, preferindo acompanhá-la pela televisão.