Toffoli defende Judiciário e diz que 'corporações' ocupam vazio da elite nacional
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quarta-feira, 30 de outubro de 2019
Paula Reverbel, Pedro Venceslau e Paulo Roberto Netto
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, fez uma defesa enfática do poder Judiciário nesta quarta-feira, 30, e disse que as corporações e a burocracia ocuparam o espaço da elite nacional e dos partidos políticos na formulação de um projeto de nação.
"Não temos uma elite nacional, então a burocracia ocupou esse espaço. Infelizmente os partidos políticos não fazem projetos de nação, nem as universidades. A sociedade civil faz projetos setoriais, como na área da infância ou da saúde. Quem ocupa esse vazio são as corporações. O interesse do sistema financeiro tem o mesmo interesse do Oiapoque ao Chuí", disse Toffoli, durante almoço com participantes do Estadão Summit Brasil - O que é Poder, evento que se realiza nesta quarta-feira na capital paulista.
Toffoli entrou no tema ao comentar o fato das corporações terem ficado em segundo lugar na enquete que ele fez com a plateia sobre quem exerce o poder. Entre as alternativas, estavam Poder Executivo, Congresso e Ministério Público, entre outros. O parlamento ficou em primeiro lugar, corporações em segundo, e o Ministério Público e as redes sociais em terceiro.
Sem citar o PSL, ele usou como exemplo o fato do maior partido político ter 10% do Congresso, enquanto a Frente Evangélica tem 250 participantes. Em outro trecho do discurso, o presidente do STF defendeu a atuação da Corte, que vem sendo alvo do ataque de bolsonaristas nas redes sociais. "Se não gostou da decisão critica, isso faz parte do estado democrático de Direito, é preciso pensar: será que o Supremo é o problema? Ou é a cultura do litígio?", questionou o ministro.
Para Toffoli, o Judiciário deve ser a última razão a ser chamada. "Se quiserem se resolver politicamente, que se entendam. "O Judiciário tem que cuidar do passado. Não fomos eleitos. Temos que dar estabilidade e segurança jurídica".
O ministro também apontou dados sobre a atuação da Corte, afirmando que o judiciário brasileiro é o mais demandado do mundo.
Mais cedo, um grupo pequeno de manifestantes se reuniu na porta do evento em protesto ao Supremo Tribunal Federal, que retoma na próxima semana o julgamento da possibilidade de prisão em segunda instância. A medida pode beneficiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e atingir sentenças da Operação Lava Jato. O presidente do STF deixou o evento sem falar com a imprensa.