O prefeito de Londrina, Tiago Amaral (PSD), reclamou nesta quinta-feira (6), durante uma entrevista coletiva, sobre a “herança” deixada pela gestão do ex-prefeito Marcelo Belinati (PP) na tarifa do transporte coletivo.

Hoje, o londrinense paga R$ 5,75, mas a tarifa técnica, cuja diferença é custeada pelos cofres públicos, subiu de R$ 8,75 para R$ 11,8, na área da TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), e de R$ 8,26 para R$ 10,2, na área da LondriSul, conforme decreto publicado pelo ex-prefeito no dia 30 de dezembro de 2024.

Questionado sobre possíveis mudanças no valor da passagem, o prefeito disse que um estudo está sendo desenvolvido e será apresentado em breve, mas criticou a forma como o processo foi conduzido. “Ao que tudo indica, realmente foi irresponsável, mas isso vai ser apresentado pelo corpo técnico”, disse.

Tiago disse desconhecer outra cidade cuja diferença seja tão grande e que, no final das contas, o custo alto fica para o cidadão - uma vez que há aplicação de recursos públicos.

“Pago direto na tarifa ou não, vai ser pago pelo cidadão. Essa surpresa, ‘presentinho’ de última hora [o decreto do dia 30], realmente é assustador a forma como foi conduzido. Mas, como eu disse, vai ser apresentado pelo nosso time.”

Em meio aos estudos feitos pela Prefeitura, Tiago Amaral falou que "não necessariamente" será decreto algum aumento na tarifa pública - como aconteceu nos últimos dois anos - e que o intuito é minimizar o impacto para quem está na ponta. “Estamos pensando bastante sobre isso”.

'INACEITÁVEL'

O prefeito ainda se manifestou sobre as péssimas condições estruturais do Flores do Campo, na zona norte de Londrina. Com as fortes chuvas dos últimos dias, um lamaçal se formou nas estradas sem pavimentação, o que deu muita dor de cabeça para os moradores. Vídeos de crianças andando pela lama para ir à escola repercutiram na última terça-feira (4).

"Estou muito indignado com a situação que todos nós vimos no Flores do Campo. Aquilo é inaceitável, não dá. Dignidade do ser humano não tem a ver com regularidade de terra ou de área, tem a ver com a pessoa. Não dá para a gente ter crianças naquela situação", destacando que vários trabalhadores que moram na comunidade "não conseguem chegar direito ao seu local de trabalho porque a rua simplesmente inexiste".

Na quarta (5), o secretário de Governo e coordenador do comitê de crise montado pela Prefeitura, Rodrigo Souza, falou em aplicar moledo nas estradas da ocupação como medida paliativa.

Em dezembro, o governo federal destacou a conclusão das obras do Flores do Campo, onde vivem aproximadamente 600 famílias. A comunidade conta com imóveis inacabados, não possui asfalto e nem rede de esgoto e energia elétrica regularizados. Em 2017 foi montada uma operação de reintegração de posse, mas a Justiça Federal cancelou a iniciativa.

O Flores do Campo começou a ser edificado em 2013, com projeção de investimento de R$ 83 milhões, mas a obra, que era prevista para 2015, foi paralisada com 46% de execução. O governo federal já indicou que o local será devolvido ao município. A tendência é que um novo empreendimento seja feito para receber as famílias, em outro local.

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