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Ainda no páreo para a Prefeitura de Londrina, o deputado estadual Tiago Amaral (PSD) chega ao segundo turno com pouco mais de 113 mil votos dos londrinenses. Nesta etapa complementar, marcada por ataques mútuos, o candidato atribui o começo das rusgas ao grupo adversário e diz que é “pressionado a reagir”.

Em sabatina à Folha de Londrina e Portal Bonde, Amaral afirma que não há promessas de secretarias a nenhum dos apoiadores, mas que comporá a equipe com aqueles que “caminharam com a gente”. Também afirma que é contra a vacinação obrigatória contra a Covid-19, mas que é obrigação garantir a imunização a todo londrinense que quiser.

Confira trechos da entrevista.

A campanha do segundo turno tem sido marcada por ataques dos dois lados. O senhor não acredita que essa postura pode afastar o eleitor?

O interesse de afastar os eleitores é do grupo que está aí. Não fui eu que comecei com isso. Eu tenho sido atacado desde antes de começar a eleição. A Folha noticiou minha primeira vitória da Justiça, já multando e dando a determinação de retirada de circulação de um material apócrifo, tentando nos associar a algum tipo de corrupção. Isso é um absurdo e começou antes da campanha, atacando a minha família, atacando a todos. Inclusive, tivemos candidatos a prefeito que me atacaram no horário eleitoral do primeiro turno. E eu já tenho quase 20 ações ganhas e a primeira decisão que saiu contra é de agora. Quem inaugurou o segundo turno com ataques, novamente, foi o atual grupo político que é representado há 30 anos, que veio expondo mensagens e informações mentirosas para tentar rebaixar a gente no mesmo nível deles. Isso nos pressiona a reagir para deixar claro que é contra um grupo que tem uma história de corrupção, infelizmente, que a gente está lutando.

O senhor passou boa parte do primeiro turno se esforçando em demonstrar tudo aquilo que faz do senhor um londrinense. Por que não teve depoimento de colegas de escola, de amigos de infância, apoio de colegas de faculdade?

Porque não é algo que, para mim, surtiu algum tipo de interesse. Acho que o fato de eu ser londrinense, nascido aqui, criado aqui, fala por si. O mais importante para as pessoas não são as conexões da nossa infância. Acho que o mais importante é colocar para elas essa mudança que a gente está representando.

O senhor criticou o número de servidores temporários na Prefeitura de Londrina. Mas, apoia o governo Ratinho Junior (PSD), que tem muitos professores contratados via Processo Seletivo Simplificado. Afinal, como prefeito, vai priorizar concurso público ou contratar servidor temporário?

Sempre que possível, a ideia é trabalhar com efetivos nas áreas que são primordiais. Na educação, na saúde, quanto mais nós pudermos ter servidores na base, que sejam de carreira, é melhor. Vou dar um exemplo aqui na saúde. As UBSs (Unidades Básicas de Saúde), quando você faz a contratação em caráter temporário, não necessariamente são profissionais com uma experiência grande. Eu estou me referindo à experiência prática. Quando você fala de unidade básica de saúde, as pessoas que você encontra devem ser, teoricamente, conhecidas por quem trabalha ali já há algum tempo. Como vai conseguir entregar isso em alto rendimento se você colocar PSS? Quanto mais possível for eu contratar servidores de carreira, principalmente para essas áreas que eu já citei, eu farei.

O senhor é a favor da vacinação obrigatória contra a Covid-19?

Não, da Covid-19 eu não sou a favor. Eu entendo que há uma discussão em relação a isso, mas eu sou plenamente a favor de disponibilizar essa vacina para todos que quiserem tomar. Mas, [a vacina] da Covid-19, que ainda há muitos questionamentos, eu mesmo fiquei na dúvida na hora de tomar a segunda dose. Eu tomei só a primeira. Eu conversei com muitos médicos e sei que existem divergências. A Covid se transformou em um tema muito político. Por ter essa discussão, na minha avaliação, eu não tenho que impor às pessoas. Agora, em relação às vacinas já tradicionais, essas eu não abro mão.

O seu plano de governo propõe internação compulsória de moradores de rua em casos extremos de dependência. Como colocar isso em prática?

Um internamento compulsório, nestes casos, é necessário para preservar a vida da pessoa. E depois que ela estiver recuperada, tratada, aí ela faz o que ela quer da vida dela. Não podemos subverter a ideia de que viver num espaço público é a mesma liberdade de ir e vir. Morar em um espaço público, ninguém tem esse direito. E, mais do que isso, você não dá dignidade para ninguém morando na rua. Será que é dignidade as pessoas ficarem sem roupa, tomar banho ao ar livre? Estamos falando de não ter um local para tomar banho, não ter uma alternativa. Eu quero dar dignidade a essas pessoas e sei que, na rua, elas não terão. Nós temos que reduzir as pessoas nesta situação com uma política clara que mostre que Londrina não é acolhedora para moradores de rua. Quem quiser vir para cá para trabalhar, mesmo que não tenha condições, não tenha onde viver, pode vir. Mas, desde que tenha disposição para trabalhar.

O senhor afirma que a atual gestão destruiu o FILO (Festival Internacional de Londrina), mas a maior parte dos recursos públicos que financia ainda é municipal. Qual é a sua proposta para fortalecer o festival?

Nas últimas edições, fui o captador de recursos junto ao governo do Estado para o festival. Então, falo isso com muita propriedade, porque é triste a gente ver o sumiço de praticamente todos os festivais de Londrina, festivais internacionais de referência que já trouxeram grandes artistas. É claro que a cultura nos interessa muito. E a cultura vai ser o caminho para devolvermos a vida ao centro de Londrina. Vamos transformar o nosso Calçadão num polo gastronômico e trazer eventos culturais. Temos aqui pelo menos quatro teatros: o [Cine Teatro] Ouro Verde, o Mãe de Deus, o Zaqueu de Melo e o Vila Rica. São teatros históricos da nossa cidade que hoje estão em plenas condições de uso. Temos a Concha Acústica, um teatro a céu aberto, o teatro do Zerão, do Lago Igapó. São espaços que mostram a essência e a mentalidade do londrinense. O londrinense viveu, vive e ama a cultura, os seus teatros, os seus festivais, as expressões culturais. Eu tenho muita liderança hoje em frente ao setor produtivo. Nós faremos com que os nossos empreendedores tenham dois focos de apoio, a cultura e o esporte.

Qual foi o último espetáculo do Filo que o senhor viu?

Acho que 2018 ou 2019. Acho que foi isso. Mas, quero deixar claro que não sou um apaixonado, tá? Não estou aqui para dizer que eu cresci nos festivais. O que estou dizendo é que eu conheço a história dos nossos teatros, dos nossos festivais, e reconheço a importância que eles têm. E eu, como prefeito, tenho que incentivar isso. Agora, se me perguntar da Expô [Exposição Agropecuária de] Londrina, eu te descrevo uma a uma.

O PL, [partido do deputado] Filipe Barros, é um dos maiores apoiadores da sua campanha. Qual que vai ser o peso do PL na definição do seu secretariado?

Sendo muito franco, a distribuição de secretarias, quem faz é o grupo que está aí. Eles é que têm essa marca de velha política que distribui secretarias, que já ofertaram secretarias para todo mundo. Eu desafio alguém a me dizer qual cargo ou qual secretaria que foi ofertada por mim. O que nós estamos construindo é a união de pessoas por um propósito, pela nossa cidade. Londrina não é pequena a ponto de ser fechada apenas na cabeça de quem está no comando da prefeitura, como acontece hoje. No caso das nossas secretarias, só tem dois critérios: ficha limpa e competência. E, se não servir, eu tiro. Vou montar o secretariado com quem? Com pessoas que nós tivemos relacionamentos ou pessoas, em primeiro lugar, que caminharam com a gente. Naturalmente, você não vai montar uma equipe de trabalho com pessoas que você não conhece. Então, começa buscando nessas pessoas e, se não achar, vai procurar outras pessoas que atendam a tua necessidade técnica.