Por falta de adesão, presidente teve de cancelar jantar com aliados
Por falta de adesão, presidente teve de cancelar jantar com aliados | Foto: José Cruz/Agência Brasil



Na tentativa de neutralizar o apoio da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) ao impeachment, o presidente Michel Temer (PMDB) iniciará movimento a partir desta segunda-feira (22) em busca de manifestações públicas de apoio junto a outras entidades da sociedade civil. A equipe do peemedebista discute fazer ofensiva sobre a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), CNI (Confederação Nacional da Indústria), Concepab (Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil), entre outras.
O objetivo é fazer um contraponto e tentar passar a mensagem pública de que o presidente ainda conta com respaldo da sociedade para seguir à frente do Palácio do Planalto. Na madrugada do domingo (21), o Conselho Federal da OAB decidiu formular pedido de impeachment que será protocolado na Câmara dos Deputados.
A equipe do presidente critica a entidade de advogados, avalia que ela adotou um posicionamento "mais político que jurídico" e se "precipitou", não aguardando resultado de perícia determinada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin na gravação entre o peemedebista e o empresário Joesley Batista, da JBS.
O Palácio do Planalto considera que a OAB "perdeu o timing" em relação ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e, agora, tomou uma "decisão apressada" para evitar ficar mais uma vez a reboque de partidos de oposição. Nos bastidores, contudo, assessores e aliados presidenciais reconhecem que a decisão fragiliza o presidente e pode fortalecer movimentos de rua favoráveis à renúncia do peemedebista e à convocação de eleições diretas.
Já o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, admitiu que o pedido da OAB surpreendeu o governo. "É algo que surpreende porque a OAB, tradicionalmente, é uma entidade que tem sido sustentáculo da institucionalidade e da legalidade no exercício do poder no Brasil", afirmou.
Embora o PSDB e DEM já estejam avaliando, nos bastidores, uma saída alternativa para a crise, com a construção de um nome de consenso para substituir Temer, caso a situação fique insustentável, Padilha afirmou que os dois partidos estão "firmes" na base aliada. Questionado sobre a decisão do PSB de romper com o governo, o chefe da Casa Civil procurou amenizar o fato. "O PSB sempre foi dividido e vai continuar dividido", respondeu.
A reportagem apurou que as cúpulas do PSDB e do DEM só aguardam o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o pedido feito pela defesa de Temer, que quer a suspensão do inquérito contra ele, para decidir se os dois partidos continuam ou não dando sustentação ao governo.

JANTAR
Temer se reuniu na manhã do domingo com assessores e auxiliares da área jurídica para discutir estratégia de reação à crise política deflagrada com a delação premiada dos executivos da JBS. À tarde, por falta de adesão, cancelou um jantar que ofereceria a políticos aliados. (Com Agência Estado)