Curitiba - Servidores públicos que protestavam contra a reforma da previdência estadual ocuparam as dependências da AL (Assembleia Legislativa) do Paraná, em Curitiba, nessa terça-feira (3). Impedidos de acompanhar a sessão - o presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), liberou a entrada de 200 pessoas -, eles forçaram as grades de dois portões e conseguiram acessar o prédio.

Imagem ilustrativa da imagem Servidores ocupam Assembleia em protesto contra reforma da previdência
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| Foto: Mariana Franco Ramos - Grupo Folha
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Em um primeiro momento, a PM (Polícia Militar) respondeu com gás lacrimogêneo, spray de pimenta e, segundo relatos de manifestantes, cacetetes e balas de borracha. Na sequência, recuou e deixou livre a entrada. Conforme a APP-Sindicato, que representa os professores estaduais, cerca de cinco mil trabalhadores, muitos vindos do interior, participaram da mobilização. A PM não divulgou contagem de público.

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| Foto: Mariana Franco Ramos - Grupo Folha
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Mesmo com o clima tenso, Traiano abriu a sessão, que ocorreu a portas fechadas, sob forte esquema de segurança. Jornalistas e assessores de parlamentares ficaram do lado de fora. Depois de subirem a rampa, os servidores se dirigiram ao portão do comitê de imprensa, que estava trancado, e quebraram as grades e as portas de vidro. De dentro do plenário, a PM seguiu disparando spray e gás. Os manifestantes resistiram, furaram o bloqueio e o tucano resolveu suspender os trabalhos.

A APP informa que um professor foi preso e que outros dois ficaram feridos, incluindo uma professora de Santa Tereza, na região Oeste, que precisou ser hospitalizada. Mais três servidores, de acordo com a entidade, foram atendidos pelas equipes de saúde no local e passam bem.

Já a Polícia Militar diz que deteve quatro pessoas. Após lavrado boletim de ocorrência, todas foram liberadas. A corporação não registrou feridos, pois afirma que ninguém se apresentou relatando qualquer tipo de problema. Sobre uso de balas de borracha, gás e cacetetes, a assessoria de imprensa da PM falou apenas que, no momento da ocupação, houve "uso progressivo da força".

Os manifestantes prometem continuar mobilizados, dentro e fora da Assembleia. De um caminhão de som na Praça Nossa Senhora de Salete, entre o Parlamento e o Palácio Iguaçu, lideranças passam orientações.

TRAIANO VAI À JUSTIÇA

O presidente da Assembleia adianta que vai recorrer à Justiça para garantir a votação dos projetos. Segundo ele, se não houver liberação do plenário, os responsáveis devem ser multados. "Não tenho uma definição ainda se continuamos o processo no dia de amanhã [quarta]. Eu entrei com uma medida jurídica, para fazermos com que os invasores saiam do plenário, e aí eu vou tomar a decisão no tempo certo".

Na avaliação do tucano, "um dos pilares da democracia, que é o Parlamento, foi mais uma vez invadido por vândalos, que se manifestam como servidores públicos". "Temos imagens das pessoas que invadiram o plenário, todas encapuzadas, afrontando a Polícia Militar, destruindo o patrimônio público, jogando pedras nos policiais. Arrebentaram os vidros.", afirma.

Conforme o líder do governo na Casa, Hussein Bakri (PSD), cabe à Mesa tomar providências sobre o ocorrido. "Eu, como cidadão, lamento algumas cenas que ocorreram aqui. Não são dignas do processo democrático. Quando o Parlamento é invadido todos perdem". O deputado argumenta que os projetos estão na AL "há algum tempo", foram sim discutidos e tramitam dentro do prazo legal.