A bancada paranaense no Senado formada por Alvaro Dias, Oriovisto Guimarães e Flávio Arns – todos do Podemos – teve seus votos vencidos na eleição de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) para presidir a Casa. Contrários com a forma pela qual a disputa se travou nos bastidores do Congresso, os três entendiam que Simone Tebet (MDB-MS), em quem declararam voto, seria uma voz de maior independência em relação ao Planalto. Apesar da discordância, o momento é de reorganizar as forças para a volta dos trabalhos legislativos. “Em nenhum momento condenamos o nome do presidente do Senado Federal. Condenamos a forma, o modelo, o protocolo seguido, o sistema que nos leva a esse nefasto toma lá, dá cá, que é porta aberta para a corrupção. Esta é a condenação que fazemos, agora fato consumado”, afirmou Dias à FOLHA.

Imagem ilustrativa da imagem Senadores paranaenses sentem falta de pautas éticas em fala de Pacheco
| Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Em sua opinião, a preocupação daqui por diante é que sejam encaminhadas as propostas que possam tocar as necessidades do País. “Precisamos de reformas que são essenciais para o País. Nós temos esperança que o presidente Pacheco exercite na sua plenitude a independência, sem se agachar diante de posições do Executivo, mas trabalhando pela governabilidade com o objetivo de servir o País”, disse. Líder do partido no Senado, Alvaro Dias já fala em trabalhar em conjunto. “Nós, que integramos o Podemos, estamos dispostos a colaborar com a nova gestão, desde que o Senado recupere o protagonismo ético e se coloque à frente do debate nacional, de importância, buscando um projeto estratégico de desenvolvimento econômico, que já tem um atraso de 30 anos”.

O discurso de posse de Pacheco agradou aos parlamentares paranaenses, mas deixou a desejar quanto ao tema mais caro ao grupo, o combate à corrupção. “O novo presidente não abordou as bandeiras éticas tão fundamentais para o Brasil. Como a prisão após julgamento em segunda instância, fim do foro privilegiado, que são bandeiras defendidas por toda a população. Agora, teremos dois anos e toda a sociedade tem que estar atenta e vigilante, mas junto com o Congresso e as instituições, porque é preciso diálogo e entendimento. Queremos um país leve, organizado e pacífico”, apontou Arns.

No mesmo caminho disse Dias, que não viu no pronunciamento do senador Rodrigo Pacheco nenhum motivo de espanto. “Gostei das primeiras manifestações dele, mas não se constituíram surpresa. Já conhecemos o seu pensamento político, acredito que ele realmente vá procurar promover avanços e, evidentemente, teremos as mesmas dificuldades quando tratamos da agenda ética. Há uma grande resistência no congresso e sabemos que ela não estará superada com a eleição dos novos presidentes”, alertou Dias.