Os senadores paranaenses Flávio Arns (Podemos) e Oriovisto Guimarães (Podemos) garantiram à FOLHA que adotarão postura de independência no terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente da Presidência da República. Os parlamentares destacaram que já mantêm um papel republicano em relação ao governo Jair Bolsonaro (PL), o que iria se repetir se o candidato do Partido Liberal tivesse conquistado a reeleição.

Imagem ilustrativa da imagem Senadores paranaenses pregam independência em governo Lula
| Foto: Roque de Sá/Agência Senado

“Se achar que é um projeto bom, que respeita a propriedade privada, os nossos valores, cria riqueza, empregos, vou votar a favor. Se achar que só vai criar insegurança jurídica, confusão, vou me opor violentamente. Função de parlamentar não é apoiar ou deixar de apoiar, mas pensar o País como um todo”, disse Oriovisto, líder do partido na Casa. “Sempre que houver a necessidade de interlocução com as instâncias do Executivo para que a nossa gente tenha suas necessidades atendidas lá estarei, fazendo o meu melhor”, afirmou Arns.

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Ao mesmo tempo que elegeu Lula, a maioria da população escolheu para as vagas do Senado em 2023 candidatos alinhados a Bolsonaro. Dos 27 senadores que ganharam a eleição, 20 apoiam ou simpatizam com o atual presidente, derrotado nas urnas. Sergio Moro (União Brasil), eleito pelo Paraná, é um deles.

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| Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Na avaliação dos dois senadores que têm mandato até 2026, a agenda que será proposta por Lula vai balizar as decisões na Casa acima das diferenças. “O Congresso Brasileiro é maduro e consciente de suas responsabilidades, sendo tão antigo quanto é a nossa identidade nacional. Não temo que vieses ideológicos subverterão os legítimos e evidentes interesses dos brasileiros. Priorizando o diálogo, o presidente eleito encontrará um caminho seguro por onde transitar com seu governo”, projetou Arns, que já foi filiado ao PT nos anos 2000.

REFORMAS E PACIFICAÇÃO

Ambos defendem a necessidade de pautar reformas estruturantes para o País, como a Tributária e Administrativa. “Sem leis claras que deem segurança para os empreendedores, para as pessoas que vão investir dinheiro no Brasil, sejam nacionais ou internacionais, sem garantia de propriedade muito clara, sem paz no campo, na sociedade, esse País não vai a lugar nenhum e nós só podemos trazer essa paz e tranquilidade para todos com as leis estruturantes. Essa é a pauta do Brasil e a pauta que o brasileiro tem que cobrar do Congresso”, sinalizou Oriovisto.

Após uma eleição polarizada e disputada voto a voto – Lula foi escolhido por 50,9% dos eleitores, contra 49,1% de Bolsonaro -, Flávio Arns ressaltou a importância da pacificação nacional. “Infelizmente, os últimos anos foram de muita acidez política, o que causou grande mal para a harmonia nacional. Vamos nos pacificar, fortalecer nossos pontos de união e relegar à insignificância os radicalismos. Essa será a principal pauta”, pontuou.

"LEIS PARA SEMPRE"

Em seu primeiro mandato como senador, Oriovisto Guimarães advertiu sobre a postura de parte da população de tratar candidatos à Presidência como “salvadores da pátria”. “Adotamos soluções personalistas. Sempre acreditamos que uma personalidade vai salvar ou arruinar a nação e isso é um grande engano”, alertou. “Fizemos a lei que dá mandato ao presidente do Banco Central, por exemplo. O Lula ganhou e o Banco Central continuará a ser presidido pelo Roberto Campos Neto. As leis são para sempre. O presidente somente para quatro anos”, acrescentou.

OPOSIÇÃO

A reportagem entrou em contato com a assessoria de Sergio Moro, porém, ele não teria agenda para atender nesta segunda-feira (31). Após o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) declarar a vitória de Lula, algoz de Moro na época de operação Lava Jato, o senador eleito postou nas redes sociais que irá “trabalhar pela união daqueles que querem o bem do País” e adiantou que estará na oposição.

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