Apoiadores e críticos da operação Lava Jato traçaram estratégias para o debate com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, nesta quarta-feira (19), na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), no Senado. O ministro dá esclarecimentos sobre as mensagens atribuídas a ele e aos procuradores do MPF (Ministério Público Federal), publicadas pelo site “The Intercept Brasil”. Assista:

Enquanto aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) no Senado tentarão conduzir um debate no campo jurídico, a oposição quer promover uma discussão política para tirar o ex-juiz da Lava Jato na Primeira Instância de sua zona de conforto. Para evitar desgaste para o governo, Moro se ofereceu para ir voluntariamente ao Senado, ambiente mais controlado para ser interpelado. Nessa terça (19), a CCJ também aprovou convite para que o procurador Deltan Dallagnol preste esclarecimentos sobre as mensagens.

Imagem ilustrativa da imagem Senadores do PR prometem apoio a Moro em sessão na CCJ; acompanhe ao vivo
| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

A bancada paranaense no Senado pretende comparecer em peso para apoiar o ministro Moro. Para Alvaro Dias (PODE-PR), a própria decisão de Moro em ir dar esclarecimentos é motivo de tranquilidade. “Ele não terá nenhuma dificuldade de se apresentar aos senadores. Além de ele ser um símbolo da Operação Lava Jato e ter apoio popular, não há como afirmarmos que as mensagens vazadas sejam fidedignas”, afirmou Dias à FOLHA.

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| Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Já Flávio Arns (REDE-PR) ressaltou o papel do ex-juiz para o País. “O ministro Sérgio Moro tem o nosso apoio. Ele é responsável por uma nova página na história do Brasil, com ética, transparência e combate à corrupção. Esse momento importante para o país precisa ter continuidade”, disse Arns.

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| Foto: Pedro França/Agência Senado

Na avaliação do senador Oriovisto Guimarães (PODE-PR), há uma confusão entre neutralidade e imparcialidade por parte da sociedade. “O juiz é proibido de ser neutro e tem, sim, que falar. Olha o que acontece no Supremo Tribunal Federal: a Raquel Dodge senta-se ao lado do presidente, ela participa de todos os cafezinhos, conversa com intimidade com todos os juízes.

Ela é a Procuradora Geral da República, representa o estado e ela tem o que falar. Ele vem dar explicações e até ensinar um pouco de direito para as pessoas”, afirmou à FOLHA o senador. Ele ainda atacou frontalmente os críticos à Lava Jato. “É cínica essa tentativa de oposicionistas que tiveram um projeto de poder baseado em ilegalidades que querem ver ilegalidades onde não existe. E claro, ajudados por aqueles que se locupletaram e estão sendo processados. Desejam anular a Lava Jato, que foi sensacional para o País”, concluiu Guimarães.

Embora senadores digam acreditar que o PT não estará à vontade na sessão porque qualquer manifestação mais enfática poderá soar como bandeira contrária ao combate à corrupção, o líder da sigla no Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirma pretender indagá-lo sobre o seu comportamento como juiz federal. “A discussão vai ser um pouco política: quais as consequências destas condutas que ele teve, o que trouxe para o Brasil?”, disse Costa.

Do lado governista, a intenção é não deixar Moro cair em provocações que o levem para o debate político, o que pode tirá-lo de sua zona de segurança. “Se ele ficar no campo técnico jurídico, briga duas horas sem botar o pé no chão, porque ele é professor. Duvido que ele vai cair para o campo político e se agastar com um bate-boca com senador dentro do Senado, não é o perfil dele. Achar que vai nocauteá-lo para a opinião pública, não vejo a menor possibilidade disso", disse o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (SP).

CÂMARA

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados também se movimentou para cobrar respostas sobre os vazamentos e aprovou na manhã dessa terça-feira (19) um convite ao ministro da Justiça, a pedido do deputado Márcio Jerry (PcdoB-MA), Sergio Moro para “prestar esclarecimentos sobre a gravidade dos fatos revelados pelo portal de notícias 'The Intercept Brasil'”.

Também será convidado o jornalista norte-americano Glenn Greenwald, editor e fundador do site responsável pela divulgação das mensagens. Ambos deverão participar de sessões diferentes. Os deputados Camilo Capiberibe (PSB/AP), Carlos Veras (PT-PE), Túlio Gadelha (PDT-PE) e Helder Salomão (PT-ES) foram responsáveis pela solicitação da audiência pública com Greenwald. (Com agências).