O secretário-geral do Senado, Raimundo Carreiro, encaminhou ontem à presidência da Casa um ofício que responsabiliza o presidente licenciado do Congresso, senador Jader Barbalho (PMDB-PA), pela decisão de engavetar, por mais de três meses, um requerimento de informação ao Banco Central sobre o caso Banco do Estado do Pará (Banpará).

Com base nessa informação, a comissão do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado fundamentará o pedido para a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador paraense, uma vez que ele agiu em proveito próprio, o que é ''abuso das prerrogativas constitucionais''.

Jader poderá ser acusado ainda de crime de perjúrio porque, em depoimento à comissão na quarta-feira, assegurou, de forma categórica, que não engavetou o requerimento na época em que o Senado estava sob o comando dele.

Já o ex-gerente do Banpará, Marcílio Guerreiro, disse ontem, em Belém, que não sabia do destino de cinco cheques administrativos que ele assinou e que teriam ido parar nas contas de Jader. Guerreiro deu um depoimento de três horas ao corregedor do Senado Romeu Tuma (PL-SP), na superintendência da Polícia Federal. Guerreiro teria assinado cinco cheques administrativos em 84, do total de 13, que teriam ido parar na conta do Itaú, no Rio, movimentada por Jader.

Também ontem os advogados do vice-presidente do PMDB de Altamira (PA), José Soares Sobrinho, ingressaram com um pedido de habeas-corpus no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1 Região, em Brasília. Aliado político do presidente licenciado do Senado, Jader Barbalho, Soares Sobrinho está preso desde sábado na penitenciária de Santarém (800 km de Belém), por acusação de coação a testemunhas e obstrução das investigação do caso Sudam na região.