O secretário de Obras de Londrina, Otávio Gomes, revelou que um de seus objetivos na pasta é reduzir o estresse da população e, para isso, pretende iniciar a pavimentação de ruas no período noturno.

Em entrevista à FOLHA, o arquiteto revelou que já iniciou os trâmites, mas que os trabalhos dependem de equipamentos específicos que a Secretaria de Obras ainda não possui, por isso ainda não há uma previsão de data.

“Estamos fazendo a verificação para iniciar a pavimentação fora do horário comercial, à noite. É uma prática feita em grandes cidades. Mas se eu ainda não tenho um equipamento decente para trabalhar durante o dia, como vou expor alguém ao risco à noite? Não tem nem sinalizações nos caminhões”, explicou Gomes, que criticou o sucateamento do maquinário.

“Temos vários problemas e temos que falar de maquinário. Nossa secretaria está sucateada. Caminhões doados pelo Corpo de Bombeiros que hoje estão irregulares. São eles que estão fazendo as obras agora. Já estou solicitando uma série de equipamentos, considerando isso para fazermos a coisa correta. Como vou cobrar meu servidor de um bom serviço se não tem equipamento para isso? Precisamos buscar as mais diversas emendas, fundos, financiamento, aprimorar todo nosso maquinário, nossa frota de caminhões, para poder cobrar resultados.”

O secretário estimou um valor de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões em investimentos no setor de máquinas.

“Estimo isso para começar em maquinários. Caminhões, alguns tipos de máquinas, equipamentos de segurança. Temos que profissionalizar. A gente não passa credibilidade com os equipamentos que temos hoje”, seguiu o novo chefe da pasta, que ainda admitiu que há uma preocupação com os ruídos noturnos caso mude o horário da pavimentação em Londrina. Segundo ele, testes serão realizados antes que os trabalhos sejam iniciados.

Defasagem salarial e atrasos

Outro problema que tem sido enfrentado na Secretaria de Obras é a falta de pessoal. Conforme Otávio Gomes, o déficit é de 40 pessoas em relação à equipe que encerrou o ano de 2024. Além disso, há uma defasagem salarial que tem dificultado a formação da equipe de diretores.

“Temos algumas questões que eu ainda vou levar. A prefeitura tem uma defasagem salarial de altos cargos, não de secretários, mas de diretores. Ninguém quer ser diretor na prefeitura porque não vale a pena. O diretor não pode fazer hora extra, mas se ele não é nomeado diretor, ele pode. Qual é o benefício que ele tem? Preciso começar dos ‘cabeças’. Temos concursos públicos que não foram chamados, mas tenho defasagem de 40 pessoas e tenho cinco vagas de engenheiros. Como vou substituir 40 por cinco? E também não posso renovar os contratos temporários que venceram”, reclamou o secretário de Obras.

Gomes ainda chamou a atenção para as obras em atraso em Londrina e destacou problemas nos processos licitatórios que geram pedidos de aditivos por parte de empresas. Segundo o chefe da pasta, um dos problemas está no “memorial descritivo”.

“Estamos verificando essa questão de reorganizar o processo licitatório no que se refere à lei, seja através de decreto ou outra coisa que tenha que ser feita pensando na licitação em si. Estamos verificando como os projetos estão nascendo como memorial descritivo. Temos que ver se isso abre brecha para a empresa querer aditivar. Se abrirmos a brecha e eles quiserem aditivar, nós temos que engolir seco. Se a gente não deixa brecha, não tem como”, destacou ele, citando o termo como um “detalhamento verbal” para que não haja espaço para os aditivos.

“Os caras vêm na maldade, iniciantes, aventureiros, vêm de outra cidade, nem viram a obra, passam um preço e no meio do processo todo conseguem licitação em outra cidade. Cavam a falta para não vir fazer a nossa obra. É o caso que parece muito o do Zerão. Colocaram vários impeditivos. Já multamos, mas isso atrasa nosso cronograma,” disse o arquiteto. A multa para a empresa MF Empreendimentos, responsável por revitalizar o Zerão, foi de R$ 438 mil, equivalente a 20% do contrato de cerca de R$ 2,1 milhões que foi financiado por emenda parlamentar. As obras deveriam ter começado em julho do ano passado, mas não foram realizadas.

Duas outras obras citadas por Otávio Gomes são a duplicação da avenida Saul Elkind e a UBS de Irerê, ambas paralisadas por motivos distintos.

“A (empresa da) duplicação da Saul Elkind pediu aditivo de tempo e deram férias coletivas para o pessoal”, lamentou o secretário.

“Na UBS de Irerê a empresa sumiu. Deu dezembro, e eles sumiram, não falaram mais nada, desapareceram. Fizeram 47% da obra, sumiram, e agora vamos ter que pegar, poderíamos estar focados em outro setor, voltar para esse projeto, destinar uma equipe, ver o que falta para um novo processo de licitação. Temos muita coisa a fazer.”