Sarney viaja para a Europa, lança livro e conclui memória
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quarta-feira, 05 de fevereiro de 1997
Agência Folha
Arquivo/Folha de LondrinaO ex-presidente do Senado, José Sarney: Liderado e isoladoBRASÍLIA - O ex-presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que estava levitando após entregar ontem o cargo ao seu sucessor, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Sarney afirmou que, a partir de agora, será um senador liderado e isolado e vai dedicar-se a terminar o segundo volume de suas memórias e o novo romance - sobre garimpeiros do Amapá -, que já tem 90 páginas escritas.
Além disso, afirmou que vai pintar e pescar. Sobre seus planos na política, negou que queira ocupar novamente a Presidência da República. A Presidência a gente não deseja. Ela vem ou não vem. A única coisa que eu desejei na vida e não tive foi uma bicicleta, disse.
Sarney despediu-se da presidência do Senado discretamente. Fez um discurso curto, no qual agradeceu a solidariedade integral que recebeu dos senadores, e manifestou o que ele próprio chamou de profissão de fé no Poder Legislativo. Fazendo uma comparação com a Presidência da República, que ocupou no período de 1985 a 1989, Sarney disse que dirigir o Legislativo não é fácil.
Ele explicou que, na Presidência da República, as decisões tomadas são monocráticas, enquanto no Congresso não há hierarquia vertical e sim horizontal - todos os parlamentares têm de ser ouvidos. Sarney disse que, durante sua gestão, o Senado se afirmou como uma grande Casa do Legislativo, agiu com absoluta independência em relação aos outros Poderes e foi muito valorizado.
Todos os líderes partidários prestaram homenagens a Sarney, antes da eleição de ACM. Os maiores elogios partiram da oposição. O líder do PT, José Eduardo Dutra (SE), disse que o trabalho do ex-presidente nesses dois anos foi brilhante. Dutra lembrou que, na administração de Sarney, os senadores passaram a conhecer a pauta de votações com um mês de antecedência. Elogiou a transparência que Sarney deu às atividades da Casa e o trabalho de modernização feito durante sua gestão.
O ex-presidente prepara-se para viajar para a Europa, onde fica durante cerca de um mês para lançar seu livro O Dono do Mar. Há vários dias, ele já deixou a residência oficial e o gabinete da presidência do Senado. Ontem, logo após anunciar o resultado da eleição, deixou a cadeira de mogno que era do antigo Senado á- e que ele adotou em sua gestão - para ACM e foi imediatamente para seu lugar como simples senador, no plenário.