Imagem ilustrativa da imagem Saneamento, reposição de pessoal e transporte: desafios de Cambé
| Foto: Ricardo Chicarelli/13-8-2019

Na reta final de seu quarto mandato como prefeito de Cambé (Região Metropolitana de Londrina), José do Carmo Garcia (PTB), 67 anos, já selou seu destino político. Ele garante que não disputará reeleição e que deixará a vida pública após entregar o cargo em janeiro de 2021. “Entre idas e vindas estou aqui. Foi um trabalho dedicado à sociedade, estou realizado, e me honro de servir à população, mas agora eu tenho outro sonho. Quero trabalhar com a formação de novos líderes”, revelou Garcia. A ideia do político é retribuir a chance que teve na juventude, quando pode fazer cursos oferecidos pela Igreja Católica. “Não quero montar ONG, desejo apenas ajudar e passar a minha experiência”, explicou o chefe do Executivo, que começou a trabalhar no município em 1977 como chefe de gabinete de Roberto Conceição.

Antes de passar o posto, Garcia tem uma série de responsabilidades a resolver em Cambé em 2020. A primeira delas é a previdência municipal. Ainda sem uma solução vinda do Congresso sobre as regras federais que possam ser aplicadas às cidades e aos estados, caberá a cada ente resolver suas questões. “O assunto deveria ter sido tratado com mais energia. Sem a solução federal, a previdência vai demandar um enfrentamento”, afirmou. Ainda será necessário discutir o contrato com a Sanepar, que terminará neste ano. Para tal serão feitas audiências públicas e será necessária uma nova lei para a área de saneamento básico. Cambé também terá que relicitar as linhas de transporte urbano. A cidade tem seis linhas e outras intermunicipais. “Hoje a integração é feita de fato e não de direito. Acontece porque as linhas são exploradas pela mesma empresa. No meu ponto de vista, precisa ser organizado a partir de uma lógica de uma região metropolitana”, disse o prefeito.

RESPONSABILIDADE

Outro desafio importante que a atual gestão e a próxima precisarão enfrentar é o da reposição de servidores, em especial na área da Saúde. Desde o início do mandato, em 2017, a administração teve de promover uma redução do volume de gastos com pessoal, que segundo a Lei de Responsabilidade Fiscal não pode ser acima de 54% do valor da receita líquida. “Quando recebi, o gasto estava em 59% e precisava reduzir ao percentual correto e, ao mesmo tempo, dar a reposição dos servidores. Foi preciso fazer o correto gerenciamento dos recursos humanos, o que permitiu chegar ao patamar de 52% de gastos com pessoal em 2019”, detalhou. Com a marca, a cidade conseguiu suas certidões negativas necessárias para a busca de emendas para a infraestrutura. A melhoria nas contas também foi efetivada por uma otimização na cobrança do ISS (Imposto Sobre Serviços). A receita cresceu de R$ 205,3 milhões em 2017 para R$ 250,9 milhões no ano passado.

O prefeito ainda celebra algumas marcas alcançadas por sua equipe, que teve como foco principal reformar o que já existia, como o caso do recapeamento asfáltico. Desde o início do governo foram feitos 80 quilômetros e a meta é completar a marca de 100 até o fim deste ano. Outra ideia considerada um acerto por Garcia é a Lei Amigo da Praça. “Ela fez com que as empresas adotassem espaços públicos. Acabou estabelecendo uma competitividade entre quem tomou a iniciativa. Os cidadãos saíram ganhando. Hoje já há mais áreas cuidadas e floridas na cidade”, contou o prefeito. Já a mudança para a iluminação pública com lâmpadas de LED entrou na segunda etapa, na qual foram investidos cerca de R$ 5 milhões de recursos próprios. A ideia é conseguir atingir 70% da área urbana, tendo como prioridade as regiões das escolas.

DESENVOLVIMENTO

O foco do desenvolvimento de Cambé, segundo seu atual prefeito, depende prioritariamente da ideia de que a cidade é um ponto logístico estratégico, especialmente por estar próxima de três rodovias. Segundo Garcia, há a expectativa de reabrirem quatro empresas em áreas que estavam paradas, além do recente anúncio da instalação de uma fábrica de alimentos de uma grande rede de supermercados. Um investimento de R$ 170 milhões e 650 novos empregos. Em novembro, 12 empresas participaram de um processo licitatório para a aquisição de áreas para instalação de micros, pequenos e médios empreendimentos. A expectativa é que juntas possam investir R$ 25 milhões e gerar 250 empregos nos próximos anos. Este ano, novos dez terrenos serão licitados para a mesma finalidade. “O maior e mais complexo trabalho continuará sendo o de garantir educação de qualidade e atender ao crescimento da demanda por Saúde. Por isso, para a manutenção da vida nos municípios é preciso se rediscutir urgentemente o Pacto Federativo”, concluiu Garcia.