Imagem ilustrativa da imagem Saída de Kireeff do páreo tende a mudar cenário na corrida pela Prefeitura
| Foto: Gustavo Carneiro/3-12-2019

A posição definitiva do ex-prefeito Alexandre Kireeff (Podemos) ao anunciar nas redes sociais que não será candidato a prefeito de Londrina abre um vácuo para as eleições municipais de outubro. Mesmo longe do debate político, o ex-chefe do Executivo aparecia bem nas sondagens. Em dezembro passado, o levantamento do Instituto Multicultural/FOLHA/Paiquerê 91,7 registrou que Kireeff tinha 22,5% das intenções de voto. O segundo lugar representava empate técnico com o deputado federal Boca Aberta (PROS), que obteve 23%. No mesmo levantamento, o atual prefeito Marcelo Belinati (PP) apareceu em terceiro, com 16% na sondagem.

Para o professor de ética e filosofia política da UEL (Universidade Estadual de Londrina) Elve Cenci, o anúncio é importante para dar transparência à corrida eleitoral. "Kireeff já dava sinais claros de que não estaria na disputa e sempre foi contra reeleição. Mas sempre cria-se essa expectativa de uma possível volta, mesmo porque ele deixou a prefeitura bem avaliado pelos eleitores." No último ano de gestão, em 2016, Kireeff passou o bastão com 75% de aprovação, segundo o mesmo instituto.

Mesmo filiado ao Podemos, o ex-prefeito, ao se posicionar nas redes sociais no fim de semana, não deu pistas de quem poderá apoiar e disse que o cenário ainda está aberto e distante. Ele também informou que não irá atuar como articulador político nas eleições. Segundo o analista político, o candidato ou grupo político que quiser conquistar esse eleitor "kireffista" terá que se posicionar com mais antecedência. "Nas eleições de 2016 a candidatura do empresário Valter Orsi foi lançada em cima da hora e muito presa a um segmento", pontua. Orsi ocupava a presidência da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina).

Outro fator preponderante será o apoio do governador Ratinho Junior (PSD), diz o analista. "O deputado Tiago Amaral (PSB) tem sido bem representativo por estar mais próximo do governador e de Londrina." Entretanto, Cenci avalia que para preencher o vácuo o deputado ou outro candidato precisará atrair diferentes segmentos da sociedade.

Uma outra leitura que se faz é que dificilmente Londrina irá reviver em 2020 uma disputa como ocorreu em 2000, com Nedson Michelleti (PT), e em 2016, com Kireeff. " Esta figura de alguém de fora da política (outsider) surgiu em momentos de crises e não é o cenário que vivemos agora na política local". Tanto o petista quando Kireeff foram eleitos após cassação de mandatos de Antonio Belinati e de Barbosa Neto, respectivamente. Este fator de "certa tranquilidade" dá vantagem aos candidatos mais conhecidos. "Marcelo Belinati terá toda a máquina à disposição, por exemplo, para mostrar os feitos e fez um planejamento para esse momento, mesmo com o desgaste do IPTU, que já ficou para trás."

CLAREZA

O diretor estatístico do Instituto Multicultural, Edmilson Leite, considera a posição definitiva de Kireeff um fator relevante. Cauteloso, o professor prefere não fazer projeções sobre a migração dos votos. "As sondagens no ano passado mostravam que ele possuía uma fatia relevante. Entretanto, agora na virada do ano, quando os nomes são colocados de maneira mais clara, a quantidade de indecisos diminui e teremos um cenário mais claro." avalia.