Por iniciativa de um grupo de empresários, Rolândia (Região Metropolitana de Londrina) deve ganhar um conselho de desenvolvimento em um prazo de seis meses. O Codese (Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico) está sendo organizado nos moldes do Conselho de Desenvolvimento de Maringá, o pioneiro na região Norte do Paraná e referência em todo o País.

O projeto foi iniciado por grupo de empresários em conjunto com a Acir (Associação Comercial e Industrial de Rolândia). O movimento segue modelos de outras cidades do Estado que já possuem conselhos semelhantes em atuação. Para Márcio Lopes do Carmo, presidente da Acir, a intenção é pensar um projeto para a cidade em um prazo mais longo. "Os riscos com trocas de governo a cada quatro anos não podem continuar afetando os projetos em andamento na cidade. A função do conselho será pensar o futuro de Rolândia para além disso e ser o mantenedor dos projetos que surgirem ao longo do tempo." Rolândia vive uma crime política desde o afastamento judicial do então prefeito Luiz Francisconi Neto (PSDB) no segundo semestre de 2018 por suspeita de direcionamento de licitações na prefeitura. Francisconi chegou a ser preso provisoriamente pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado).

Segundo o presidente da Acir, a associação está encabeçando a criação do conselho como um agente animador inicial. "Alguns empresários procuraram a entidade para formar um movimento que trabalhasse para melhoria dos serviços públicos. Como nós [Acir] já tínhamos um planejamento neste mesmo sentido, estabelecemos um núcleo interino para dar andamento à formação do novo conselho enquanto uma diretoria formal não está estabelecida." Ele explica que entre as funções do Codese estará a de fiscalizar os poderes Executivo e Legislativo a partir do acompanhamento de suas atividades, com mais transparência para o que acontece na cidade.

CONSULTORIA
O processo de constituição do Codese em Rolândia está em andamento desde abril. Reuniões para entender o funcionamento de outros conselhos como o Codefoz (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu) e o Condecam (Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de Campo Mourão) foram feitas mensalmente com o apoio de uma consultora designada para conduzir o processo de implantação. Márcio Lopes do Carmo reforça que "está cedo para pensar em resultados, mas mesmo sem a oficialização, já temos demandas à vista e aceitação do poder público. Será benéfico para todos." Na formação prevista, o prefeito ocupa a presidência de honra e os secretários de planejamento e fazenda também farão parte. Além de um representante da Câmara de Vereadores.

À frente do processo de implantação, a consultora Márcia Santin explica que o movimento está numa fase inicial. "O momento é de sensibilizar os participantes do funcionamento de um conselho, como outras cidades conduzem seus conselhos e o que deve ser pensado antes de formar uma associação dessas em Rolândia." Ainda será preciso definir o modelo jurídico sob qual conselho será estabelecido e, após a oficialização, deve-se buscar a aprovação de uma lei municipal com regulamentação de estatuto e das câmaras técnicas que vão compô-lo.

Santin explica que as câmaras setoriais serão o fórum para a representação mais ampla da sociedade. "As funções das câmaras temáticas serão definidas conforme as prioridades da cidade. Elas podem ser de educação, meio ambiente, segurança pública, economia e finanças, turismo, o que quer que seja definido como interessante para o município." Para a consultora, é nas câmaras que a representatividade vai ganhar força. Em experiências anteriores, conforme seu relato, ficou comprovado que o engajamento dos cidadãos é o que há de mais forte. "Vai funcionar como uma governança junto do poder público, e o Codese deve se tornar um guardião da continuidade dos vários projetos. A participação ampla é o que pode realmente trazer as mudanças desejadas." (Com supervisão de Diego Prazeres, editor de Política)