Ricardo Barros:  “Pazuello está fazendo um grande trabalho no ministério. É disso que a Saúde precisa. Usar bem os recursos que tem"
Ricardo Barros: “Pazuello está fazendo um grande trabalho no ministério. É disso que a Saúde precisa. Usar bem os recursos que tem" | Foto: Marcos Correa/PR

A gestão criticada do ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello, já provoca rumores de que uma nova mudança na pasta deve ocorrer em breve. Alçado ao posto mais visado em tempos de pandemia, o militar saiu da caserna para a condução da crise, sucedendo o breve Nelson Teich, que não soube lidar com as ordens desencontradas do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). O blog da jornalista Thaís Oyama, do portal UOL, já crava o nome do líder do governo na Câmara, o deputado maringaense Ricardo Barros (PP), para retornar ao cargo que ocupara no governo de Michel Temer (MDB).

Aos questionamentos da FOLHA, Barros limitou-se a dizer: “Pazuello está fazendo um grande trabalho no ministério. É disso que a Saúde precisa. Usar bem os recursos que tem. Quanto à vacina, a cláusula leonina que o fabricante quer no contrato de isenção de responsabilidade por efeitos adversos emperra a negociação. AGU (Advocacia Geral da União) em ação”. A resposta não aponta uma negativa, reforça apenas a sinalização de apoio ao governo. O nome do deputado e ex-ministro já vem circulando nos bastidores desde a saída de Luiz Henrique Mandetta, mas o desgaste exigido não interessaria no momento.

Uma reforma ministerial no governo Bolsonaro é esperada para o início do ano. Há a necessidade de acomodar os partidos aliados nas negociações diante da mudança nas presidências da Câmara e do Senado. O chamado centrão – que tem o PP em ampla liderança – anseia por mais espaço, e não à toa o deputado Arthur Lira (PP-AL) concorre como favorito do Planalto. A ideia do presidente é manter força no Legislativo para evitar possíveis processos de impeachment e para tocar sua pauta. A mira é na reeleição em 2022.

A reforma deve acontecer logo, mesmo depois da saída de Marcelo Álvaro Antônio do Turismo. A vacância na Secretaria-Geral, com a ida de Jorge Oliveira para o TCU (Tribunal de Contas da União), e a cobrança de partidos como PSL, PTB e PROS para a recriação do Ministério dos Esportes, e da base aliada para o desmembramento da Justiça e Segurança Pública apontam que a esplanada pode voltar a ficar mais populosa de ministros, mesmo que a redução no primeiro escalão fosse uma das principais bandeiras de campanha.

Voltar a trocar o ministro da Saúde em meio à pandemia não deve ser um problema, em especial depois dos últimos fatos que levaram ao País a ficar atrás das grandes economias no início da vacinação da população, mesmo que emergencialmente. A aposta em uma única vacina, o estoque de quase 7 milhões de testes para diagnóstico do coronavírus flagrados pelo jornal O Estado de São Paulo à beira do vencimento num galpão do aeroporto de Guarulhos são só alguns dos desgastes pelos quais Pazuello passou. Sem contar no vídeo em que lembrava que devia obediência ao presidente, quando mudou de posição sobre a compra da Coronavac. Nas mãos do PP de Barros, com certeza o poder terá que ser dissipado. Bolsonaro saberá lidar com isso?