Londrina está entre as cidades do Paraná com chances de entrar no “radar” do novo comando da Itaipu Binacional para receber investimentos da usina hidrelétrica. A iniciativa vislumbrada é a revitalização do Parque Municipal Arthur Thomas, na zona sul.

A informação foi revelada à FOLHA pelo próprio diretor-geral brasileiro da empresa, Enio Verri, em entrevista exclusiva na quinta-feira (6), quando ele esteve na cidade para a abertura da 61ª Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina (ExpoLondrina 2023). As tratativas, no entanto, se encontram em estágio preliminar, segundo o ex-deputado federal do PT.

“Hoje [06/04], na reunião que eu tive com o prefeito Marcelo [Belinati, do PP] e seus secretários, eles apresentaram uma demanda sobre um parque que querem reconstruir. Eu entendo que a proposta dele está na missão de Itaipu. Eles vão apresentar o projeto e nós vamos conversar sobre isso”, contou.

Prioridade ambiental e social

Conforme Verri, a “fatia” brasileira da companhia conta atualmente com cerca de R$ 1 bilhão disponíveis para investimentos no país. Embora pondere que o recurso não seja “uma coisa nova”, ele adiantou que, em sua gestão, demandas sociais e ambientais terão mais espaço em comparação com os aportes feitos em infraestrutura por parte da administração anterior. Expandir o campo de ação para além de municípios do Oeste do Paraná também faz parte dos planos.

“A missão da Itaipu, e consta do Tratado [de Itaipu], tem uma ordem ambiental, social e de infraestrutura. Até esses últimos anos, estava quase que só em infraestrutura. A gente vai manter a ordem: ambiental, social e, se sobrar, infraestrutura. E serão políticas casadas com as do governo federal”, afirmou o dirigente.

Caputo em Itaipu

O diretor-geral tem encampado um discurso pragmático e fala em trabalhar sob um política institucional. Propostas vindas da oposição, de acordo com ele, não serão engavetadas caso se adequem ao propósito da empresa.

“Digamos que eu tenha um deputado ou uma deputada do PT, companheira minha, mas, se apresentar um projeto muito frágil, ele não vai conseguir prosperar. Às vezes é um deputado que é bolsonarista, mas tem um projeto sólido, bem-feito, está dentro da missão da empresa, de repente até consiga.”

Verri ainda comentou sobre os nomeados pelo governo federal para cadeiras cobiçadas em Itaipu — entre elas, as do Conselho de Administração. Além de cinco ministros de Lula, o grupo também terá o ex-deputado estadual Michele Caputo, do PSDB. A inclusão do tucano é vista como mais um passo para uma articulação conjunta entre petistas e tucanos nas eleições municipais de 2024 no Paraná.

“O PT não ganhou sozinho as eleições. Somos uma frente, com muitos partidos, que fazem base para o governo”, resumiu o político maringaense, que já está traçando metas para o pleito municipal do ano que vem, quando, nas palavras dele, o partido quer eleger “um exército de vereadores” e triplicar o número de 122 parlamentares eleitos no estado em 2020.

“Se nós tivermos dentro da frente um candidato ou candidata, mesmo que não seja do PT, mas do nosso campo ideológico de centro-esquerda, ou de esquerda, e que seja viável, nós não vamos impedir, nós vamos apoiar”, completou Verri.

Revisão do tratado

Para os próximos meses, o desafio mais significativo do gestor será, a partir do segundo semestre — quando toma posse o novo presidente paraguaio escolhido na eleição de 30 de abril —, rever o Tratado de Itaipu. O prazo de 50 anos do acordo firmado em 1973 vence em 2023. “Estamos discutindo planilhas para iniciar essa negociação com o Paraguai”, indicou Verri. Uma das prioridades será tentar reduzir o preço da energia elétrica revendida pelo país vizinho ao Brasil.