Reunião pode definir próximos passos da articulação pelo Contorno Leste
O presidente da Amepar, Sergio Onofre, afirmou que ‘nenhum prefeito é contra a obra’, mas questiona possível aumento na tarifa
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sábado, 02 de dezembro de 2023
O presidente da Amepar, Sergio Onofre, afirmou que ‘nenhum prefeito é contra a obra’, mas questiona possível aumento na tarifa
Douglas Kuspiosz - Especial para a FOLHA
Os próximos passos da articulação pelo Contorno Leste de Londrina - demanda antiga que vem mobilizando lideranças da região e foi um dos tópicos debatidos no Encontros FOLHA realizado em novembro - podem ser definidos em janeiro em uma reunião entre prefeitos, o secretário de Infraestrutura, Sandro Alex (PSD), e o diretor-geral do DER (Departamento de Estradas de Rodagem), Fernando Furiatti. É o que afirma o presidente da Amepar (Associação dos Municípios do Médio Paranapanema), Sergio Onofre (PSC), que também é prefeito de Arapongas (Região Metropolitana de Londrina).
A associação realizou uma reunião com prefeitos nesta sexta-feira (1°) para discutir a situação. Em outubro, Sandro Alex entregou um documento assinado pelo governador Ratinho Junior (PSD) confirmando o interesse do governo em incluir a obra no Lote 4, mas condicionou ao apoio de deputados e prefeitos da região.
“O governador já assinou. Se a região acha importante e todos os representantes assinarem, o governo do Estado vai encaminhar ao ministro [dos Transportes, Renan Filho] e vamos ter uma variação no preço. A palavra final é da região”, disse Alex em outubro.
“A nossa indagação é só uma: por que o contorno de Ponta Grossa está no pedágio, por que outros contornos estão e o de Londrina os prefeitos têm que assinar para acontecer?”, questiona. “O documento que veio para nós é para aumentar a taxa de pedágio. É uma loucura. Eu sou contra aumentar a taxa de pedágio. Eu quero que tenha pedágio barato e saia a construção [do contorno].”
A leitura do presidente da Amepar é que a obra precisa existir “de uma maneira ou de outra” e que, como há benefício para toda a região, a associação propôs a reunião com o governo - já que, até o momento, o documento entregue por Sandro Alex não foi assinado. A reunião em janeiro ajudará a “tomar uma decisão do que vai ter que fazer”.
“Nenhum prefeito é contra a obra, porque tem um deputado falando que somos contra a obra. Ninguém é contra obra nenhuma. Pelo contrário, todas as obras que venham para beneficiar a região, todos os prefeitos da região são favoráveis”, completou.
O deputado estadual Tercílio Turini (PSD) diz que respeita a Amepar, mas que “é estranho o posicionamento do presidente da Amepar de se colocar frontalmente contra Londrina”.
“O Contorno Leste é uma obra fundamental para o progresso regional. Tenho certeza que praticamente todos os prefeitos são favoráveis e vem o secretário Sandro Alex colocar uma bomba na mão deles, ao condicionar o contorno à assinatura do documento. Sei que é complicada essa questão da tarifa, mas o ministro Renan Filho disse que o impacto será de apenas R$ 0,20 no valor do pedágio”, disse à FOLHA.
Turini ressalta que o setor produtivo apoia a construção do contorno porque será benéfico para toda a região. “Nos contornos de Ponta Grossa, Maringá, Apucarana e outras obras longes daqui, não houve imposição de documento para os prefeitos assinarem e muito menos essa pressão de tarifa. Nossa região vai pagar também por isso. Por isso, avalio que a Amepar deve fortalecer a mobilização e não tentar deixar os prefeitos numa situação desconfortável”, acrescenta.
O deputado lembra que entidades regionais, parlamentares estaduais e federais, além de outras lideranças e representantes de vários segmentos já assinaram documentos em defesa do Contorno Leste e entregaram ao governador, à Assembleia Legislativa, à ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e ao Ministério dos Transportes.
“Entendo que a Amepar deve somar forças por obras de infraestrutura em nossa região, não pode jogar contra Londrina e região. Insisti para assinar esse novo documento, mas infelizmente não tive acesso”, lamenta. “Uma obra tão importante, se a gente deixar escapar agora, só vamos ter possibilidade de novo daqui a 30 anos.”
A preocupação de Turini é porque, segundo informações do próprio ministro Renan Filho, as decisões de novas obras devem ser tomadas no começo do próximo ano. “Na nossa avaliação, neste momento a obra está garantida.”
'TEM QUE SAIR'
O prefeito Marcelo Belinati (PP) ressalta que o Contorno Leste é muito importante para Londrina e para o Norte do Paraná, uma vez que liga a PR-445, na saída para Curitiba, até a BR-369, próximo à Ceasa de Ibiporã.
“Vai retirar todo o tráfego pesado que hoje passa pela avenida 10 de Dezembro, vai criar um grande ramal de desenvolvimento para instalação de novas indústrias e empresas. E vai criar uma conexão com o aeroporto, para no futuro possa se tornar um aeroporto de cargas”, citando ainda que é isso que vai trazer “um grande desenvolvimento regional”. “Se a região vai bem, é bom para Londrina. Se Londrina vai bem, é bom para a região.”
Em relação à reunião citada por Onofre, prevista para janeiro, Belinati diz que existe uma preocupação com a proximidade do fim do ano. Dependendo dos prazos do Ministério dos Transportes, adiantar o encontro é uma possibilidade.
“Se for um prazo curto, se houver essa necessidade, vamos conversar com o presidente da Amepar para ver se a gente consegue antecipar. Se não for um prazo tão curto, não vejo problema que isso ocorra no final de janeiro”, disse.
O prefeito é enfático ao dizer que “essa obra tem que sair”, uma vez que possui viabilidade técnica. “Estava incluída e depois foi retirada da nova concessão”.
ARTICULAÇÃO POLÍTICA
Entre lideranças políticas de Londrina e região, há um entendimento de que a obra deve ser incluída na concessão do pedágio. A deputada federal Luísa Canziani (PSD) afirma que a obra “será incluída no Lote 3/4 de concessão das rodovias” e que foram feitas reuniões no Ministério dos Transportes e na Casa Civil para discutir o assunto.
“Tivemos um resultado bastante positivo com a sinalização de inclusão da obra no contrato de licitação para concessão das rodovias”, diz Canziani. “Paralelamente a essa ação, buscamos alternativas como a inclusão da obra no PAC, mas como o traçado do projeto previa obras em rodovias estaduais, a opção foi por incluir a obra do Contorno Leste no contrato de concessão das rodovias.”
O deputado federal Filipe Barros (PL) disse em entrevista à FOLHA que colocar a obra na concessão de pedágio é o caminho mais rápido para tirá-la do papel. “Nós até tínhamos uma expectativa de termos outras frentes de trabalho, que são válidas também, como o próprio governo do Estado custear a obra, ou o governo federal colocar no PAC, mas o governo federal só pensa em taxar todo mundo e não colocou no PAC a obra”, disse.
Barros também diz que o governador Ratinho Junior “tem ajudado bastante” e que parlamentares estaduais e federais da região estão empenhados na resolução do problema.
“Essa unidade da classe política com o setor empresarial e com a própria população, tenho certeza que vai fazer com que a gente chegue a uma conclusão dessa demanda”, ressalta. Barros manteve a indicação de uma emenda parlamentar para que o governo federal custeie o projeto e o Evtea (Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental). “É um plano ‘B’, além da concessão.”
‘DECISÃO POLÍTICA DA REGIÃO'
O deputado estadual Arilson Chiorato (PT) disse que a articulação de lideranças municipais, estaduais e federais é muito importante para garantir o Contorno Leste de Londrina. “É um contorno não só para Londrina, mas para toda a região. Vai ajudar muito a trafegabilidade e a segurança das pessoas”, citando que tem “plena convicção” de que o governo federal vai manter a sinalização de incluir a obra na concessão. “Tivemos na semana passada com o ministro Renan Filho e ele sinalizou de forma positiva o estudo e a inclusão da obra. Claro, depende de uma decisão política da região sobre querer ou não essa obra por conta da diminuição em uma futura tarifa do pedágio.”