Com a eleição do deputado estadual Anibelli Neto para presidir o MDB no Paraná pelos próximos dois anos, o partido deverá passar por uma reestruturação e vivenciar uma debandada de filiados que discordam do alinhamento dos integrantes da chapa vencedora ao governador Ratinho Junior e ao presidente Jair Bolsonaro.

Roberto Requião deixa o MDB após 40 anos e convida correligionários a  seguirem também para outro partido
Roberto Requião deixa o MDB após 40 anos e convida correligionários a seguirem também para outro partido | Foto: Lula Marques/AGP

Na convenção partidária realizada no sábado (31), em Curitiba, a chapa 2 “MDB de Todos”, encabeçada por Anibelli e pelo deputado federal Sergio Souza, eleito vice-presidente, recebeu 76% dos votos válidos e derrotou a chapa 1 “Sempre MDB”, liderada pelo ex-governador e ex-senador Roberto Requião, que teve 24% dos votos entre os delegados estaduais da sigla. O placar da votação foi de 203 a 77.

Após a derrota nas prévias internas do partido, Requião usou as redes sociais para anunciar a sua saída da legenda que ajudou a fundar, há quase 40 anos. Em seu perfil no Twitter, o político reforçou sua oposição ao governador do Paraná e ao presidente da República. “O MDB do Paraná foi tomado pelo Ratinho e pelo Bolsonaro. Sou sério, estou fora”, postou ele, ainda no sábado.

Neste domingo (1), Requião voltou a usar a rede social para reafirmar seu posicionamento e sua decisão de desfiliar-se da legenda e provocou os correligionários. “Amanhã segunda-feira saio oficialmente do MDB. Aí vamos ver quem sai comigo e abandona esse partido Bolsonarista, racista, e que se tornou absolutamente fisiológico. Será a prova da janela!”, atacou. Em outra postagem, disse: “Não fui eu que saí, foi o MDB PR que acabou”.

Pelo MDB, Requião elegeu-se deputado estadual, prefeito de Curitiba, governador do Paraná e senador e não esconde o desejo de lançar-se candidato ao governo do Estado em 2022. No momento, ele avalia a qual sigla irá se filiar. Dirigentes de vários partidos se apressaram e fizeram o convite ainda no sábado. No Twitter, Requião fez uma enquete entre os seus seguidores para que opinassem a qual partido ele deveria migrar. As opções eram: PDT, PT, PSB ou outra legenda. Até o início da noite deste domingo, o PT tinha mais de 49% dos votos dos internautas.

O deputado estadual Requião Filho (MDB) disse que irá acompanhar o pai na decisão de deixar a legenda, mas que, por ora, está “preso ao partido até a próxima janela”. Por uma questão legal, o parlamentar só poderia deixar a sigla no ano que vem. “Não posso ficar em um partido que escolheu que vai ser diferente daquilo que eu acredito. O MDB está mudando”, declarou em entrevista à FOLHA. “O Ricardo Barros (filiado ao PP) participou da convenção, pessoas ligadas ao Ratinho Junior participaram da convenção”, lamentou.

Requião Filho lembrou que dos 399 municípios paranaenses, 208 não têm diretório do MDB atualmente. “Sob o Anibelli e o João Arruda (presidente anterior da sigla), os diretórios foram dissolvidos e criados diretórios que eram mais comitês de campanha do que diretórios. Essa direção, a gente já sabe como eles trabalham. Nosso objetivo é ter uma candidatura própria, contra o Ratinho.”

A despeito da enquete lançada no Twitter por Roberto Requião, o parlamentar adiantou que a decisão por uma nova legenda deverá ser construída com a base. “Vamos construir com nosso grupo e concorrer com nosso grupo já que o MDB mostra uma mudança radical na bandeira. Ir para qualquer partido nos colocaria sendo apenas mais um na política do ‘toma lá dá cá’ e essa não é a nossa maneira de fazer política. Temos que definir um plano de governo.”

O presidente eleito do MDB Paraná, Anibelli Neto, não falou com a reportagem.