Relator da Comissão de Ética e Decoro Parlamentar na Câmara do Deputados, o deputado federal Alexandre Leite (DEM-SP) indicou em seu relatório final pela cassação do mandato do deputado federal Boca Aberta (PROS), por ato incompatível ao decoro parlamentar, na sessão realizada nesta terça-feira (24). Entretanto, como o deputado Julio Delgado (PSD-MG) pediu vistas, o parlamentar londrinense poderá apresentar o direito de defesa na próxima sessão do colegiado. O relator listou algumas razões para defender a cassação do mandato de Boca Aberta: fraudar o andamento dos trabalhos no conselho e abuso de prerrogativas ao invadir uma UPA em Jataizinho (Região Metropolitana de Londrina).

De acordo com o relator, a postura de Boca Aberta é incompatível ao decoro parlamentar e disse que não se poderia admitir que o mandato seja usado para satisfação e interesses pessoais. "A autopromoção disfarçada de proteção da comunidade em nada contribui para melhoria da assistência da população ou para credibilidade do parlamento", afirmou Leite.

Imagem ilustrativa da imagem Relator indica pela cassação de Boca Aberta na Comissão de Ética da Câmara
| Foto: Cleia Viana/Câmara dos Deputados Fonte: Agência Câmara de Notícia

O deputado do Democratas também alegou que o representado de forma direta e indireta esquivou-se das intimações feitas oficialmente pela Comissão de Ética. "O deputado deverá ser intimado e poderá manifestar-se em qualquer fase. Entretanto, não há qualquer regra de que a intimação seja feita de forma pessoal. O deputado recusou o recebimento das ações. Fizemos a publicação por diversos meios: e-mails, comunicado por meio do info-leg e envio de ofícios expressos ao seu gabinete." Entretanto, Boca Aberta alegou que houve falta de intimação pelo Conselho de Ética durante o curso do processo disciplinar, segundo Leite.

O deputado relator listou também 30 processos criminais pendentes de julgamento em desfavor de Boca Aberta até a data da apresentação do parecer das seguintes condutas: "três processos de injúria; sete de difamação; sete de calúnia; um de calúnia e difamação; três de calúnia, injúria e difamação, três de difamação e injúria; um de injúria e calúnia; um de fraude processual; um de falsificação de documentos e dois de crime de injúria na propaganda eleitoral", elencou.

DEFESA

Boca Aberta minimizou o processo disciplinar que sofreu na Câmara dos Deputados. "Eu nasci cassado, irmão. É tudo o que vocês querem, mas não vão ter. Já fui cassado na Câmara Municipal, já cassaram minha habilitação. Sou caçado até com ç. Vocês vão falar o real motivo: pegar médico dormindo no trabalho? Qualquer coisa fora disso que disserem é bijuteria, perfume e narrativa", respondeu o deputado à FOLHA. Boca Aberta também negou interferências no processo disciplinar. "O deputado por brigas políticas quer cassar meu mandato, mas não vai."

O parlamentar londrinense teve a suspensão do mandato por seis meses aprovada no Conselho de Ética em dezembro de 2019, mas ele recorreu da decisão na Comissão de Constituição e Justiça. No Conselho de Ética, Boca Aberta respondeu a duas representações apresentadas pelo Partido Progressista (PP) por agressões: uma contra o deputado Hiran Gonçalves (PP-RR) e outra por ter invadido uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Jataizinho.

Em 2017, Boca Aberta teve o mandato de vereador cassado na Câmara Municipal também por quebra de decoro parlamentar. À época enfrentou uma Comissão Processante sob acusação de ter supostamente feito uma vaquinha virtual para pagar multa eleitoral.