“Não tem nenhum Estado do Brasil dando reajuste, porque o País está em crise e a arrecadação está caindo”, disse o governador
“Não tem nenhum Estado do Brasil dando reajuste, porque o País está em crise e a arrecadação está caindo”, disse o governador | Foto: Ricardo Chicarelli

O governador Ratinho Junior (PSD) disse em Londrina, nesta quinta-feira (20), que está “estudando estratégias para ajudar o servidor” estadual, mas descartou categoricamente a concessão de reposição de inflação dos últimos 12 meses. De acordo com ele, a reposição das perdas inflacionárias significaria um acréscimo de R$ 1 bilhão nos gastos e que, para isso, seria necessário aumentar impostos. Vários setores já aprovaram paralisações por tempo indeterminado com início entre os dias 25 e 27 de junho.

Ratinho veio a Londrina para entregar uma quadra esportiva com grama sintética no residencial Vista Bela (zona norte) e para a abertura do Parajap's (Jogos Abertos Paradesportivos do Paraná). Aos jornalistas, o governador afirmou que “quer dar o reajuste” pedido pelos servidores. “O problema é que o governo não tem dinheiro”, afirmou.

O governador disse que “não tem nenhum Estado do Brasil dando reajuste, porque o País está em crise e a arrecadação está caindo”. Ratinho disse que há um esforço para cortar mordomias, como o fim da aposentadoria para governadores e a venda de imóveis de uso do chefe do Executivo paranaense. “Agora, o esforço de melhorar o Estado não é do governador, é do governador e de toda a sociedade”, disparou.

Ratinho disse, ainda, que “poderia pensar” em dar aumento para o funcionalismo, mas que, para isso, seria necessário aumentar a tributação. “Aí nós vamos falar com a população, se ela quer aumentar impostos para dar reajuste para servidor”, provocou o governador, antes de alertar que o percentual pedido impactaria em R$ 1 bilhão, valor não disponível em caixa.

O pessedista também afirmou que irá contratar 2,4 mil policiais por concurso, que será lançado em julho, além de 170 funcionários para o meio ambiente e 90 servidores para a Polícia Científica. “Tudo isso impacta na conta. Então, temos de fazer o seguinte diagnóstico: ou contratamos mais servidores públicos para entrar no Estado e ajudar a modernizar a máquina, ou damos aumento. Não tem como fazer tudo”, avisou.

GREVE CHEGANDO

Vários setores do funcionalismo público estadual já anunciaram greve por tempo indeterminado a partir da próxima semana, entre eles, professores e servidores da rede estadual e do ensino superior paranaense, do meio ambiente, da agricultura e até da segurança pública.

Sem reposições salariais há mais de 40 meses, eles pedem aumento imediato de 4,86%, referente aos últimos 12 anos, e um plano de reposição até compensar a defasagem de 17%, além de concursos públicos para reposição de pessoal. Uma frente sindical vem negociando com o governo estadual desde o dia 29 de abril, mas até o momento, sem um acordo.

As paralisações estão previstas para começar na terça-feira (27) e algumas categorias, como os técnicos-administrativos da UEL (Universidade Estadual de Londrina), aguardam manifestação oficial do governo sobre a concessão ou não da reposição até o dia 29 de junho.

O presidente da APP-sindicato, Hermes Leão afirmou que a categoria não concorda com os argumentos apresentados pelo governador. “Na verdade há disponibilidade para o reajuste de 4,94%, o que não se vê é disposição de fato. Esse governo mantém a mesma equipe da época Beto Richa. Já vinhamos debatendo isto e os balanços orçamentários demonstram o acerto das defesas que realizamos.”

Leão também criticou a proposta de Ratinho de passar para a sociedade decidir se aceita aumentar impostos para garantir o reajuste dos servidores estaduais. “É uma escolha de comunicação desrespeitosa com os servidores e com a população. O governador não recebeu os servidores para este debate. É lamentável a escolha por essa linha de comunicação.”