'Ratinho Jr. trabalhou politicamente para tornar eleição fácil', diz cientista político
Sem grande marca de gestão, reeleito colhe frutos da costura político-partidária feita com prefeitos e deputados no Estado
PUBLICAÇÃO
domingo, 02 de outubro de 2022
Sem grande marca de gestão, reeleito colhe frutos da costura político-partidária feita com prefeitos e deputados no Estado
Guilherme Marconi - Grupo Folha
Para o cientista político e professor da UFPR (Universidade Federal do Paraná) Emerson Cervi, a votação histórica e expressiva de Ratinho Junior (PSD) é fruto da habilidade política dele em aglutinar partidos e aliados em torno do seu governo. "Essa campanha foi fácil para o governador porque ele trabalhou politicamente nos últimos quatro anos para torná-la fácil", pontua. Segundo Cervi, não há uma marca de gestão expressiva na gestão de Ratinho Jr., mas obras do governo federal, como a segunda ponte entre o Brasil e Paraguai propagada na campanha eleitoral do governador. "A gestão é dentro de um contexto de apagamento, mas há uma extrema habilidade política. Ainda somos um estado muito desigual, mas ele será cobrado nessa segunda gestão para ações sobretudo na educação. Ele deixa a marca da competência político-partidária em seu favor", pontua.
Ainda de acordo com o professor, a corrida ao Palácio Iguaçu não teve o caráter plebiscitário, como geralmente ocorre quando há um governador na disputa pela reeleição e os eleitores acabam por avaliar sua gestão. "Uma campanha de governador para a reeleição é definida nos pequenos municípios. E o que o Ratinho Junior fez foi avançar para os municípios. O governador tem mais da metade dos prefeitos do Paraná que migraram para o partido dele, o PSD. O governo Ratinho Jr. está numa coalizão de vários partidos e o governo tem o controle da política local. Ratinho Jr. teve a máquina pública toda em favor dele."
Emerson Cervi lembra que o governador sempre foi um puxador de votos desde quando havia sido eleito deputado estadual pela primeira vez, aos 21 anos de idade, em 2002. E em outras fases da carreira sofreu preconceitos da elite econômica e conservadora do Estado quando concorreu à prefeitura de Curitiba em 2012 e perdeu para Gustavo Fruet (PDT). "Esse grupo econômico que atualmente está com o governador é mais oportunista do que relevante para o Ratinho Jr. Eu digo isso porque ele tem uma carreira política de mais de duas décadas. Ele tem longa carreira política antes de chegar ao governo, não tinha o apoio desse grupo que o tratava com preconceito. Essa maneira pejorativa como seus adversários o atacaram nessa campanha com palavras como 'rato', quem chegou a fazer isso no passado foram os conservadores."
Com a vitória folgada no primeiro turno de Ratinho Jr., o analista acredita que o governador reeleito se habilita para conquistar uma das duas cadeiras ao Senado em 2026, porém Cervi não vê viabilidade de projeção nacional a ponto de aspirar ao cargo de presidente da República ou vice, por enquanto. "Ratinho Jr. não é fruto apenas de uma onda bolsonarista, ele tem uma carreira política que pode ser a longo prazo. Mas é difícil ter um paranaense de projeção nacional porque o Estado tem apenas 6% do eleitorado nacional."
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