Imagem ilustrativa da imagem Ratinho Jr e Belinati mantêm medidas contra coronavírus, apesar da fala de Bolsonaro
| Foto: AEN-PR

O governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), informou nessa quarta-feira (25), por meio de nota encaminhada pela assessoria de imprensa, que manterá o planejamento e as medidas de enfrentamento à pandemia do coronavírus. Na mesma linha, o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP), disse nesta tarde que seguem válidos os decretos já anunciados de isolamento social que impedem atividades comerciais e industriais em vários setores, exceto os essenciais, pelo menos até o dia 6 de abril. Ou seja, tanto prefeito quando governador do Estado não irão acatar medida de isolamento vertical pregada pelo presidente Jair Bolsonaro que incentivou a retomada das aulas e de atividades econômicas e voltou a chamar a pandemia de "gripezinha" e "resfriadinho".

Nas redes sociais e entrevistas, vários governadores, prefeitos e instituições se pronunciaram em repúdio à fala de Bolsonaro. Belinati discordou do pronunciamento do presidente que, segundo o prefeito, não está embasado em dados técnicos. E defendeu a permanência do isolamento social para achatar a curva de casos de Covid-19. "A minha principal maneira de pensar é em salvar vidas. O mundo inteiro está adotando essa medida. A Índia, seis vezes maior que o Brasil, também adotou o isolamento total. Os especialistas e governantes em uníssono analisaram que o isolamento social é a melhor maneira de contaminar e proteger vidas. Nós vamos seguir dados técnicos." pregou Belinati.

Em coletiva ao lado do presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Moraes, o prefeito londrinense disse que o município analisa diariamente o impacto do financeiro das medidas e está construindo uma volta segura das atividades econômicas. "Na sequência, vamos encontrar um caminho e com segurança voltar a deixar a economia respirar, mas com segurança." Belinati não descartou uma reabertura gradativa, caso os números se mantenham estáveis. Londrina está com três casos confirmados da doença e dois pacientes internados com suspeita de coronavírus.

Moraes garantiu que a associação e outras entidades devem seguir à risca a determinação de isolamento por 15 dias. Entretanto, o presidente da Acil não descartou a hipótese de adotar o isolamento vertical proposto por Bolsonaro após o dia 6 de abril. "O fechamento aqui do comércio foi inevitável, seguindo instruções técnicas da saúde, e ontem fechamento da industria e da construção civil na sequencia. Vamos fazer um planejamento a partir de 7 de abril pra reabertura gradativamente. O empresário não poderá pagar na carne sozinho, a prefeitura terá que cortar gastos, os deputados também e o governo federal terá que ter ajudar. Caso contrário, não sairemos dessa crise", disse.

REAÇÃO

Outros prefeitos do Brasil repudiaram as declarações do presidente da República, Jair Bolsonaro, e, em nota, a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) afirmou que os chefes dos municípios continuarão seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e “até o momento, do Ministério da Saúde do Brasil, no enfrentamento a essa pandemia, que impacta fortemente a economia e a vida das pessoas e que pode levar ao caos social e à barbárie”.

O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (DEM), afirmou nesta quarta-feira que continuará seguindo as recomendações da OMS e anunciou plano de contingencia em hospitais. Ainda segundo Greca, sete dos pacientes que tiveram casos confirmados de Covid-19 já estão recuperados, "para desespero da turma do mal, que gosta de usar a internet para canalizar sua ansiedade ou que usa de palanque político, ou de perversidade pessoal para falar mal do mundo e da saúde pública", afirmou Greca.

Aliado de primeira hora de Bolsonaro, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), rompeu com o presidente depois do pronunciamento feito em rede nacional na noite de terça (24). O goiano anunciou que não conversará mais com Bolsonaro e que o estado não atenderá suas determinações sobre o combate ao coronavírus.

Ao menos 172 municípios brasileiros já registram casos confirmados de coronavírus. A maior concentração é na região Sul do país, que tem 63 cidades com pessoas contaminadas. No Paraná são 81 casos confirmados, sendo três em Londrina. Não há óbitos por Covid-19 no Estado.