Rádio Patrulha: Justiça nega nulidade de delação pedida pela defesa de Abi

O juiz José Daniel Toaldo, da 13ª Vara Criminal de Curitiba, negou nesta terça-feira (28) o pedido de nulidade da delação premiada do ex-deputado Tony Garcia, no âmbito da Operação Rádio Patrulha. O pedido foi feito pela defesa de Luiz Abi Antoun, primo do ex-governador Beto Richa. Segundo o Ministério Público, o empresário londrinense é o líder da suposta organização criminosa que teria feito desvios milionários num programa do governo para manutenção de estradas rurais. Richa e Abi Antoun chegaram a ser presos em setembro do ano passado neste suposto esquema.

A defesa defendeu que houve descumprimento do acordo de delação e que os trechos da gravação apresentada pelo ex-deputado como prova dos ilícitos teria sido adulterado. Garcia levou aos promotores 18 horas de áudios de diálogos que ele manteve com o ex-governador Beto Richa, com o irmão dele, Pepe Richa, com Abi Antoun e com empresários que participaram do esquema de propinas. Numa das gravações, Beto teria instruído Tony Garcia a “ir pra cima” de um empresário que não estava pagando pontualmente as parcelas combinadas.

Para o magistrado, não há evidência de que o material tenha sido adulterado após a entrega. "O que requer a defesa é o exame de mérito dos aludidos áudios. Todavia, não é conveniente aferir, na presente fase processual, a relevância de tais áudios para formação de convicção do juízo, seja para usá-los, seja para exclui-los", escreveu Toaldo.

Procurado pela FOLHA, o advogado Anderson Mariano, que defende Abi Antoun, disse que já era esperado que o magistrado não reconheceria a nulidade. Segundo ele, a perícia que foi realizada pela própria polícia científica atestou que houve edição e supressão de trechos da gravação. "Portanto, acreditamos que os tribunais superiores reconhecerão a nulidade dessas provas." Segundo Mariano, não há nenhum mandado de prisão contra Abi Antoun, que permanece no Líbano e deve retornar em breve ao Brasil.