Curitiba – O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB-SP), refutou ontem qualquer possibilidade de afastamento de Dilma Rousseff (PT) do Palácio do Planalto antes do término do mandato petista, em dezembro de 2018. "Estamos neste momento apenas fazendo essa caravana pelo País, para incentivar as eleições municipais. Queremos assumir o poder, mas em 2018, com candidatura própria à Presidência", disse. O peemedebista conversou rapidamente com jornalistas na sede da executiva estadual do partido, em Curitiba. Ele iniciou, pela capital paranaense, uma série de viagens, na tentativa de buscar o apoio necessário dos correligionários para ser reconduzido ao comando da legenda – cargo que ocupa desde 2001. A convenção está prevista para acontecer em março, em Brasília.
Temer afirmou que pretende incentivar o maior número possível de candidaturas com chance de vitória nos pleitos municipais. "Queremos estabelecer no Brasil uma verdadeira federação - porque a federação não é só de estados; é de estados e municípios. Vamos propor depois uma espécie de emenda constitucional para, quem sabe, obtermos lá adiante uma grande revisão da federação brasileira", adiantou, sem entrar em detalhes. De acordo com ele, as investigações sobre os casos de corrupção na Petrobras em nada atrapalham os planos do PMDB. "A Lava Jato não deve tomar conta do País. Ela toma conta sim do Judiciário, da Polícia Federal e do Ministério Público, que estão agindo segundo as suas competências constitucionais", avaliou.
O vice-presidente não quis comentar o fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser alvo da 22ª fase da força-tarefa. A suspeita do Ministério Público de São Paulo é de que o petista ocultou patrimônio em razão de um apartamento triplex no Guarujá, litoral paulista, que teria sido cedido à família dele pela construtora OAS. "(As denúncias) devem ser apuradas", limitou-se a dizer. Ele se esquivou, ainda, da pergunta acerca de sua relação com Dilma - "está boa", falou, já na saída do encontro. Ambos vivem uma "guerra fria" desde o começo de dezembro, quando Temer enviou à chefe do Executivo uma carta apontando "fatores reveladores da desconfiança" do governo para com o PMDB.
Conforme o peemedebista, o que o Brasil precisa, neste momento, é "pacificar" as suas relações na sociedade. "Não é possível que nós caminhemos para uma divisão entre a, b, c e d. O País tem uma crise. Ninguém ignora esse fato. E, para debelar essa crise, nós precisamos da união de todos. Hoje (ontem) ainda a senhora presidente vai fazer uma reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e vai exatamente, penso eu, pleitear isso – a colaboração da iniciativa privada e dos trabalhadores. Se não houver a unificação, confesso que não será fácil", completou.

AGENDA
O vice-presidente chegou ao diretório, no bairro Batel, por volta das 10 horas, acompanhado do senador Roberto Requião (PMDB-PR), de militantes e de deputados federais e estaduais. De lá, partiu para uma reunião com representantes do setor produtivo no Hotel Pestana, ainda pela manhã, e, na sequência, voou para Florianópolis (SC), onde também conversaria com empresários. Hoje, estão na agenda João Pessoa (PB), Natal (RN) e Recife (PE). O atual secretário-executivo do PMDB, Eliseu Padilha, que é ex-ministro da Aviação Civil, e o presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco, fazem parte da comitiva.
Segundo Franco, a prioridade em 2016 é aumentar o número de prefeitos nas capitais e cidades com mais de 200 mil eleitores. "É com essa sustentação que nós teremos condições de viabilizar uma candidatura em 2018 à Presidência. O PMDB é o maior partido do Brasil e, por isso, precisa apresentar uma solução para vencer a crise econômica, que está derrubando empregos e diminuindo a capacidade do trabalhador manter as conquistas obtidas nos últimos dez anos."
Em constante embate com a ala da sigla mais próxima ao governador Beto Richa (PSDB), Requião assegurou que o PMDB só se coligará com outras legendas em 2016 caso haja autorização da executiva. Ele também teceu elogios a Temer. "É equilibrado, democrático e está abrindo espaço para a discussão programática. O Paraná está fechado com o Michel."