SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A bancada do PSOL na Câmara dos Deputados enviou requerimento ao ministro da Justiça, André Mendonça, em que pede mais informações sobre ofício elaborado pela Polícia Federal em defesa da indicação de Alexandre Ramagem para o cargo de diretor-geral da PF.

Amigo dos filhos de Jair Bolsonaro, Ramagem foi o escolhido pelo presidente para o posto, mas a indicação foi barrada pelo ministro STF Alexandre de Moraes.

Após consulta da Advocacia Geral da União, a PF enviou um ofício atípico, com elogios a Ramagem. Como revelou a Folha de S.Paulo, o documento, do dia 30 de abril, foi elaborado por delegados próximos a Ramagem, que trabalham no setor de Recursos Humanos da instituição.

A resposta, chamada de institucional, foi muito além do que foi perguntado, contestou a decisão do Supremo, e reconheceu a relação entre o policial e a família Bolsonaro, tratando como normal.

Delegados em cargos de chefia da PF interpretaram que o movimento foi feito de forma combinada, com a participação de Ramagem nos bastidores, desde o pedido da Advocacia Geral da União, até o documento de dentro do órgão. A PF tinha se recusado durante o período de crise a se manifestar.

Em seu requerimento, o PSOL lembra que "pelos princípios que regem a administração pública, inscritos na Constituição de 1988, cabe ao agente público fazer a análise imparcial dos documentos públicos", e pergunta como foi feita a escolha dos agentes que elaboraram o ofício.

Pergunta também se é comum nesses ofício a crítica a decisões do STF e se houve pressão de Bolsonaro, seus filhos ou do próprio Ramagem na elaboração do material.