Imagem ilustrativa da imagem PSL busca suspensão, mas  grupo de Bolsonaro volta à liderança
| Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

O PSL abriu processo de suspensão de 19 deputados alinhados ao presidente Jair Bolsonaro. A decisão foi tomada nesta nesta terça-feira (22), mais um episódio na batalha de forças internas da legenda. Apesar do esforço dos alinhados a direção do partido, comandada pelo deputado Luciano Bivar (PE), pouco depois, porém, o grupo aliado ao Planalto conseguiu uma liminar para travar o andamento do caso. A ordem do juiz Alex Costa de Oliveira do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios foi dada horas depois do partido formar o Conselho de Ética, órgão responsável pelos processos. A decisão de Oliveira suspendeu processos disciplinares contra os parlamentares “por afronta ao direito de defesa e ao devido processo legal”. O juiz destacou ainda que parte das notificações entregue pelo partido aos deputados não estava completa.

O diretório nacional do partido se reuniu na manhã desta terça em Brasília para definir o colegiado. Entre os notificados está o deputado Eduardo Bolsonaro (SP), filho do presidente da República, que está em embate com Bivar. Segundo o senador Major Olimpio (SP), que participou do encontro, os nomes dos integrantes do Conselho de Ética foram enviados nesta terça ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral. Apesar de lista não ter sido divulgada, o senador afirma que nenhum dos membros é deputado do partido. Com a notificação, os congressistas notificados teriam cinco dias para apresentar esclarecimentos. A liminar, contudo, paralisou o processo.

Nesta terça, a Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara confirmou Eduardo na liderança do partido na Casa. Foram conferidas as assinaturas de duas listas, uma protocolada pelo grupo ligado a Bivar e outra pelos aliados do filho do presidente. A primeira lista tinha um total de 29 assinaturas, mas duas foram retiradas e uma estava repetida. Somente 26 foram consideradas válidas – o mínimo necessário eram 27. Já a lista de Eduardo tinha 31 assinaturas ao todo, mas duas estavam repetidas e uma não conferiu. As 28 validadas foram suficientes para manter o parlamentar na liderança do partido na Câmara.

O deputado londrinense Filipe Barros voltou ao posto de 1º vice-líder do PSL e afirma um discurso conciliador em meio à crise. “Nossa missão é pacificar o partido para restaurar os trabalhos no caminho de atender aos interesses da população”, disse Barros a FOLHA. Alinhado com Bolsonaro, ele critica a postura de parte do partido em relação ao mandatário. “É preciso entender que o PSL é o partido do presidente. A grande maioria se elegeu graças ao apoio dele. Agora precisamos voltar a discutir a reforma tributária e administrativa”, explicou apontando a discussão para a agenda política.

SAÍDA

A confirmação da liderança de Eduardo Bolsonaro – que já havia sido apontado como o escolhido do presidente para o posto de embaixador em Washington, nos EUA – ocorre um dia após do deputado Delegado Waldir (GO) abrir mão do posto sob o argumento de que o governo havia firmado um acordo para pôr fim ao impasse que separa bivaristas de bolsonaristas. O deputado Júnior Bozzella (SP) afirmou que o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, havia concordado em buscar uma terceira via para a liderança do PSL, que não passaria nem por Waldir e nem por Eduardo. Já o ministro nega que tenha firmado acordo e diz que tratou sobre o tema de forma preliminar.

Na opinião de Filipe Barros, a saída para o impasse entre bolsonaristas e bivaristas é a coexistência. Para ele é possível que o partido tenha diferentes linhas de pensamento. “Em vários partidos há visões diversas que convergem para uma ideia central. Precisamos encontrar esse caminho. Mas de fato, o PSL não é mais um partido nanico e precisa ter uma postura diferente”, concluiu (Com Folhapress).