O STF (Supremo Tribunal Federal) validou nesta semana a lei que criou as federações partidárias e definiu o prazo de 31 de maio para que as siglas possam se unir neste ano. Há diversas discussões de possibilidade de formação de federações pelos partidos. Entre elas a principal que poderá mexer na configuração da Assembleia Legislativa é a do PT com o PC do B e PSB. Isso porque apesar de no âmbito nacional o PSB (Partido Socialista Brasileiro) estar mais ligado às pautas da esquerda, no Paraná o partido faz parte da base de sustentação do governo Ratinho Junior (PSD), e em outubro a tendência da legenda, caso possível, é compor a aliança para a reeleição do governador.

Nas federações partidárias, as legendas que se associam são obrigadas a atuar de forma unitária ao menos nos quatro anos seguintes às eleições, nos níveis federal, estadual e municipal, sob pena de sofrerem punições. É um modelo diferente das coligações, que previam uma união apenas para disputar as eleições.

O presidente estadual do PSB, Severino Araújo, afirma em entrevista à FOLHA que o partido é radicalmente contra o sistema de federação e diz que a agremiação não será "uma sublegenda" do PT no Paraná. "Será uma descaracterização muito grande do partido, não temos um histórico de boa convivência com o Partido dos Trabalhadores no Estado".

Araújo diz que tem acompanhado os entraves para a formação de uma federação entre os dois partidos e reforça que as diferenças não existem somente no Paraná, mas em outros estados como São Paulo e Pernambuco. "Sou contra por causa da verticalização. Aqui temos nosso candidato para a reeleição, é o Ratinho Junior. Em São Paulo o PSB tem o candidato, o ex-governador Marcio França, e se vier a federação terá que apoiar o Fernando Haddad (PT). "

FUTURO

O deputado Tiago Amaral
O deputado Tiago Amaral | Foto: Dálie Felberg/Alep

Segundo o líder partidário, dentro do PSB apenas os deputados federais Aliel Machado e Luciano Ducci estão inclinados a apoiar a fusão com o PT. Entretanto, os cinco deputados estaduais do PSB no Paraná são contrários à federação. É o caso do deputado Tiago Amaral, que diz não enxergar futuro no modelo de federação no Brasil. "É até um enjambre ou queremos acabar as coligações nas proporcionais para diminuir o número de partidos ou não. O sistema de federação é um arranjo para tentar dar sobrevida aos menores partidos. Os partidos no país têm uma linha de condução, e nos estados e municípios, outras configurações. A gente vê até coligação nos municípios PT e PSL que no plano nacional é água e vinho."

Amaral acrescenta que a fusão de PSB e PT vai contra o que pregava o ex-líder nacional da sigla e ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos (morto em agosto de 2014). "Ele pregava a independência nesta condução. O sistema dele de gestão de cidade, de gestão de partido, era muito diferente de tudo aquilo que é pregado pelo PT. Essa reaproximação com o PT, na minha avaliação, vai justamente contra o que Campos introduziu e que iria fazer dele o presidente da República".

De outra forma, Tiago Amaral afirma que caso a federação PT-PSB se confirme nas próximas semanas, a tendência é da migração dele para o PSD, partido do governador, a partir da janela partidária em abril.

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OUTRAS IMPLICAÇÕES

Para o deputado estadual Jonas Guimarães (PSB), a decisão vem de cima para baixo e implica não apenas nas eleições de 2022, mas também nas eleições municipais de 2024. "Complica muito a situação dos candidatos e sou contra". Segundo ele, os cinco deputados da legenda na Assembleia devem começar a se movimentar, caso a federação seja homologada no STF, mas Guimarães não quer adiantar para qual sigla pretende caminhar.

SOMBRA

O deputado Luiz Claudio Romanelli
O deputado Luiz Claudio Romanelli | Foto: Dálie Felberg/Alep

O deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSB) também se reuniu na última semana com companheiros pessebistas para análise do cenário político. Romanelli reafirma ser contrário a criação de uma federação. “Embora respeite as coligações e entendimentos nacionais, entendo que um partido com a história do PSB não pode ficar à sombra de uma federação”, afirma o deputado. Dentre os cinco deputados estaduais, Romanelli é o único que já foi alinhado com pautas mais ligadas à esquerda e foi líder do governo Roberto Requião (sem partido) nos dois mandatos do ex-governador. Atualmente, é o primeiro secretário da Assembleia Legislativa do Paraná e faz parte da base de sustentação da atual gestão.

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