Curitiba - Quase dez anos após ser atingido pela Operação Lava Jato, o ex-deputado federal e ex-vice-presidente da Câmara dos Deputados André Vargas produz pitaias em um sítio em Ibiporã, no Norte do Paraná, enquanto realiza um trabalho de base para o PT.

Vargas voltou ao PT no início de 2023. Ele havia sido forçado a se desfiliar dez anos atrás, às vésperas da campanha pela reeleição de Dilma Rousseff (PT). A pressão surgiu depois de vir à tona sua relação com o doleiro Alberto Youssef, pivô da operação, que em 2014 dava os primeiros passos.

"Foi meu único partido e agora tenho ajudado o PT a se organizar em minha região", resume ele, que no passado chegou a presidir a legenda no Paraná. Apesar do retorno à sigla, diz que não tem pretensões eleitorais por enquanto: "Não disputo em 2024, estou reorganizando a minha vida, enfrentando as questões jurídicas e pessoais".

"A Lava Jato nos submeteu a um processo de tortura visando arrancar mentiras sobre o Lula e o PT", afirma André Vargas
"A Lava Jato nos submeteu a um processo de tortura visando arrancar mentiras sobre o Lula e o PT", afirma André Vargas | Foto: Agência Brasil/Arquivo

Depois da desfiliação, Vargas perdeu o mandato na Câmara dos Deputados e acabou preso. Tornou-se o primeiro político condenado pela Lava Jato, em sentença assinada pelo então juiz Sergio Moro, hoje senador pelo Paraná.

Vargas ficou na prisão entre 2015 e 2018 e foi alvo de duas denúncias criminais, mas as sentenças depois foram anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que declarou a 13ª Vara de Curitiba incompetente para o julgamento dos casos. Os processos migraram para a Justiça Federal do Distrito Federal.

Vargas alega inocência. "Fui vítima de uma perseguição política perpetrada por bandoleiros que usaram e abusaram de suas funções públicas para fins pessoais", diz ele. "A Lava Jato nos submeteu a um processo de tortura visando arrancar mentiras sobre o Lula e o PT", afirma o ex-parlamentar.

Vargas diz que quando saiu da prisão, em liberdade condicional, pediu para cuidar da sua propriedade rural, onde agora produz 2.100 pés de pitaias, depois vendidas aos supermercados da região.

"Eu nunca tinha plantado um pé de cebolinha. Mas, na condicional, você tem que arrumar emprego formal. Eu estou na política desde os 20 anos de idade. Onde eu arrumaria emprego? O sítio foi a única alternativa que me sobrou", diz ele.